Autor: Rabindranath Tagore
Tradutor desconhecido (Revista
Excelsior)
Ano: 1931.
Tratei toda esta manhã de
tecer-te uma coroa: ruas, ai! as flores rolavam dos meus dedos, e caíam no pó
do chão.
Tu, sentada estavas ali, bem
perto, e era de oblíqua maneira que o meu trabalho observavas.
Perguntai, vós que me ledes, a
esses olhos de malícia, a quem foi que coube a culpa...
Dissimula-se um sorriso a
tremular nos teus lábios. Perguntai a esse sabido sorriso, que finge o néscio,
a razão do meu fracasso.
Oh, deixa que a tua boca sorridente
diga a forma porque a minha voz se foi aniquilar no silêncio, como uma abelha
embriagada no seio aberto de um loto.
É noite: o instante em que as flores
vão cerrar as suas pétalas... Permite que eu me acomode ao teu lado e, após,
ordena aos meus lábios que se entreabram e façam o que se pode fazer no silêncio
imenso da noite, sob a difusa claridade das estrelas...
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Imagem: Revista Careta, 18 de abril de 1914.
Pesquisa, transcrição e adaptação ortográfica: Iba Mendes (2018)
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