A PARÓDIA
Os Bondes
(Paródia ao poema “As Pombas”, de Raimundo
Correia)
Vai-se o primeiro
bonde em disparada...
Vai-se outro
mais... mais outro... enfim dezenas
De bondes vão-se
da estação, apenas
Raia, sanguínea
fresca, a madrugada
Já tarde, quando a
gente, fatigada,
Paira do sonho nas
regiões serenas,
Eles, de um dia
inteiro após as penas,
Regressam à
cocheira sossegada.
Também dos nossos
bolsos, onde soam,
Os níqueis, um por
um, céleres voam,
Como voam os bondes
da estação.
No correr da
cobrança as asas soltam,
Porém, se ao seu
abrigo os bondes voltam,
Ao bolso não nos
volta um só tostão!
AUTOR ANÔNIMO
Revista “Careta”,
1943.
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O ORIGINAL
As Pombas
Vai-se a primeira
pomba despertada...
Vai-se outra
mais... mais outra... enfim dezenas
Das pombas vão-se
dos pombais, apenas
Raia sanguínea e
fresca a madrugada.
E à tarde, quando
a rígida nortada
Sopra, aos
pombais, de novo elas, serenas,
Ruflando as asas,
sacudindo as penas,
Voltam todas em
bando e em revoada...
Também dos
corações onde abotoam
Os sonhos, um a
um, céleres voam,
Como voam as
pombas dos pombais;
No azul da
adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos
pombais as pombas voltam,
E eles aos corações
não voltam mais.
RAIMUNDO CORREIA
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