Bulhão
Pato - Aspectos biográficos
Texto publicado originalmente na revista "Lusitânia", em edição de 1929. Transcrição e atualização ortográfica de Iba Mendes (2018)
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Era um bom, um justo e um santo, além de um
espírito cultíssimo e de uma imaginação fecunda.
Bulhão Pato
foi também revolucionário combatente, servindo de armas na mão contra as
prepotências e tiranias do seu tempo, nos movimentos políticos de 1847.
É do
conhecimento de todos a grande manifestação de simpatia ao ilustre escritor,
quando ele e Teófilo Braga se apresentaram no Parlamento Português, como
representantes da imprensa, para protestar, por ocasião da ditadura franquista,
contra a célebre lei repressiva que tolhia inquisitorialmente a liberdade de
escrever. Nesse momento, uma enorme multidão aclamou os dois venerandos
cidadãos e o Parlamento recebeu-os com o respeito a que têm direito os homens
eminentes, que se impõem a todos, pelas virtudes e pelo saber.
Foi esta a
sua última glorificação em vida. Depois, minado pela doença, enfraquecido pela
idade, torturado pela miséria, o resto da sua vida foi um caminhar lento e arrastado
para o túmulo.
Raimundo de
Bulhão Pato, nasceu a 3 de março de 1829, sendo oriundo de uma estirpe ilustre.
Aos 17 anos,
já compunha lindos versos, reveladores das suas grandes faculdades de escritor.
Formou e educou o seu espírito na convivência de homens como Herculano, Garrett
e Rebelo da Silva.
Foi notável também corno orador de assembleias e academias, sendo o seu maior trabalho literário A Paquita, que teve de Alexandre Herculano palavras consagradoras.
Independente
da sua obra original, Bulhão Pato foi também um admirável tradutor das obras de
Hugo, Shakespeare, Renan, Lamartine, Saint-Pierre e Balzac.
Era um
artista e um pensador, que se manifestou com igual brilho, como prosador,
contista poeta e orador combativo e erudito.
Bulhão Pato
aliava ao seu talento de escol, um belo caráter e uma alma bem formada; e foi
apoiado nessas forças que ele suportou, com dignidade, os últimos dias da sua
penosa existência.
Revista
"Lusitânia", outubro de 1929.
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