Um gato de
nome Faro-Fino deu de fazer tal destroço na rataria duma casa velha que os
sobreviventes, sem ânimo de sair das tocas, estavam a ponto de morrer de fome.
Tomando-se
muito sério o caso, resolveram reunir-se em assembleia para o estudo da
questão. Aguardaram para isso certa noite em que Faro-Fino andava aos miados
pelo telhado, fazendo sonetos à lua.
— Acho —
disse um deles — que o meio de nos defendermos de Faro-Fino é lhe atarmos um
guizo ao pescoço. Assim que ele se aproxime, o guizo o denuncia, e pomo-nos ao
fresco a tempo.
Palmas e
bravos saudaram a luminosa ideia. O projeto foi aprovado com delírio. Só votou
contra um rato casmurro, que pediu a palavra e disse:
— Está tudo
muito direito. Mas quem vai amarrar o guizo no pescoço de Faro
— Fino?
Silêncio
geral. Um desculpou-se por não saber dar nó. Outro, porque não era tolo. Todos,
porque não tinham coragem. E a assembleia dissolveu-se no meio de geral consternação.
Dizer é fácil; fazer é que são elas!
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Fonte:
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Do livro "Fábulas e Histórias diversas"
Pesquisa e adequação
ortográfica: Iba Mendes (2018)
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