Sorte
grande
Foi numa
quieta cidadezinha entravada, dessas que se alheiam do mundo com a discrição
humilde dos musgos. Havia lá a gente do Moura, o arrecadador de taxas
municipais no mercado. A morte arrecadou o Moura muito fora de tempo e
propósito. Consequência: viúva e sete filhos na dependura.
Dona
Leodora, quarentona que nunca soubera a significação da palavra descanso,
viu-se de trabalhos dobrados. Encher sete estômagos, vestir sete nudezas,
educar outras tantas individualidades... Se houvesse justiça no mundo, quantas
estátuas a certos tipos de mães!
A vida em
tais lugarejos lembra a dos líquens na pedra.
Tudo se
encolhe no “limite” — no mínimo que a civilização comporia. Não há
“oportunidades”. Os meninos mal empenam emigram. As meninas, como não podem
emigrar, viram moças; as moças passam a “tias”; e as tias evoluem para
velhinhas enrugadas como o maracujá murcho — sem que nunca venha ensejo para a
realização dos dois grandes sonhos: casamento ou ocupação decentemente
remunerada.
Os
empreguinhos públicos, de paga microscópica, são tremendamente disputados. Quem
se aferra a um, dali só é arrancado pela morte — e passa a vida invejado. Uma
só saída para as mulheres, atora o casamento: a meia dúzia de cadeiras das
escolinhas locais.
O
mulherio de Santa Rita lembra os rizomas de gladíolos de certas casas de
"cera e sementes” pouco frequentadas.
O dono do
negócio os expõe numa cesta à porta, à espera do freguês eventual. Não aparece
freguês nenhum — e o homem os vai retirando da cesta à proporção que murcham.
Mas o estoque não diminuí porque entram sempre rizomas novos. O dono da casa de
“cera e sementes” de Santa Rita é a Morte.
A boa mãe
revoltava-se. Tinha culpa de terem vindo ao mundo as cinco meninas e os dois meninos,
e de nenhum modo admitia que elas virassem maracujás secos e eles se
estiolassem na lambança viciosa dos zés-ninguém.
O
problema não era totalmente insolúvel com os meninos, porque podia mandá-los
para fora no momento oportuno — mas as meninas? Como arranjar a vida de cinco
moças numa terra em que havia seis para cada homem casadouro — e só cinco
cadeirinhas?
A mais
velha, Maricota, herdara o temperamento, a valentia materna. Estudou o que pôde
e como pôde. Fez-se professora — mas já estava nos 24 e nem sombra de
colocação. As vagas iam sempre para as de maior peso político, ainda que
analfabetas. Maricota, um peso-pluma, que poderia esperar?
Mesmo
assim Dona Teodora não desanimava.
—
Estudem. Preparem-se. De repente qualquer coisa acontece e vocês se arrumam.
Os anos,
entretanto, passavam sem que a esperadíssima “qualquer coisa” viesse — e os
apertos recresciam. Por muito que trabalhassem em cocadas, bordados de enxoval
e costurinhas, a renda não se distanciava do zero.
Dizem que
as desgraças gostam de vir juntas. Quando a situação dos Mouras atingiu o ponto
perigoso da “dependura”, nova calamidade sobreveio. Maricota recebeu do céu um
estranho castigo: a singularíssima doença que lhe atacou o nariz.
No começo
não deram importância ao caso; só no começo, porque a doença entrou a
progredir, com desorientação de todos os entendidos em medicina das redondezas.
Nunca, verdadeiramente nunca, ninguém soubera por lá de coisa assim.
O nariz
da moça crescia, engordava, engrouvinhava, lembrando o de certos bêbados
incorrigíveis. A deformação nessa parte do rosto é sempre desastrosa. Dá à
fisionomia um ar cômico. Todos se apiedavam da Maricota — mas riam-se sem
querer.
A maldade
dos lugarejos tem a insistência de certas moscas. Aquele nariz foi virando o
prato predileto do Comentário. Nos momentos de escassez de assunto era
infalível porem-no à mesa.
— Se
aquilo pega, ninguém mais planta rabanetes em Santa Rita. E só levar a mão ao
rosto e colher um...
— E dizem
que está crescendo...
— Se
está! A moça já não põe o pé na rua — nem para a missa. Aquela negrinha, cria
de Dona Teodora, me disse que já não é nariz — é beterraba...
— Sério?
— Cresce
tanto que se a coisa contínua vamos ter um nariz com uma moça atrás e não uma
moça com um nariz na frente. O maior, o principal, ficará sendo o rabanete...
Nos
galinheiros também é assim. Quando aparece urna ave doente, ou ferida, as sãs correm-na
a bicadas — e bicam-na até destruí-la. Em matéria de maldade o homem é
galináceo. A tal ponto chegou a de Santa Rita que quando aparecia alguém de
fora não vacilavam em enfileirar entre as curiosidades locais a doença da moça.
— Temos
várias coisas dignas de ver-se. Há a igreja, cujo sino tem um som sem igual no
mundo. Bronze do céu. Há o pé de cacto da casa do major Lima, com quatros
metros de roda na altura do peito. E há o rabanete da Maricota...
O
visitante espantava-se, está claro.
—
Rabanete?
O
informante desfiava a crônica do famoso nariz com invençõezinhas cômicas de sua
lavra. “Não poderei ver isso?” “Creio que não, porque ela já não tem ânimo de
pôr o pé na rua — nem para a missa.”
Chegou o
momento de recorrer aos médicos especialistas. Como por lá não houvesse nenhum,
Dona 'Leodora lembrou-se de um doutor Clarimundo, especialista de todas as
especialidades na cidade próxima. Tinha de mandar-lhe a filha, O nariz de
Maricota estava ficando clamoroso demais. Mas... mandar como? A distância era
grande. Viagem por água — pelo rio São Francisco, em cuja margem direita se
assentava Santa Rita. O percurso custaria dinheiro; e custariam dinheiro a
consulta, o tratamento, a estada lá — e onde o dinheiro? Como reunir os
duzentos mil-réis necessários?
Não há
barreiras para o heroísmo das mães. Teodora redobrou de faina, operou milagres
de gênio e por fim reuniu o dinheiro da salvação.
Chegou o
dia. Muito vexada de mostrar-se em público depois de tantos meses de
segregação, Maricota embarcou para a viagem de dois dias. Embarcou num gaiola —
o Comandante Exupério — e logo que se viu a bordo tratou de descobrir um
cantinho em que ficasse a salvo da curiosidade dos passageiros. Inutilmente.
Deu logo nos olhos de vários, sobretudo nos dum moço de bom aspecto, que entrou
a mirá-la com singular insistência. Maricota esgueirou-se de sua presença e, de
bruços na amurada, fingiu-se absorta na contemplação da paisagem. Fraude pura,
coitadinha. A única paisagem que via era a sua — a nasal. O passageiro,
entretanto, não a largava.
— Quem é
essa moça? — quis saber, e um de boca perdigotante, também embarcado em Santa
Rita, regalou-se em contar pormenorizadamente tudo quanto sabia a respeito.
O moço
refranziu a testa. Reconcentrou-se a meditar. Por fim seus olhos brilharam.
— Será
possível? — murmurou em solilóquio, e resolutamente encaminhou-se na direção da
triste criatura absorvida na contemplação da paisagem.
— Perdão,
minha senhora, eu sou médico e...
Maricota
voltou para ele os olhos, muito vexada, sem saber o que dizer. Como um eco,
repetiu:
—
Médico?...
— Sim,
médico, e o seu caso está me interessando profundamente. Se é o que suponho,
talvez que... Mas, venha cá, conte-me tudo, conte-me como isso começou. Não se
vexe. Sou médico — e para os médicos não há segredos. Vamos...
Maricota,
depois de alguma resistência, contou tudo, e à medida que falava o interesse do
moço recrescia.
— Com
licença — disse ele, e pôs-se a examinar-lhe o nariz, sempre com perguntas cujo
alcance a moça não percebia.
— Como é
seu nome? — atreveu-se a indagar Maricota.
— Doutor
Cadaval.
A
expressão do médico lembrava a do garimpeiro que encontra um diamante de valor
fabuloso — um Cullinan! Nervosamente ele insistia:
— Conte,
conte...
Queria
saber tudo; como aquilo começara, como se desenvolvera, que perturbação ela
sentira e outras coisinhas técnicas. E as respostas da moça tinham o condão de
aumentar-lhe o entusiasmo. Por fim:
—
Maravilhoso! — exclamou, — Um caso único de boa sorte...
Tais
exclamações desnortearam a doente. “Maravilhoso?” Que maravilhamento poderia
causar a sua desgraça? Chegou a ressentir-se. O médico tentou sossegá-la.
—
Perdoe-me, Dona Maricota, mas o seu caso é positivamente extraordinário. De
momento não posso firmar parecer — estou sem livros; mas macacos me lambam se o
que a senhora tem não é um rinofima — um RINOFIMA, imagine!
Rinofima!
Aquela palavra estranha, dita naquele tom de entusiasmo, em coisa nenhuma
melhorou a situação de atrapalhamento de Maricota. O fato de sabermos o nome de
uma doença não nos consola nem cura.
— E que
tem isso? — perguntou ela.
— Tem,
minha senhora, que é uma doença raríssima. Pelo que sei a respeito, não se
conhece ainda um só caso em toda América do Sul... Compreende agora o meu
entusiasmo de profissional? Médico que descobre casos únicos é médico de nome
feito...
Maricota
começava a compreender.
Longamente
Cadaval debateu a situação, informando-se de tudo — da família, do objeto da
viagem. Ao saber de sua ida à cidade próxima em busca do doutor Clarimundo,
revoltou-se.
— Qual
Clarimundo, minha senhora! Esses médicos da roça não passam de perfeitas
cavalgaduras. Formam-se e afundam nos lugarejos, nunca leem nada!
Atrasadíssimos. Se a senhora vai consultá-lo, perderá o seu tempo e o seu
dinheiro. Ora o Clarimundo!
— Conhece-o?
— Claro
que não, mas adivinho. Conheço a classe. O seu caso, minha senhora, é a
maravilha das maravilhas, desses que só podem ser tratados pelos grandes
médicos dos grandes centros — e estudado pelas academias. A senhora vai mas é
para o Rio de Janeiro. Tive a sorte de encontrá-la e não a largo mais. Ora
estar! Um rinofima destes nas mãos do Clarimundo! Tinha graça...
A moça
alegou que a sua pobreza não lhe permitia tratar-se na capital. Eram
paupérrimos.
—
Sossegue. Eu farei todas as despesas. Um caso como o seu vale ouro. Rinofima! O
primeiro observado na América do Sul! Isso é ouro em barra, minha senhora...
E tanto
falou, e tanto gabou a beleza do rinofima, que Maricota deu de sentir uns
começos de orgulho. Depois de duas horas de debates e combinações, já estava
outra — sem vexame nenhum dos passageiros a exibir pelo tombadilho o seu
rabanete como quem exibe algo fascinante.
O doutor
Cadaval era um moço extremamente expansivo, dos que não param de falar. O
empolgamento em que ficou fê-lo debater o assunto com todos de bordo.
—
Comandante — disse ao capitão horas depois —, aquilo é uma preciosidade sem
par. Único na América do Sul, imagine! O sucesso que vou fazer no Rio — na
Europa! E dessas coisas que arrumam a carreira de um médico. Um rinofima! Um
ri-no-fi-ma, capitão!...
Não houve
passageiro que se não inteirasse da história do rinofima da moça — e o
sentimento de inveja tomou-se geral. Evidentemente Maricota fora marcada pelo
Destino. Possuía algo único, uma coisa de fazer a carreira de um médico e de
figurar em todos os tratados de medicina. Muitos houve que instintivamente
correram os dedos pelo nariz na esperança de apalpar um comecinho da
maravilha...
Maricota,
ao recolher-se à cabina, escreveu à mãe:
“Tudo
está mudando da maneira mais esquisita, mamãe! Encontrei a bordo um médico
distintíssimo, que ao dar com o meu nariz abriu a boca no maior entusiasmo. Eu
só queria que a senhora visse. Acha que é uma grande — uma grandíssima coisa, a
coisa mais rara do mundo, única na América do Sul, imagine! Disse que vale um
tesouro, que para ele foi o mesmo que ter encontrado um tal diamante Cullinan.
Quer que eu vá para o Rio de Janeiro. Paga tudo. Como aleguei que somos muito
pobres, prometeu que depois da operação me arranja um lugar de professora. Imagine,
eu professora no Rio de Janeiro! Que ponta, hein? Estou que não caibo em mim.
Professora no Rio!... Até a vergonha lá se foi. Passeio com o nariz bem à
mostra, alto. E, coisa incrível, mamãe, todos me olham com inveja! Inveja, sim
— eu leio nos olhos de todos. Decore esta palavra: RINOFIMA. E o nome da
doença. Ah, eu só queria ver a cara desses bobos de Santa Rita que tanto
caçoavam de mim — quando souberem...”.
Maricota
mal conseguiu dormir essa noite. Grande mudança de ideias se operava em sua cabeça.
Qualquer coisa a advertia de que era chegado o momento de uma grande tacada.
Tinha de tirar vantagens da situação — e como ainda não dera resposta
definitiva ao doutor Cadaval, deliberou executar um plano.
No dia
seguinte o médico abordou-a de novo.
— Então,
Dona Maricota, está resolvida, afinal?
A moça
estava resolvidíssima; mas, boa mulher que era, fingiu.
— Não sei
ainda. Escrevi à mamãe... Há a minha situação pessoal e a da minha gente. Para
que eu vá ao Rio preciso ficar sossegada quanto a estes dois pontos. Tenho dois
irmãos e quatro irmãs — e como é? Ficar lá no Rio sem eles, impossível. E como
deixá-los sozinhos em Santa Rita, se sou o esteio da casa?
O doutor
Cadaval refletiu uns momentos. Depois disse:
— Os
rapazes eu posso colocar facilmente. Já suas irmãs, não sei. Que idade têm
elas?
— Alzira,
a logo abaixo de mim, está com 25 anos. Muito boa criatura. Borda que é um
primor. Bonitinha.
— Se tem
essas prendas, poderemos colocá-la numa boa casa de modas. E as outras?
— Há a
Anita, com 22, mas essa só sabe ler e escrever versos. Sempre teve um jeito
extraordinário para a poesia.
O doutor
Cadaval coçou a cabeça. Colocar uma poetisa não é nada fácil — mas veria. Há os
empregos do governo, nos quais cabem até os poetas.
— Há a
Olga, com 20 anos, que só pensa em casar. Essa não quer outro emprego. Nasceu
para o casamento — e lá em Santa Rita está secando porque não há homens — todos
emigram.
—
Arranjaremos um bom casamento para a Olga — prometeu o médico.
— E há a
Odete, com 19 anos, que ainda não revelou disposição para coisa nenhuma. Boa
criatura, mas muito criançola, bobinha.
— Vai ser
outro casamento — sugeriu o médico. — Arranja-se. Arranjaremos a vida de todos.
O doutor
Cadaval ia prometendo com aquela facilidade porque no íntimo não tinha intenção
de colocar tanta gente. Poderia, sim, arrumar a vida de Maricota — depois de
operá-la. Mas o resto da família que se fomentasse.
Assim não
sucedeu, entretanto. As aperturas da vida tinham dado a Maricota um senso das
realidades verdadeiramente totalitário. Percebendo que aquela oportunidade era
a maior da sua vida, resolveu não deixá-la escapar. De modo que ao chegar ao
Rio, antes de entregar-se ao tratamento e exibir na Academia de Medicina o seu
caso único, impôs condições. Alegou que sem a irmã Alzira não tinha jeito de
ficar sozinha na capital — e o remédio foi a vinda de Alzira. Mal pilhou lá a
irmã, insistiu em colocá-la — porque não tinha o menor propósito ficarem as
duas nas costas do médico. “Assim, a Alzira acanha-se e volta.”
Ansioso
por dar início à exploração do rinofima, o médico pulou para arranjar a
colocação da Alzira. E depois disso deu novos polos para mandar vir e colocar a
Anita. E depois da Anita chegou a vez da Olga. E depois da Olga chegou a vez da
Odete. E depois da Odete chegou a vez de Dona Teodora e dos dois rapazes.
O caso da
Olga foi difícil. Casamento! Mas Cadaval teve uma ideia filha do desespero:
intimou um seu ajudante no consultório, português quarentão de nome Nicéforo, a
casar-se com a menina. Ultimatum da Moral.
— Ou
casa-se ou vai para o olho da rua. Não quero mais saber de auxiliares
solteirões.
Nicéforo,
tipo bastante pai-da-vida, coçou a cabeça mas casou-se — e foi o mais feliz dos
Nicéforos.
A família
já estava toda arrumada, quando Maricota se lembrou de dois primos. O médico,
porém, resistiu.
— Não.
Isso também é demais. Se continua assim, a senhora acaba forçando-me a arranjar
um bispado para o padre de Santa Rita. Não e não.
A vitória
do doutor Cadaval foi verdadeiramente estrondosa. Encheram-se as revistas
médicas e os jornais com a notícia da solene apresentação à Academia de
Medicina do belíssimo caso — único na América do Sul — dum maravilhoso
rinofima, o mais belo dos rinofimas. As publicações estrangeiras acompanharam
as nacionais. O mundo científico de todos os continentes ficou sabendo de
Maricota, do seu “rabanete” e do eminente Doutor Cadaval Lopeira — luminar da
ciência médica sul-americana.
Dona
Teodora, felicíssima, não cessava de comentar o estranho curso dos
acontecimentos.
— Bem se
diz que Deus escreve direito por linhas tortas. Quando havia eu de imaginar, ao
nos surgir aquela horrível coisa no nariz de minha filha, que era para o bem
geral de todos!
Restava a
parte última — a operação. Maricota, entretanto, ainda nas vésperas do dia
marcado vacilava.
— Que
acha, mamãe? Deixo ou não deixo que o doutor me opere?
Dona
Teodora abriu a boca.
— Que
ideia, menina! Claro que deixa. Pois há de ficar toda vida assim com esse
escândalo na cara?
Maricota
não se decidia.
— Podemos
demorar um pouco mais, mamãe. Tudo quanto nos veio de bom saiu do rinofima.
Quem sabe se nos rende mais alguma coisa? Há ainda o Zezinho a colocar — e o
pobre do Quindó, que nunca achou emprego...
Mas Dona
Teodora, arquifarta do rabanete, ameaçou de levá-la de volta para Santa Rita,
se ela teimasse na asneira de retardar, por um só dia, a operação. E Maricota
foi operada. Perdeu o rinofima, ficando com um nariz igual ao de todas as
outras, apenas levemente enrugadinho em consequência dos enxertos de epiderme,
Quem
positivamente desapontou foi a gente maldosa do lugarejo. O maravilhoso romance
de Maricota era comentado em todas as rodinhas com grandes exageros — até com o
exagero de que ela estava noiva do doutor Cadaval.
— Como a
gente se engana neste mundo! — filosofou o farmacêutico. — Todos pensamos que
aquilo fosse doença — mas o verdadeiro nome de tais rabanetes, sabem qual é?
— ?
— Sorte
grande, minha gente! Sorte grande da Espanha...
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Pesquisa e adequação ortográfica: Iba Mendes (2018)
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Pesquisa e adequação ortográfica: Iba Mendes (2018)
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