Joaquim Norberto de Sousa Silva – Aspectos Biográficos
Joaquim Norberto nasceu no Rio
de Janeiro em 1820 e morreu em Niterói em 1891.
Cronologicamente, — escreve
Herman Lima —, de acordo com Sílvio Romero, nosso primeiro contista seria
Joaquim Norberto de Sousa Silva, autor de "Romances e Novelas",
"hoje ilegíveis, por escritos em detestável estilo, incorreto,
incolor". A respeito, lembra recentemente Edgard Cavalheiro que o trabalho
que lhe garante aquele título apareceu em 1841, num pequeno folheto intitulado
"As duas órfãs", onze anos depois reunido a três outras composições
que constituíram o volume citado: "a palavra conto não é empregada, mas
tanto "As duas órfãs" como os outros são, a rigor, contos, isto é,
histórias curtas e podem, perfeitamente, servir como ponto de partida a quem
traçar a evolução do conto brasileiro."
Na verdade, a novelística de
Joaquim Norberto é de significação meramente cronológica, histórica. Representa
apenas uma etapa na evolução do gênero entre nós. Nem se dedicou ele, com maior
afinco, à atividade de contista ou romancista. Apaixonado pela literatura,
autodidata que ascendeu da condição de caixeiro à de funcionário público,
escreveu principalmente poesias, peças de teatro, estudos históricos e
literários, chegando mesmo a esboçar uma história de nossas letras. Prestou
grandes serviços à cultura nacional preparando e prefaciando edições das obras
de Casimiro de Abreu, Silva Alvarenga, Álvares de Azevedo, Gonçalves Dias,
Alvarenga Peixoto, Laurindo Rabelo e Tomás António Gonzaga. Nesses trabalhos,
distinguiu-se pelo "esforço documentário e coordenação" do material
recolhido, notadamente no que diz respeito às informações biográficas. Foi
também um dos nossos primeiros antologistas.
No seu entender, a atividade
do romancista consistia em "expandir-se pelas minudências das descrições
dos quadros da natureza, perder-se' em reflexões filosóficas e demorar-se nas
trivialidades de um enredo cheio de incidentes para retardar o desenlace da
ação principal". Assim procedeu em "As duas órfãs"', página a
que, aliás, denomina de "romance". É uma história de ciúme e
rivalidade amorosa que tem por fundo histórico a luta entre brasileiros e
holandeses, episódio em que aparecem Maurício de Nassau, Henrique Dias,
Bagnuolo, Camarão e outras personalidades do tempo.
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Fonte:
O Conto Romântico. Seleção e notas de: Edgard Cavalheiro e Mário da Silva Brito. Editora Civilização Brasileira. Rio de Janeiro, 1961, págs. 209-210.
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