Autor: Lord Byron
Tradutor: Francisco Jose
Pinheiro Guimarães
Ano: 1907
Transcrição e
atualização: Iba
Mendes (2018)
A Ianthe
Nem nas plagas, em que eu vaguei por último,
Nem nas plagas, em que eu vaguei por último,
Onde
a beleza sem igual foi sempre;
Nem
nas visões, que ao peito trazem formas
Que
ele só sente em sonhos haver visto,
Nada
ideal ou real, como tu, viu-se:
E
inda tendo-te visto em vão tentara
Eu
pintar essas graças variadas,
Como
os reflexos seus; pois sendo fracas,
Para
quem te não vê, minhas palavras,
O
que havia eu dizer a quem te observa?
Ah!
possas sempre ser o que és agora,
E
sem faltar da tua primavera
À
promissão, figura ter tão bela
Como
um ardente coração e puro,
Na
terra imagem do amor sem asas,
E
ingênua mesmo além das esperanças!
Em
ti aquela que ora terna alinha
Tua
juventude, cada vez mais lúcida,
De
seus futuros anos vê o Íris,
Cujo
matiz celeste espanca as mágoas.
Jovem
Peri do Poente! eu tenho a dita
De
minha idade ser da tua o dobro;
Imóveis,
sem amor, te veem meus olhos;
Vejo
a salvo crescer, brilhar tuas graças.
Feliz!
pois declinar não hei de vê-las;
Mais
feliz porque, quando jovens peitos
Sangrarem
todos, há de o meu isento
Ser
da sorte, que os olhos teus reservam
Aos
que virem coroado o seu assombro;
Mas
seguido das penas infalíveis
De
Amor, mesmo nas horas mais ditosas.
Teus
olhos vivos, como os da gazela
De
afoito brilho, de formoso pejo,
Que
vencem móveis, e deslumbram fitos,
Lança-os
sobre estas páginas, e a meus versos
Ah!
não queiras negar esse sorriso,
Pelo
que eu suspirara em vão, se fosse
Para
ti mais do que um sincero amigo.
Concede-me
isto só, cara donzela,
Nem
me perguntes porque a ti tão jovem
Os
meus carmes entrego; mas consente
Que
entre em meu diadema um lírio puro.
Destarte
aos versos meus se une teu nome;
E
enquanto houver de Harold quem para as páginas
Olhe
benigno, nelas consagrado
De
Ianthe o nome sempre há de o primeiro
Ser
contemplado, e o último esquecido:
Quando
eu já não viver, se esta homenagem
Levar
os dedos teus de Fada à Lira
Deste,
que te saudou, como a mais bela,
Não
pode mais querer minha memória,
E
ainda que a esperança a mais não chegue,
Poderia
a amizade exigir menos?
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