Biografia de Euclides da Cunha
Euclides Rodrigues Pimenta da
Cunha nasceu na fazenda Saudade, em Santa Rita do Rio Negro, município de
Cantagalo, na então província do Rio de Janeiro, em 20 de janeiro de 1866. Em
1869, após o falecimento de sua mãe, vai a Teresópolis, juntamente com a irmãzinha
menor, ficando aos cuidados de uma tia, falecida dois anos depois, passando,
então, à companhia de outra tia. Em 1877 inicia os estudos de humanidades no
Colégio Carneiro Ribeiro, na Bahia. De volta ao Rio, vai morar em casa de seu
tio Antônio. Cursa o Colégio Anglo-Brasileiro. Em 1884 termina o curso de
humanidades no Colégio Aquino, onde teve por mestre Benjamin Constant.
Matricula na Escola Politécnica, em 1885, assentando praça em 1888 na Escola
Militar da Praia Vermelha. Deixa o exército em 1888, em virtude de um gesto de
rebeldia por ocasião da visita do ministro da Guerra, na Escola Militar. Vai a
São Paulo, onde colabora no jornal "A Província de São Paulo". Volta
em 1889 ao Rio onde começa a frequentar o curso de engenharia civil. É reintegrado
no exército e promovido a alferes-aluno. Em 1890 cursa a Escola Superior de
Guerra. É promovido a segundo-tenente. Conclui em 1891 o curso da Escola
Superior de Guerra, sendo promovido a primeiro-tenente, do Estado-Maior, em
1892. Deixa o serviço militar, em 1896, por incompatibilidade, reformado no
posto de capitão, e vem para São Paulo Em 1897, como correspondente e repórter
do jornal "O Estado de S. Paulo", vai para Canudos observar a
campanha contra os fanáticos de António Conselheiro. Inspeciona em 1899, a
reconstrução da ponte metálica em São José do Rio Pardo local em que iniciou a
redação de seu livro "Os Sertões", publicado em dezembro de 1902,
cuja primeira edição foi rapidamente esgotada. A 2ª edição saiu em 1903. No
mesmo ano é eleito para a Academia Brasileira de Letras, cadeira nº 7, que tem
por patrono Castro Alves, e toma posse no Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro. No ano seguinte é nomeado por Rio Branco chefe da Comissão do Alto
Purus. Parte para o Amazonas. Chega ao Rio em 1906 e toma posse na Academia
Brasileira de Letras, tornando-se também adido do Itamarati, como auxiliar
técnico do Barão do Rio Branco no estudo das questões de fronteiras. Submete-se
às provas do concurso de Lógica, em 1909, para o Colégio Pedro II (então
Ginásio Nacional) e é classificado em 2º lugar. Por interferência de Rio
Branco, é nomeado professor interino a 17 de junho. A 15 de agosto, por
questões de família, é assassinado a tiros de revólver.
Obras principais: "Os
Sertões", 1902, "Peru versus Bolívia", 1907, "Contrastes e
Confrontos", 1909, "À Margem da História", 1909.
Características: Na obra "Os
Sertões" apresenta não só um completo relato da Campanha de Canudos (luta
sangrenta contra os fanáticos chefiados por António Conselheiro, os quais
ameaçavam a segurança das cidades e povoações vizinhas), mas ainda um admirável
estudo da terra e do homem do sertão nordestino, das condições de vida do
sertanejo, da sua resistência e capacidade. Em "Os Sertões" e nos ensaios
de "Contrastes e Confrontos" e "À Margem da História",
Euclides da Cunha visou a uma interpretação de nossa realidade
antropo-cultural; mas uma interpretação que se distinguiu e impressionou
fortemente os contemporâneos, pelo modo como foram encarados os fatos (num
complexo orgânico de causas e efeitos complexo intensamente dramático e em que
se interdependem o Homem, a Terra e o Drama da
existência); interpretação que se distinguiu e impressionou fortemente os
contemporâneos, pela evidenciação dos valores morais do homem telúrico
brasileiro (o seringueiro, o sertanejo, o gaúcho), concebido em proporções de
heróis na luta contra as forças de uma natureza hostil, agressiva e por vezes
esmagadora. A esta concepção, tipicamente euclidiana, correspondeu uma superior
e rara capacidade artística, não apenas para a pintura das figuras humanas, das
coisas e da natureza (elementos fortemente impressivos na obra do
extraordinário escritor), mas também para a intensa dramatização das cenas, ora
engrandecidas pelo sopro épico, ora sacudidas por vendavais de tragédia"
(A.S. Amora, História da Literatura Brasileira). "A crítica brasileira e estrangeira, que têm reconhecido em "Os
Sertões" um dos livros mais significativos e altos da literatura e da
cultura nacionais, a obra precisamente que assegurou autonomia e maioridade à
inteligência nacional, têm visto nele ora o seu sentido nacionalista, ora
os aspectos de ciência natural, de geografia, de etnografia e antropologia, de
sociologia, de história social; ora os aspectos artísticos, literários e
estilísticos, justamente os que têm sido ressaltados nos anos mais recentes,
situando o livro antes corno uma obra literária do que científica".
(Afrânio Coutinho, A Literatura no Brasil). Estilo nervoso, colorido,
difícil, empolado, cheio de termos técnicos. Trechos célebres de antologia:
"O Sertanejo" e "O Estouro da Boiada", ambos de "Os
Sertões".
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Fonte:
Amílcar Monteiro Varanda e Assis Figueiredo Santos Silva de Andrade: Enciclopédia Ginasial Ilustrada: Português. Editora Formar. São Paulo, s/d, págs. 122-123.
Fonte:
Amílcar Monteiro Varanda e Assis Figueiredo Santos Silva de Andrade: Enciclopédia Ginasial Ilustrada: Português. Editora Formar. São Paulo, s/d, págs. 122-123.
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