Burrice
Caminhavam
dois burros, um com uma carga de açúcar, outro com uma carga de esponjas.
Dizia o
primeiro:
- Caminhemos
com cuidado, porque a estrada é perigosa.
O outro arguiu:
- Onde está
o perigo? Basta andarmos pelo rastro dos que hoje passaram por aqui.
- Nem sempre
é assim. Onde passa um, pode não passar outro.
- Que
burrice! Eu sei viver, gabo-me disso, e minha ciência toda se resume em só
imitar o que os outros fazem.
- Nem sempre
é assim, nem sempre é assim... continuou a filosofar o primeiro.
Nisto
alcançaram o rio, cuja ponte caíra na véspera.
- E agora?
- Agora é
passar a vau.
O burro de
açúcar meteu-se na correnteza e, como a carga ia se dissolvendo ao contato da
água, conseguiu sem dificuldade pôr pé na margem oposta.
O burro da
esponja, fiel às suas ideias, pensou consigo:
- Se ele
passou, passarei também - e lançou-se ao rio.
Mas sua
carga, em vez de esvair-se como a do primeiro, cresceu de peso a tal ponto que
o pobre tolo foi ao fundo.
- Bem dizia
eu! Não basta querer imitar, é
preciso poder imitar - comentou o
outro.
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Fonte:
Fonte:
Do livro "Fábulas e Histórias diversas"
Pesquisa e adequação
ortográfica: Iba Mendes (2018)
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