Um velhinho,
muito velho, vivia de tirar lenha na mata. Os feixes, porém, cada vez lhe
pareciam mais pesados. Tropicava com eles, quase caía, e um dia, caiu de
verdade, perdeu a paciência e lamentou-se amargamente:
— Antes
morrer! De que me vale a vida, se nem com este miserável feixe posso? Vem, ó
Morte, vem aliviar-me do peso desta vida inútil.
Tentou
erguer a lenha. Não pôde e, desanimando, invocou pela segunda vez a Magra.
— Por que
demoras tanto, Morte? Vem, já pedi, vem aliviar-me do fardo da vida. Andas pelo
mundo a colher criancinhas e esqueces de mim que te chamo... A Morte foi e
apareceu — horrenda, escaveirada, com os ossos a chocalharem e a foice na mão.
Ao vê-la de
perto o homem estremeceu de pavor, e mais ainda quando a Magra lhe disse,
batendo os ossos do queixo:
—
Cha-mas-te-me; a-qui- es-tou!
O velho
tremia, suava... E para sair-se dos apuros só teve esta:
— Chamei-te,
sim, mas para me ajudares a botar esta lenha às Costas...
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Fonte:
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Do livro "Fábulas e Histórias diversas"
Pesquisa e adequação
ortográfica: Iba Mendes (2018)
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