Autor: José María de
Heredia
Tradutor: Padre Correa de
Almeida
Ano: 1901
Transcrição e
atualização: Iba
Mendes (2018)
A Cama
Brilhe
o seu cortinado em seda ou melhor coisa,
ou
alegre qual ninho ou triste como a cela,
é
aí que o homem nasce e se achega e repousa,
criança,
moço, ancião, matrona, avó, donzela.
Fúnebre
ou nupcial, tenha defunto ou esposa,
água
benta e na cruz a fixa imagem bela,
tudo
começa aí, daí se vai à lousa,
desde
o claro arrebol à noite que nos vela.
Humilde,
tosca, estreita, ou mesmo quando a cubra
dourado
sobrecéu ou linda umbrela rubra,
de
vinhático seja ou de atra cabiúna,
Feliz
é quem dormiu sem remorsos nem susto
na
cama paternal, do respeito mais justo,
onde
nascem os seus e onde a morte os reúna.
***
Autor: José María de
Heredia
Tradutor: Heráclito
Viotti
Ano: 1901
Transcrição e
atualização:
Iba Mendes (2018)
Pertença
à gente pobre ou de fidalga estema,
Tenha
o aspecto de um ninho ou de uma sepultura,
Nele
se perpetua a humana criatura:
Da
descuidosa infância à velhice suprema.
Duro,
frio, funéreo — onde alguém sofra e gema;
Ou
florido, nupcial; d'imácula brancura,
Nele
tudo se apaga, assim como fulgura:
Da
primeira alvorada, à luz de um círio extrema.
Modesto,
humilde mesmo, ou do dossel altivo
Triunfalmente
pintado à púrpura e ouro vivo;
Seja,
embora, de pinho ou preciosa madeira,
Venturoso
é quem pôde adormecer, sonhando,
No
leito paternal macio e venerando
Que,
foi berço dos seus e estancia derradeira.
***
Autor:
José María de Heredia
Tradutor: Carlindo Lellis
Ano: 1901
Transcrição e
atualização:
Iba Mendes (2018)
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O Leito
Sob um fino dossel de sarja ou de brocado,
Triste
como uma tumba, alegre qual bulhento
Ninho,
nele o homem nasce e repousa o cansado
Corpo
— criança, pai, mãe de seio opulento.
De
morte ou de himeneu, do hissope abençoado,
Sob
a imagem do Cristo ou sob o ramo bento,
Nele
começa tudo e tudo é terminado,
Do
vagido primeiro ao derradeiro alento.
Humílimo
que seja ou seja, num esforço,
Feito
de erable fino ou feito de um robusto
Carvalho,
pincelado em ouro, ou de outra sorte,
Feliz
quem repousar, sem medo e sem remorso,
Pôde
no leito em que viram os seus, sem susto,
O
alvorecer, da vida, o anoitecer da morte!
***
Autor: José María de
Heredia
Tradutor: M. Viotti
Ano: 1901
Transcrição e
atualização:
Iba Mendes (2018)
O Leito
Que
seja de brocado ou sarja a sua umbela,
Triste
como uma tumba; ou ninho prazenteiro,
É
nele que o homem nasce e descansa o ano inteiro,
Criança,
esposo, ancião, avó, mãe ou donzela.
Funéreo
ou nupcial, quando a hissope o pincela
Sob
o ramo bendito ou o negro cruzeiro,
Tudo
nele começa e tem seu paradeiro,
Do
primeiro arrebol à luz da última vela.
Pobre,
tosco, cerrado, ou, do laquear, vaidoso,
Triunfalmente
dourado ou de rubro glorioso,
Que
seja de harto roble,— cipreste ou acer
brando;
Ditosos
quantos dormem e em tempo algum temeram
No
leito paternal, maciço e venerando,
Onde
todos os seus nasceram e morreram.
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