Manuel Maria Barbosa du Bocage,
ou Emano Sadino na Nova Arcádia, nasceu em Setúbal, em 1765. Órfão aos dez
anos, com dezesseis assenta praça no Exército e, a seguir, na Marinha, em
Lisboa. Gasta então mais do seu tempo numa desenfreada vida boêmia que lhe
espicaça o gosto pelo repentismo e lhe confere duvidoso e efêmero prestígio.
Enamora-se de Gertrudes, que posteriormente se casaria com seu irmão. Em 1786,
parte em viagem para a Índia, como guarda-marinha. Escala no Rio de Janeiro.
Vive em Goa e Damão, de onde foge para Macau por dívidas de jogo. Seu amigo
Joaquim Pereira de Almeida o recambia para a Pátria, aonde chega em 1790.
Integra-se na Nova Arcádia. No ano seguinte, publica as Rimas. Cedo provoca a inveja e a desconfiança, a primeira por seu
talento, a segunda pelo fato de nutrir ideais enciclopedistas e libertários.
Preso (1797), mais adiante é transferido para o Hospício das Necessidades, onde
conhece relativa tranquilidade espiritual. Em liberdade, passa a trabalhar como
tradutor para manter-se e à sua irmã.
Bocage é considerado o maior e o
melhor poeta árcade da literatura portuguesa. Cultivou a poesia satírica, mas
revelou-se um dos grandes sonetistas portugueses em suas composições líricas.
Bocage adotou o pseudônimo de
Elmano Sadino. Note que Elmano é o próprio nome Manuel, em forma de anagrama, e
Sadino refere-se ao rio Sado, da cidade de Setúbal, onde nasceu o poeta.
Bocage escreveu poesias líricas,
sobretudo em forma de sonetos, descrevendo a natureza como local ideal de vida,
falando de pastoras, de deuses mitológicos, o que indica a influência do modelo
clássico. Ainda sob essa influência, o poeta procura expressar emoções de
maneira moderada, demonstrando que a razão deve estar em primeiro plano.
Entretanto sua poesia revela muito de sua emoção pessoal, de sua experiência
individual: a mulher pastora ganha forma e aparece como mulher sensual,
atraente.
A poesia lírica de Bocage revela
que o poeta se formou dentro dos valores contidos, moderados e racionais do
Arcadismo, mas que evoluiu para uma poesia em que os sentimentos, a tristeza, a
presença da idéia da morte vêm prenunciar o Romantismo e a temática do início
do século XIX.
O Bocage piadista, satírico e
imoral, é fruto da imaginação popular. Famoso por ser censurado pelas poesias
em que critica os valores monarquistas e católicos, criou-se o mito do Bocage
anedótico: anedotas picantes são sempre atribuídas a ele. Nos últimos meses de
sua vida, reconcilia-se com a religião e escreve os célebres sonetos:
Meu ser evaporei na lida insana e Já Bocage não sou.
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Referências Bibliográficas (Pesquisa Iba Mendes, 2014):
1. Massaud Moisés: A Literatura Portuguesa através dos textos,
22ª Edição. Editora Culturix. São Paulo, 1997. ,
2. Maria da Conceição Castro: Língua & Literatura. Editora Saraiva,
1ª edição. São Paulo, 1993.
3. Paschoalin & Spadoto: Literatura, Gramática & redação.
Editora FTD. São Paulo, 1986.
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