10/11/2018

Manuscrito encontrado em uma garrafa (Conto), de Edgar Allan Poe


Manuscrito encontrado em uma garrafa

Pusemo-nos à vela com pouco vento e durante alguns dias estivemos em frente à costa oriental de Java, sem outro incidente para quebrar a monotonia da nossa rota que o encontro com alguns dos pequenos escolhos do arquipélago a que estávamos confinados.

Uma tarde, quando me achava encostado junto à amurada, observei que havia no Noroeste, uma nuvem de cor indistinta e de aspecto estranho. Era de notar tanto pela sua cor, como por ser a primeira que víamos desde a nossa saída da Batávia. Vigiei-a atentamente até o pôr do Sol, momento em que estendeu subitamente de Este a Oeste, rodeando o horizonte com um claro cinturão de vapor e apresentando-se como se fora uma larga e baixa linha de costa. Imediatamente atraiu minha atenção a cor roxa obscura da lua e a particular feição do mar que se apresentava mais transparente que de costume. Podia-se ver claramente o fundo e, no entanto, ao deitar a sonda, encontramos quinze braças de profundidade. Com a noite, caiu a brisa, e encontramo-nos em meio a calma mais completa que se pode imaginar. A chama de uma lanterna que Iuzia na popa e que oferecia certas tremuras ao sopro do vento, estava absolutamente imóvel, e um cabelo seguro entre o polegar e o índice não oscilava. Entretanto, como o capitão não notara nenhum perigo, e como derivávamos obliquamente para a terra, o imediato deu ordem de levantar as velas e de largar a âncora. Não se pôs vigia de quarto e a tripulação que se compunha principalmente de malaios, deitou-se deliberadamente em seus lugares. Eu desci ao meu camarote com o pressentimento absoluto de uma desgraça. Aqueles sintomas me faziam temer um tufão. Falei de meus temores ao comandante; mas não prestou atenção ao que eu lhe dizia e me deixou sem se dignar a me responder. Isto me aborreceu de todos os modos, impedindo-me de dormir. E ao bater da meia-noite, não podendo dominar a minha agitação subi ao convés com o intuito de refrescar o meu rosto afogueado pela ansiedade. Quando punha o pé no último degrau da escada, assustou-me um profundo rumor parecido com o que produz a rotação rápida de uma roda de moinho, e antes que eu pudesse comprovar a causa, senti que o navio trepidava e não estava de todo controlado. Quase imediatamente um golpe de mar jogou o barco de lado e passando por cima de tudo varreu o navio de popa à proa.

A extrema fúria do vento foi em grande parte a sorte do nosso barco. Sob a pressão intensa da tempestade o navio esteve durante algum tempo completamente coberto pela água, tendo todos os seus mastros pequenos submersos, e depois de estalar todo retornou a uma posição mais segura, influenciada, porém, pela situação terrível que acabava de atravessar.

Seria impossível dizer por que milagre eu havia escapado à morte. Caí aturdido pelo choque provocado pela água e, quando voltei a mim, encontrei-me entre as amarras e o timão. Com grande trabalho pus-me em pé e, olhando rapidamente a meu redor, assaltou-me a ideia de que estávamos sobre arrecifes, pois era horrível o torvelinho daquele mar enorme e espumoso em que estávamos situados. Poucos momentos após levantar-me ouvi a voz de um ancião sueco que embarcara quase no momento de levantarmos ferro. Chamei-o com todas as minhas forças e ele veio cambaleando até chegar junto de mim na popa. Logo compreendemos que éramos os únicos sobreviventes do sinistro. Tudo que estava sobre o convés, exceto nós, fora varrido pelas ondas revoltas; o capitão e os marinheiros tinham perecido durante o sono. Sem auxiliares não podíamos fazer grande coisa pela segurança do navio, e nossas tentativas ficaram paralisadas pela certeza de que fomos naufragar de um momento para outro. O cabo do navio havia se partido como se fosse um cordão logo que começou tormenta. O mar nos haveria tragado instantaneamente se tal não se desse. As águas arrastavam-no com grande força, fazendo-lhe brechas visíveis. A armação da popa sofrera fortes danos e quase que todo o casco apresentava consequências, mas, com grande alegria verificamos que as bombas não estavam obturadas e que a nossa carga não sofrera muitas transformações.

Havia passado a maior fúria da tempestade e já não tínhamos que temer a violência do vento; mas, pensávamos com temor na possibilidade de que este cessasse, persuadidos de que com aquelas avarias não poderíamos resistir à espantosa ondulação que viria depois.

Cinco noites e cinco dias inteiros, durante os quais vivemos de alguns pedaços de açúcar de palma arrancados com grande trabalho da carga arrumada no porão da popa... Corríamos com violência incalculável, arrastados pelas rajadas de vento que se sucediam rapidamente, ainda que sem a primeira força do tufão. Durante os quatro primeiros dias nossa rota sofreu ligeiras variações, Suleste quarto de Sul, e nos haveria levado às costas da Nova Holanda.

No quinto dia, o frio se fez intensíssimo e o vento mudou um pouco para o Norte. Saiu o sol com um resplendor amarelo e enfermiço, elevando-se apenas uns graus sobre o Equador, sem projetar qualquer luz por pequena e sem brilho que fosse. Nenhuma nuvem havia e, no entanto, o vento refrescava e de vez em quando soprava com fúria. Às 12 horas pouco mais ou menos, chamou-nos a atenção novamente, o aspecto do sol. Não emitia luz propriamente falando; senão uma espécie de fogo escuro e triste sem reflexo, como se todos os raios estivessem polarizados. No momento de mergulhar no mar cada vez mais grosso, seu fogo central desapareceu de súbito como se houvesse sido apagado bruscamente por um poder inexplicável. Não era mais que uma roda pálida e prateada quando se refugiou atrás do oceano insondável.

Esperamos em vão a chegada do sexto dia. Esse dia não chegou ainda para mim e para o sueco nunca chegará. Desde aquele momento fomos envoltos por umas trevas tão espessas que não conseguíamos ver um objeto a vinte passos do navio. Envolveu-nos uma noite eterna que não suavizava nem a luminosidade fosfórica do mar que tínhamos costume de ver nos trópicos. Observamos também que ainda a tempestade continuava a se fazer sentir, sem que houvesse, no entanto, ressaca, tendo a marola que nos acompanhava há tanto, desaparecido. Ao nosso redor não havia mais que a espessa obscuridade assemelhada a um deserto de ébano liquido. Um temor supersticioso se filtrava por graus nas nossas almas. Tínhamos abandonado completamente o cuidado do barco como coisa mais do que inútil, e atando-nos o melhor possível ao pau da mesana, passávamos com amargura nossos olhares sobre a imensidade do oceano. Não conseguíamos calcular o tempo, sendo absolutamente incerta a nossa situação. Devíamos ter-nos aproximado mais do Sul que nenhum dos navegantes anteriores e era grande o nosso espanto por não termos encontrado os habituais obstáculos de gelo tão comum a essas paragens. Cada minuto ameaçava ser o último e toda onda grande parecia terminar o nosso suplício. Meu companheiro falava da leveza da carga que carregávamos e me recordava as excelentes qualidades do nosso navio; mas, eu não podia impedir-me de sentir a absoluta renúncia do desespero e melancolicamente me preparava para a morte que, segundo minha opinião, podia demorar no máximo uma hora, posto que a cada avanço do barco, mais lúgubres me pareciam as ondas escuras daquele mar terrível.

Às vezes, numa altura superior a dos albatrozes, faltava-nos a respiração; noutras, éramos dominados pela vertigem de descer com terrível velocidade num inferno líquido onde o ar estava lúgubre e onde nenhum som podia turbar os sonhos dos mortos.

 Estávamos no fundo de um destes abismos quando um grito súbito de meu companheiro ressoou sinistramente na noite.

— Veja! Veja! gritou-me ao ouvido.

— Deus poderoso! Veja! Veja!

Enquanto falava, vi eu uma luz roxa de brilho sombrio que pairava pendente sobre o abismo imenso em que estávamos presos, projetando um reflexo vacilante sobre o nosso barco. Ao levantar a vista contemplei um espetáculo que me gelou o sangue: a uma altura aterradora, precisamente em cima de nós e sobre a mesma crista de precipício, achava-se um navio gigantesco de quase quatro mil toneladas. Ainda que elevado por uma onda que tinha cem vezes a sua altura, parecia de dimensões muito maiores que qualquer navio da Companhia das Índias. Seu casco enorme era de um negro profundo que não concordava com a ornamentação de nenhum navio. Uma fileira simples de canhões aparecia em seus flancos abertos e lançavam de suas superfícies polidas reflexos de inumeráveis faróis de combate que se balançavam no cordoame. Mas, o que nos inspirou maior horror e assombro foi o fato de navegar com todas as velas abertas, a despeito daquele mar sobrenatural e daquela tempestade desenfreada. A princípio não nos foi dado ver mais que a sua popa, porque se elevava lentamente do horrendo precipício que acabara de deixar. Durante um momento — momento de intenso terror — fez uma parada sobre aquele cimo de vertigem como que embebedado por sua própria elevação. Logo tremeu, inclinou-se e por fim desceu furiosamente.

Naquele instante não sei que sangue frio dominou-me o espírito. Lançando-me para trás o quanto me foi possível, esperei a catástrofe que vinha nos aniquilar. Nosso navio, por outra parte, não lutava mais com o mar e se afundava de popa. O choque daquela massa precipitada golpeou o nosso casco na parte que ficava sob à água e teve como resultado inexplicável jogar-me ao tombadilho do navio estrangeiro.

Quando eu caía o navio se aprumou e virou de bordo, e, confusão que se seguiu, devo o fato de não ter sido notado pela tripulação. Não me custou muito trabalho abrir caminho, sem ser visto, até a escotilha principal que estava meio aberta e logo encontrei um bom esconderijo. Por que fiz isto? Não poderei dizer. O que me induziu a ocultar-me foi talvez um vago sentimento de terror que se apoderou de mim ante o aspecto dos passageiros do estranho navio. Não me decidia a confiar em uma raça que de um relance me havia oferecido um aspecto de indefinível estranheza. Por isso julguei a propósito esconder-me num lugar próprio do porão.

Mal tinha terminado de esconder-me, quando um homem passou bem por cima de meu esconderijo, com passos débeis e inseguros. Trepei na escada para espiar e, apesar de não ter visto o seu rosto, consegui divisar-lhe o aspecto geral. Tinha todos os característicos da debilidade e da caducidade. Os joelhos vacilavam sob o peso dos anos e todo o seu ser tremia. Ia falando consigo mesmo, murmurando em voz baixa e rouca palavras de um idioma que não pude compreender, e dirigiu-se para um canto aonde estavam apinhados instrumentos de estranhos formatos e cartas marinhas destroçadas. Seus movimentos eram uma esquisita mescla de displicência de uma segunda infância e da dignidade solene de um deus. Depois subiu ao tombadilho e perdi-o de vista.

***

Um sentimento para o qual não encontro palavras, apoderou-se de minha alma; uma sensação que não admite análise; que não tem tradução no léxico do passado nem do presente. Para um espírito constituído como o meu, esta última consideração é um suplício; sinto que jamais conseguirei estar de acordo com as ideias que então me dominaram o espírito. Existia algo dentro de mim que tinha nascido havia pouco.

***

Faz já algum tempo que pisei, pela primeira vez, a ponte deste terrível navio, e creio que os raios do meu destino estão ligados todos àquele lugar que ocupo desde então. Gente incompreensível a que me rodeia! Envoltos numa meditação cuja natureza não posso adivinhar, passam ao meu lado sem sequer notar-me. Não preciso me ocultar, pois, esta gente “não quer ver". Continuarei este diário, mesmo que não tenha meios para levá-lo ao mundo. Mesmo que não acredite que tal surta o resultado, isto é, que cheguem a ler o que escrevo, nos meus últimos momentos encerrarei o manuscrito em uma garrafa, atirando-a ao mar.

***

Ocorreu um incidente que me obriga de novo, a refletir. Semelhantes coisas são a consequência de uma casualidade indisciplinada? Passei ao tombadilho e me estendi, sem chamar a atenção de ninguém, sobre um montão de velas postas de lado como imprestáveis. Pensava no meu destino diferente quando tocando num objeto que estava a meu lado, notei que nele estava escrita a palavra “descobrimento”.

Tenho estudado bem a estrutura do navio. É feita de materiais que me são desconhecidos. Não tenho conseguido mais nada que se pudesse ligar com o nome que me chamou a atenção. O barco está bem armado e, no entanto, não acredito que seja um navio de guerra. Cada vez fico mais admirado ante as suas dimensões enormes, sua grande quantidade de velas, sua proa severamente simples e sua popa de estilo antiquado. Tenho de vez em quando a sensação de que tudo o que me cerca pertence a velhas lendas estrangeiras e a séculos que se perderam no passado.

***

A armadura do barco tem sido alvejada pela minha curiosidade. Tudo me parece desconexo, como se o madeiramento não fosse adequado à construção naval. Refiro-me à sua extrema porosidade, aparte a podridão ocasionada pela velhice. Tive a ideia de que a madeira era de cedro espanhol, mas, a não ser que o cedro de Espanha ceda e se dilate por processos artificiais, não se justifica a minha impressão.

Relendo a frase precedente vem-me à memória o curioso dizer de um velho lobo do mar holandês: "Isto é possível — dizia quando dele se duvidava — como também é possível que haja um mar aonde os navios engordem com o corpo vivo de seus marinheiros".

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Faz aproximadamente uma hora que me senti com atrevimento para deslizar num grupo de tripulantes. Não pareceram notar-me sequer, e mesmo, quando me pus no meio deles, pareceram não ter consciência alguma de minha presença. Igual ao primeiro que vi, apresentavam todos sintomas de velhice. Seus joelhos tremiam de debilidade; seus ombros arqueados pela decrepitude; suas peles enrugadas estremeciam ao vento; suas vozes eram roucas; de seus olhos brotavam as lágrimas brilhantes da velhice, e os cabelos brancos flutuavam na tempestade. Ao redor deles, a cada lado, jaziam instrumentos matemáticos de estrutura antiga e completamente desusada.

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Falei há pouco de uma pequena vela que tinham estendido. Desde aquele momento o navio, perseguido pelo vento, não cessou a sua terrível carreira em linha reta para o Sul, navegando com toda a vela disponível. A rapidez era algo que jamais poderá ser descrito, pois o barco parecia vez em quando submergir, tal era a força que o impulsionava. Acabo de deixar o tombadilho por não encontrar nele sítio onde possa estar com relativa segurança e, no entanto, a tripulação parece não ter notado o perigo iminente de naufrágio ou despedaçamento. Para mim é o maior dos milagres o fato desta enorme massa não ter sido ainda tragada pelas ondas enfurecidas. Estamos condenados, sem dúvida, a navegar eternamente naquele inferno líquido, não sabendo a que atribuir não termos ainda sido esfacelados. Suponho que o navio deve estar preso a uma corrente estranha que jamais o largará ou a um redemoinho submarino.

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Acabo de ver de frente o capitão em sua própria cabine e, como já esperava, não prestou nenhuma atenção à minha pessoa. Ainda que não tenha nada em sua fisionomia que revele o homem superior ou inferior, experimenta-se ante seu aspecto uma mescla de respeito e terror irresistível. E mais ou menos de minha estatura, quer dizer, cinco pés e oito polegadas. É bem proporcionado, mas sua constituição não anuncia nada de particular quanto a vigor ou fraqueza. É a singularidade de sua expressão o que mais torna o seu tipo inconfundível. Sua fronte mesmo que pouco enrugada leva o selo de milhares de anos. Seus cabelos brancos são como arquivos do passado, e seus olhos mais brancos ainda são visões do porvir. O soalho de sua cabine estava cheio de aparelhos científicos muito usados e de antigos mapas de estilo completamente esquecido. Tinha a cabeça apoiada nas mãos e com olhar ardente e inquieto devorava um papel que me pareceu uma ordem, pois levava uma firma régia. Falava consigo mesmo e eu tinha a impressão que a sua voz chegava de uma milha de distância.

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O navio, com tudo o que contém está impregnado do espírito de antigas idades. Os homens da tripulação deslizam como sombras de séculos enterrados; em seus olhos vive um pensamento ardente e inquieto, e quando passam por mim e vejo as suas mãos velhíssimas experimento uma sensação inexplicável que nunca tinha sentido. Eu que sou um apaixonado pelas antiguidades sinto-me invadido por tal desconforto que considero a minha alma como um montão informe de ruínas.

O navio está inteiramente sepultado nas trevas de uma noite eterna e num caos de água que já não tem espuma; mas à distância de uma légua a cada lado, conseguimos perceber claramente e por intervalos prodigiosas muralhas de gelo que sobem para o céu desolado e parecem muralhas do universo.

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Como tinha pensado, evidentemente o navio está em uma corrente, se se pode chamar assim a uma maré que vai mugindo através das brancuras do gelo e deixa ouvir sob o lado sul um trovão mais precipitado que o de uma catarata que cai verticalmente.

***

Conceber o horror de minhas suposições é, creio, coisa absolutamente impossível; no entanto, a curiosidade de penetrar os mistérios destas espantosas regiões domina minha desesperação e chega para me reconciliar com o mais repugnante aspecto da morte. É evidente que nos precipitamos para um descobrimento desconhecido, algo de secreto intimamente ligado à morte.

Talvez está corrente nos conduza ao Polo Sul. Há de se confessar que esta suposição, por estranha que seja tem a seu favor inúmeras possibilidades.

***

A tripulação passeio pelo tombadilho com passos trêmulos e inquietos, mas há em todas as fisionomias uma expressão que melhor parece o ardor da esperança que a apatia do desespero.

Levamos sempre o vento em popa e, como temos grande quantidade de velas, o navio se eleva, às vezes, extraordinariamente sobre o mar. Oh! horror dos horrores! De repente o gelo se abre à esquerda e à direita, girando vertiginosamente em círculos concêntricos ao redor das bordas de um gigantesco anfiteatro, cujos muros se perdem nas trevas. Mas resta-me muito pouco tempo para pensar no meu destino! Os círculos se estreitam rapidamente, nós somos envolvidos pelo redemoinho, e através do mugido e das detonações do oceano, o navio treme, o navio arfa e finalmente se afunda.
 
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(Tradutor Desconhecido)

Revista Vamos ler!, 21 de maio de 1942.
Pesquisa, transcrição e adaptação ortográfica: Iba Mendes (2018)

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