Uma vez uma onça ouviu a
música da gaitinha do jabuti e aproximou-se.
— Como você toca bem, jabuti!
De que é feita essa gaitinha?
— De osso de veado, ih! ih! —
respondeu o cascudo.
A onça, que estava querendo
apanhar o jabuti; veio com um plano.
— Sou um pouco surda — disse
ela. — Toque mais perto da abertura do buraco.
O jabuti apareceu na abertura
do buraco e tocou, mas no melhor da festa a onça deu um bote para pegá-lo. O
jabuti afundou a tempo; mesmo assim ficou com uma pata nas unhas da onça.
— Ah, ah, ah! — riu-se ele. —
Pensa que agarrou minha pata mas só pegou uma raiz de pau! Fiau!...
A onça soltou as unhas,
desapontada. O jabuti deu outra gargalhada.
— Grande boba! Era minha pata
mesmo que você havia agarrado. Fiau! Fiau!
A onça jurou que não sairia da
beira daquele buraco enquanto não apanhasse o jabuti — e ficou lá até morrer de
fome.
***
— Aparece aqui aquele mesmo
truque do coelho com a onça — notou Emília. — Quer dizer que a onça é tão
estúpida que todos os animais a enganam do mesmo modo.
— Só não acho direito — disse
Narizinho — que a onça ficasse lá até morrer. Por mais estúpida que seja, isso
é coisa que onça não faz. Os índios que inventaram esse caso eram bem bobinhos.
— Eu sei mais histórias do
jabuti — disse tia Nastácia.
— Pois então conte.
E ela contou a história de
"O jabuti e a fruta".
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Notas:
Extraído da obra: Histórias de Tia Nastácia.
Transcrição e atualização ortográfica: Iba Mendes (2018)
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