Autor: Guy de Maupassant
Tradutor: Silvestre
Lima
Ano:
1901
Transcrição e atualização: Iba Mendes (2018)
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Abençoado
há um pão, — esse que sem alarde,
Mas,
com valor da terra é preciso arrancar.
É o pão do trabalho, o que aos filhos, à tarde.
O
pai risonho traz, quando recolhe ao lar.
Mas,
outro há que nos deixa acre e eterno resquício
Nos
lábios, pão que o inferno espalha em profusão.
Filhos,
deste fugi, pois que é o pão do vício!
Meus
filhos não toqueis nesse maldito pão!
Respeite
se o infeliz que, já de forças falho
Pelos
anos, — nos pede uma esmola, a gemer.
Despreze-se,
porém, o que foge ao trabalho
E
ousa a valida mão a quem passa entender.
Quem
assim pede rouba ao que tombou na liça,
Exausto
e velho, e dorme esfalfado no chão.
Vergonha
a quem assim nutre o pão da preguiça!...
Meus
filhos, não toqueis nesse maldito pão!...
Costureira
gentil, mesmo, onde estás, marulha
A
onda, e chega-te aí mesmo a voz do sedutor....
Pobre
criança, vá!... Não desprezes a agulha!
Pensa
que és de teus pais o seu único amor.
No
luxo torpe e vil, como acharás encanto,
Quando
a te maldizer teus pais expirarão?
É
o pão da desonra, amassado com pranto...
Meus
filhos, não toqueis nesse maldito pão!
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Autor: Guy de
Maupassant
Tradutor: Bento Ernesto
Junior
Ano: 1901
Transcrição e
atualização:
Iba Mendes (2018)
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O Pão Maldito
Há
um pão santo que na terra brota
Regado
aos poucos com o suor do rosto
Pão
do trabalho, que alimenta os pobres
Dá-nos
vigor, consolação e gosto.
Mas
outro existe que a infâmia amassa
E
o inferno serve descaradamente...
No
pão do crime não toqueis, meus filhos,
É
pão maldito que envenena a gente!
Socorro
ao pobre que, curvado de anos,
Pede
a quem passa piedosa esmola.
Tristes
velhinhos que a desgraça esmaga....
A
caridade o próprio Deus consola.
Mas,
nunca o obreiro preguiçoso e mau
A
mão estenda aviltadoramente.
É
pão de crime! Não toqueis, meus filhos,
É
pão maldito que envenena a gente!
Gentil
criança, costureira escuta:
Não
sigas nunca as seduções do mundo;
Ouve
os conselhos de teus pais amigos
Porque
a desonra é um lodaçal profundo....
Todo
esse luxo que te embriaga a vista
Em
si contém a podridão fremente.
No
pão do vício não toqueis, meus filhos,
É
pão maldito que envenena a gente!
Incrível o trabalho deste site!
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