
Um macaco e um coelho fizeram
a combinação de um matar as borboletas e outro matar as cobras. Logo depois o
coelho dormiu. O macaco veio e puxou-lhe as orelhas.
— Que é isso? — gritou o
coelho, acordando dum pulo. O macaco deu uma risada.
— Ah, ah! Pensei que fossem
duas borboletas...
O coelho danou com a
brincadeira e disse lá consigo: "Espere que te curo."
Logo depois o macaco se sentou
numa pedra para comer uma banana. O coelho veio por trás, com um pau, e lept! — pregou-lhe uma grande paulada no
rabo.
O macaco deu um berro, pulando
para cima duma árvore, a gemer.
— Desculpe, amigo — disse lá
debaixo o coelho. — Vi aquele rabo torcidinho em cima da pedra e pensei que
fosse cobra.
Foi desde aí que o coelho, de
medo do macaco vingar-se, passou a morar em buracos.
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— Bravos! — exclamou Emília. —
Gostei da historinha. Vale por todas as outras que tia Nastácia contou. Está
bem engraçada. Viva o coelho!
— E também nesta o macaco sai
levando na cabeça — observou Narizinho. — O coelho, que é um coitado, mostrou-se
mais inteligente.
— Por que mais inteligente? —
contestou o menino. — Mostrou-se, sim, mais mau, porque o macaco apenas lhe
puxou as orelhas e ele moeu o rabo do macaco.
— A inteligência do coelho
veio depois — disse Narizinho — quando tratou de morar em buraco para livrar-se
da vingança do macaco.
— Pois é — observou Emília. —
Apesar da sua fama de inteligente e esperto, e de avô do homem, o macaco, pelo
menos nas histórias, nem sempre fica de cima.
— Vocês precisam ler — disse
dona Benta — as histórias de macacos que Rudyard Kipling conta naquele livro de
Mowgli, o Menino Lobo. Esses macacos de Kipling são os Bandarlogs, nome de certos macacos da Índia. Os outros animais os
desprezam, por causa da sua leviandade, da sua falta de seriedade, das suas
molecagens. São uns perfeitos louquinhos, os macacos.
— Até parecem homens — disse
Emília, que fazia muito pouco caso nos homens.
— Macaco é bobo — disse tia
Nastácia — mas às vezes acerta a mão e sai ganhando — como aquele que logrou a
onça.
— Conte, conte, pediram os
meninos. E tia Nastácia contou a história de " O macaco e o aluá".
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Notas:
Extraído da obra: Histórias de Tia Nastácia.
Transcrição e atualização ortográfica: Iba Mendes (2018)
Gostei muito da Historia
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