Nasceu na comarca do Rio das
Mortes da província de Minas Gerais.
Ainda menino, sua bela e viva inteligência
enchia de esperanças e satisfação a seus pais, que apesar de pobres o enviaram
ao Rio de Janeiro, onde encontrou um protetor no brigadeiro José Fernandes
Pinto Alpoim.
Apenas começou seus estudos, atraiu
a atenção dos padres da companhia; e ele moço, pobre, desejando beber instrução,
não repugnou em aceitar o hábito negro, e fez-se noviço dessa memorável
confraria, e já tinham decorrido quatro anos, quando em 1759, o marquês de
Pombal, os extinguiu com a bula de Clemente IV.
Privado desse apoio, não se viu
só, encontrou apoio de D. Antônio Quadelupe e do conde de Bobadela, que o fizeram
entrar para o seminário de São José.
Mais tarde, sob a proteção de
amigos, pôde ir a Lisboa, ali abandonado pelo rancor, que ainda conservavam àqueles
que tinham sido da companhia de Jesus; daí retirou-se para Roma, onde cheio de
privações e desgosto, ao desamparo e longe da pátria, com a alma cheia de dor e
de saudade fez parte para a arcádia de Roma, onde se reuniam os doutos e sábios
sob pseudônimo de Termindo Sepilio.
Voltando a Lisboa, por ocasião
da inauguração da estátua de D. José I, em 1775, fez nessa festa uma bela ode,
que mereceu louvores, e o marquês de Pombal, amigo das letras e das artes, o
nomeou oficial extranumerário de sua secretaria de Estado.
Seu talento o fez subir
depressa; em pouco foi nomeado oficial de gabinete do grande ministro, com
carta, foros, e escudo de fidalguia.
Voltando ao Rio de Janeiro,
fundou aqui uma arcádia modelada pela da de Roma, pouco tempo depois aniquilada
pelo conde de Rezende, pelo receio de que fosse uma associação política.
José Basílio da Gama não
julgou então conveniente conservar-se por mais tempo no Rio de Janeiro onde o rodeavam
perigos em toda a parte, e novamente se dirigiu para Lisboa, onde os desgostos
o levaram à sepultura em 1795, tendo pouco mais de 50 anos.
Um mau frade, que assistiu a
seus últimos instantes, lançou fogo aos preciosos manuscritos de suas tragédias
e poemas! Só pôde escapar a esse desastre as belas poesias feitas à morte do
conde Bobadela, os elegantes sonetos dedicados ao marquês de Pombal, a quem foi
sempre grato, e seu poema Uraguai,
porque não estavam ao alcance desse padre iconoclasta das letras.
O Uraguai é a nossa primeira epopeia; é um livrinho, em que cada
linha é um verso cheio de beleza e harmonia.
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Fonte:
Manuel Francisco Dias da Silva - Dicionário biográfico de brasileiros célebres, 1871.
Pesquisa e adequação ortográfica: Iba Mendes, 2018,
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