Certa raposa
caiu numa armadilha. Debateu-se, gemeu, chorou e finalmente conseguiu fugir,
embora deixando na ratoeira sua linda cauda. Pobre raposa! Andava agora triste,
sorumbática, sem coragem de aparecer diante das outras, com receio da vaia.
Mas de tanto
pensar no seu caso teve a ideia de convocar o povo raposeiro para uma grande
reunião.
— Assunto
gravíssimo! — explicou ela. Assunto que interessa a todos os animais.
Reuniram-se
as raposas e a derrabada, tomando a palavra, disse:
— Amigas,
respondam-me por obséquio: que serventia tem para nós a cauda? Bonita não é,
útil não é, honrosa não é... Por que, então continuarmos a trazer este grotesco
apêndice às costas? Fora com ele! Derrabemo-nos todas e fiquemos graciosas como
as preás.
As ouvintes
estranharam aquelas ideias e, matreiras como são, suspeitaram qualquer coisa.
Ergueram-se do seu lugar e, dirigindo-se à oradora, pediram:
— Muito bem.
Mas cortaremos primeiro a sua. Vire-se para cá, faça o favor...
A pobre
raposa, desapontada, teve de obedecer à intimação. Voltou de costas.
Foi uma
gargalhada geral.
— Está
explicado o empenho dela em nos fazer mais
bonitas. Fora! Fora com a derrabada!
E
correram-na dali.
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Fonte:
Fonte:
Do livro "Fábulas e Histórias diversas"
Pesquisa e adequação
ortográfica: Iba Mendes (2018)
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