10/16/2018

Poema em prosa de Rabindranath Tagore



Autor: Rabindranath Tagore
Tradutor desconhecido
Ano: 1926.

Poema em prosa

Teus olhos perguntam-me coisas tristes e querem mergulhar no meu pensamento como a lua no oceano.

Sem entender nem ocultar nada, mostrei-te minha vida má do começo ao fim.

Por isso, não me conheces!

Se eu fora somente uma joia, poderia partir-me em mil pedaços e fazer um colar para teu colo. Se eu fora somente uma florzinha redonda e suave, poderia arrancar-me do meu hastil e adornar teus cabelos. Mas onde estão, amor, os limites do meu coração?

Não conheces bem o meu reino, embora sejas dele a Imperadora. Se isto fora durante um momento de prazer floresceria em um sorriso fácil e poderias vê-lo e compreendê-lo em poucos instantes. Se fora tão somente uma dor, derreter-se-ia em claras lágrimas e verias o mais profundo do seu segredo, sem que fosse pronunciada uma palavra. Mas é o amor. Sua dor e seu prazer não têm limites e nele são ilimitadas as misérias o os tesouros. Está dentro de ti como tua própria vida, porém jamais conseguirás conhecê-lo totalmente.


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Pesquisa, transcrição e adaptação ortográfica: Iba Mendes (2018)

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