8/07/2018

Eça de Queiroz - Aspectos Biográficos


Eça de Queiroz - Aspectos Biográficos

José Maria Eça de Queiroz nasceu em 25 de novembro de 1845, em Póvoa do Varzim. Era filho ilegítimo de um jovem magistrado, José Maria de Almeida Teixeira de Queiroz, e de Carolina Augusta Pereira de Eça, filha de um tenente-coronel. Seus pais não se casaram até 1849. O jovem Eça foi criado por parentes e passou pouco tempo em casa até terminar seus estudos preparatórios. Frequentou o Colégio da Lapa, no Porto, matriculando-se, em 1861, na Universidade de Coimbra, onde suas principais ocupações eram ler avidamente em francês e representar nas peças encenadas pelo grupo teatral da universidade. Depois de formar-se em direito, em 1886, Eça de Queiroz foi morar com seus pais, em Lisboa, iniciando-se na profissão de advogado. Seu principal entusiasmo, porém, era pela literatura, e ele escreveu, na época, numerosos contos — irônicos, fantásticos, macabros, não raro gratuitamente chocantes — e ensaios sobre uma grande variedade de assuntos para a Gazeta de Portugal. Essas páginas foram depois reunidas nas Prosas Bárbaras.

Em outubro de 1869, Eça partiu para uma viagem ao Oriente Próximo, em companhia do conde de Resende. Suas impressões sobre essa viagem — que muito fez para despertar nele o gosto pelas descrições exatas — estão em O Egito. Em janeiro de 1870, estava de volta a Lisboa e, em julho, foi indicado para um posto na administração municipal em Leiria. Próximo ao final da sua estada ali, em maio de 1871, apareceu o primeiro número de As Farpas, panfletos de crítica social e política escritos por Eça e por seu amigo Ramalho Ortigão. Também em 1871, associou-se ao grupo de intelectuais avançados, conhecidos como "a geração de 70", que organizou as Conferências do Casino. Uma dessas conferências, sobre o realismo na arte, foi feita por Eça, que denunciou a literatura portuguesa do seu tempo como "sem originalidade, convencional, hipócrita e falsa".

Em 1872, é nomeado cônsul em Havana, onde se destacou por sua atividade em favor dos trabalhadores chineses explorados. Também os seus relatórios sobre a situação dos imigrantes portugueses nos Estados Unidos e no Canadá, que ele visitou em 1873, revelam profunda preocupação com as questões sociais. No final de 1874, Eça é feito cônsul em Newcastle. Os artigos que mandou para jornais portugueses durante a sua estada na Inglaterra, de 1874 a 1888, estão reunidos nas Cartas de Inglaterra. Em 1875, aparece na Revista Ocidental a primeira versão de O Crime do Padre Amaro. Em 1878, outro romance importante: O Primo Basílio, uma sátira mordaz do amor "romântico" e suas trágicas consequências, que recorda o assunto de Madame Bovary, de Flaubert.

Eça foi transferido para o consulado em Bristol, em 1879. Em 1880 publica O Mandarim. A Relíquia é de 1887. Em fevereiro de 1886, casara-se com Emília de Castro Pamplona, irmã do conde de Resende. Em junho de 1888, surgem Os Maias. Em agosto do mesmo ano, Eça realiza o sonho da sua vida, ao ser nomeado para o consulado em Paris. Sua produção dos últimos anos sofre uma certa transformação, com uma dose de sentimentalismo invadindo suas obras. É o caso, segundo alguns críticos, de A Ilustre Casa de Ramires e A Cidade e as Serras.
Eça de Queiroz morreu em Paris, em 16 de agosto de 1900.


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Fonte:
Biblioteca Universal: A Relíquia, por: Eça de Queiroz. Editora Três. São Paulo, 1974, págs. 15-16.

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