Autor:
Charles Baudelaire
Tradutor:
Lopes Filho
Ano:
1889
Transcrição e atualização: Iba Mendes (2018)
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A Garganta
Quando
a Natureza, em sua verve luxuriante,
Concebia
no seu ventre um ente monstruoso,
Eu
quisera dormir aos pés de uma gigante,
Como
aos pés de uma rainha, um gato preguiçoso!
Ver
seu corpo crescer indefinidamente,
E
sua alma desabrochar como os meus sonhos...
Escutar-lhe
do riso o ritmo fremente,
Na
doce embriaguez de seus olhos tristonhos!
Trepar-me
sobre a torre dos joelhos colossais!
Contemplar-lhe,
absorto, as formas sem iguais...
E
quando, ao calor do estio, a sesta na campina,
Ela
fosse dormir, toda inclinada a meio,
Eu,
então, dormiria à sombra do seu seio,
Como
um olmo feliz ao pé de uma colina!
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