Autor: Paul Verlaine
Tradutor: Manuel
Bandeira
Revista Careta, 29/1/1949.
As mãos
As mãos que foram minhas, mãos
Tão bonitas, mãos tão pequenas,
Após tanto equívoco e penas,
Tantos episódios pagãos.
Após os exílios medonhos,
Ódios, murmurações, torpezas,
Senhoris mais do que as princesas
As caras mãos abrem.me os sonhos.
Mãos no meu sono e na minh’alma,
Pudera eu, ó mãos celestes,
Adivinhar o que dissestes,
A est’alma sem pouso nem calma!
Mente-me acaso a visão casta
De espiritual afinidade,
De maternal cumplicidade
E afeição estreita e vasta?
Caro remorso, dor tão boa,
Sonhos benditos, mãos amadas,
Oh essas mãos, mãos consagradas,
Fazei o gesto que perdoa!
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Pesquisa, transcrição e adaptação ortográfica: Iba Mendes (2018
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