Extraído do Livro "História da Literatura Brasileira", publicado no ano de 1916. Pesquisa, transcrição e atualização ortográfica: Iba Mendes (2018)
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A prosa portuguesa chamada, não
se sabe ao certo por que, de clássica é do século XVI. Não são, porém, dessa
era, mas da seguinte, os seus mais acabados modelos. Apreciada sem os comuns
preconceitos do casticismo, verifica-se não atingiu ainda então a expressão
cabal e perfeita de um pensamento que por largo e humano merecesse viver.
Desde o século anterior, o
sentimento português com as suas especiais qualidades exprimiu-se em magníficas
formas poéticas que iniciavam o peculiar lirismo nacional e entravam a dar à
poesia portuguesa a sua distinção. Quiçá essa raça sentimental e poética
carecia de um pensamento tão particular quanto o era o seu sentimento. Não se
lhe encontra a expressão na prosa. O seu foi aliás sempre mesquinho e de
repetição. Faltou-lhe imaginação criadora, poder de generalização, faculdades
filosóficas. A prosa, a linguagem apropriada ao revelar ficou-lhe em todo o
tempo inferior à poesia. Mesmo no período apelidado áureo da literatura
portuguesa, a prosa vacilou entre o "estilo metafísico bárbaro dos rudes
escritores do século XV", segundo a qualificação de Herculano, e o falso
polimento culto do século XVII. Sincretizam-se as duas feições ainda nos
melhores escritores dessa época, deparam-se-nos ambas sem grande esforço de
procura nos mais afamados.
No Brasil, desde que se começou a
escrever prosa a que já possamos chamar de literária, foram justamente os
defeitos dessa prosa portuguesa, a dureza e simultaneamente o amaneirado do
frasear, o inchado e o retorcido da expressão, com o sacrifício intencional da
sua correnteza e naturalidade, que predominaram. Quando aqui se começou a fazer
prosa, a feição dominante da portuguesa era o gongorismo, o hipérbaton, as
construções arrevesadas e rebuscadas, os trocadilhos. Um estilo presumidamente
poético ou eloquente, mas de fato apenas túmido e enfático. Era esse o estilo
culto do qual o padre Vieira, inconsciente de que era por muito o seu, dizia,
praticando-o na sua mesma censura: "Este desventurado estilo de que hoje
se usa, os que o querem honrar chamam-lhe culto, e os que o condenam chamam-lhe
escuro, mas ainda lhe fazem muita honra. O estilo culto não é escuro, é negro
boçal e muito cerrado." Se tal era ainda nos melhores escritores da
Metrópole e estilo literário da época em que se começou a escrever no Brasil,
que podia ele ser na grossa colônia nascente?
Do século XVI escrito no Brasil,
se não por brasileiro nato, por brasileiro adotivo, nacionalizado por longa
residência no país e enraizamento nele por família aqui constituída e bens aqui
adquiridos, só nos resta um livro, o Tratado
descritivo do Brasil, por Gabriel Soares de Sousa, terminado em 1587. Nem
pelo estímulo que o originou, nem pelo seu propósito, nem pelo estilo é o livro
de Gabriel Soares obra literária. Era, como diríamos hoje, um memorial de
concessão apresentado ao Governo, como justificativa dos favores que para a sua
empresa de exploração do país lhe pedia o autor. A obra, porém, lhe excedeu o
propósito. Deu a este memorial desusada extensão e uma amplitude que o fez
abranger a história e a geografia, no seu mais largo sentido, da grande colônia
americana então sob o domínio espanhol. A sinceridade da sua longa, minuciosa e
exata informação não chegam a prejudicar-lhe os gabos e encarecimentos da
terra, que no forasteiro aclimado reveem uma viva e tocante afeição ao seu
exótico país de adoção, onde passara da pobreza à abastança, a que consagrara o
melhor da sua existência e atividade, onde amara e fora amado, fizera família e
iria morrer na busca aventurosa e dura das suas riquezas nativas. Podíamos
portanto adotá-lo por nosso se acaso este simpático feitio de sua obra não
revisse também o propósito de empreiteiro de facilitar-se a mercê impetrada,
justificando-a sobejamente com a notícia interesseira da terra que se propunha
a explorar.
Como não era um letrado e a sua
"tenção, conforme declara, não foi escrever história que deleitasse com
estilo e boa linguagem", e não esperava "tirar louvor desta
escritura", saiu-lhe a obra, embora rude de feitura e pouco castigada de
linguagem, menos eivada dos vícios literários do tempo, e, por virtude do
próprio assunto, muito mais interessante e proveitosa ainda hoje do que a maior
parte das que então mais classicamente se escreviam, sermonários, vidas de
santos, crônicas de reis, de príncipes e magnatas, livros de devoção e
milagrices.
Nunca publicada antes que o fizesse
sem ainda lhe saber o autor, em 1825,
a Academia Real das Ciências de Lisboa, a obra de
Gabriel Soares, sem embargo de inédita, não passou desapercebida aos curiosos
do seu objeto, imediatos ou posteriores ao inteligente e laborioso reinol. Se a
não compulsou o nosso primeiro cronista nacional, Frei Vicente do Salvador,
conheceram-na e versaram-na o clássico autor dos Diálogos de vária história, Pedro de Mariz, Jaboatão, o perluxo
cronista franciscano, Simão de Vasconcelos, o não menos difuso e não menos
gongórico cronista jesuíta, o bom autor da Corografia
brasileira, Aires de Casal, e depois, mas ainda em antes dela impressa,
outros historiadores e noticiadores do Brasil, Roberto Southey, Ferdinand
Denis, Martius. As numerosas cópias manuscritas (Varnhagen dá notícia de vinte)
que sem embargo do seu volume (de mais de trezentas páginas impressas in 8º)
desta obra se fizeram, indicam que se permaneceu inédita não foi porque a
houvessem por desinteressante ou somenos. Somente o suspicaz ciúme com que a metrópole
evitava a divulgação das suas colônias pode explicar assim ter permanecido obra
de tanta valia.
Gabriel Soares de Sousa, nascido
em Portugal pelos anos de 1540, veio para o Brasil pelos de 1565 a 1569. Na Bahia
estabeleceu-se como colono agrícola. Ali casou e prosperou a ponto de nos
dezessete anos de estada se fazer senhor de um engenho de açúcar, e abastado,
como do seu testamento se depreende. Ganhando com a fortuna posição, foi dos
homens bons da terra e vereador da Câmara do Salvador. Um irmão seu que,
parece, o precedera no Brasil havia feito explorações no sertão de São
Francisco, onde presumira haver descoberto minas preciosas. Falecido ele, quis
Gabriel Soares prosseguir as suas explorações e descobrimentos. Com este
propósito passou à Europa em 1584,
a fim de solicitar da Corte da Madri autorização e
favores para o seu empreendimento de procura e exploração de tais minas. Por
justificar os seus projetos e requerimentos, e angariar-se a boa vontade dos
que podiam fazer-lhe as graças pedidas, nomeadamente do Ministro D. Cristóvão
de Moura, redigiu nos quatro anos de 1584 a 1587 o longo memorial, como ele próprio
lhe chamou, que conservado inédito até o século passado, foi nele publicado sob
títulos diferentes, o qual constitui uma verdadeira enciclopédia do Brasil à
data da sua composição.
Gabriel Soares, sujeito de bom
nascimento se não fidalgo de linhagem, suficientemente instruído,
sobreinteligente, era curioso de observar e saber, e excelente observador como
revela o seu livro. Embora determinado por uma necessidade de momento, não foi
este composto de improviso e de memória. Para o redigir serviu-se, como
declara, das "muitas lembranças por escrito" que nos dezessete anos
da sua residência no Brasil fez do que lhe pareceu digno de nota. Obtidas as
concessões e favores requeridos, nomeado capitão-mor e governador da conquista
que fizesse e das minas que descobrisse, partiu para o Brasil em 1591, com uma
expedição de trezentos e sessenta colonos e quatro frades. Malogrou-se-lhe
completamente a empresa, pois não só naufragou nas costas de Sergipe mas depois
veio, com o resto da expedição que conseguira salvar do naufrágio e
reconstituíra na Bahia, a perecer nos sertões pelos quais se internara. Seus
ossos, mais tarde trazidos para a Bahia, foram e se acham sepultados na
capela-mor da igreja do mosteiro de São Bento, tendo sobre a lápide que os
recobre o epitáfio: "Aqui jaz um pecador" segundo o disposto no seu
testamento. Deste documento induz-se que era homem abastado, devoto, nimiamente
cuidadoso da salvação da sua alma, mediante esmolas, obras pias, missas e
quejandos recursos que aos católicos se deparam para o conseguir.
Não é propriamente a obra de
Gabriel Soares literária, nem pela inspiração, nem pelo propósito, nem pelo
estilo. Só o é no sentido, por assim dizer material, da palavra literatura. O
estilo é, como pertinentemente mostrou Varnhagen, aliás achando-lhe encanto que
lhe não conseguimos descobrir rude, primitivo e pouco castigado, mas em suma
menos viciado dos defeitos dos somenos escritores contemporâneos, mais
desartificioso do que o começavam a usar os seus coevos, como de homem que não
fazia literatura e não cuidava de imitar os que a faziam.
É grande, porém, o mérito
especial dessa obra. Varnhagen se o encareceu não o exagerou demasiado
escrevendo, ele que mais do que ninguém a estudou e conheceu: "Como
corógrafo o mesmo é seguir o roteiro de Soares que o de Pimentel ou de Roussin;
em topografia ninguém melhor do que ele se ocupou da Bahia; como fitólogo
faltam-lhe naturalmente os princípios da ciência botânica; mas Dioscórides ou
Plínio não explicam melhor as plantas do velho mundo que Soares as do novo, que
desejava fazer conhecidas. A obra contemporânea que o jesuíta José de Acosta
publicou em Sevilha em 1590, com o título de História natural e moral das Índias e que tanta celebridade chegou
a adquirir, bem que pela forma e assuntos se possa comparar à de Soares, é-lhe
muito inferior quanto à originalidade e cópia de doutrina. O mesmo dizemos das
de Francisco Lopes de Câmara e de Gonçalo Fernandez de Oviedo. O grande Azara,
com o talento natural que todos lhe reconhecem, não tratou instintivamente, no
fim do século passado, da zoologia austro-americana melhor que o seu
predecessor português; e numa etnografia geral de povos bárbaros, nenhumas
páginas poderão ter mais cabida pelo que respeita ao Brasil, o que nos legou o
senhor do engenho das vizinhanças de Jequiriçá. Causa pasmo como a atenção de
um só homem pôde ocupar-se em tantas coisas "que juntas se veem
raramente", como as que se contêm na sua obra, que trata a um tempo, em
relação ao Brasil, de geografia, de história, de topografia, de hidrografia, de
agricultura entretrópica, de horticultura brasileira, de matéria médica
indígena em todos os seus ramos e até de mineralogia". Não é excessivo
este juízo, e quem o emitia tinha competência para o fazer.
Um outro português, o padre
Jesuíta Fernão Cardim, que também viveu no Brasil, deixou dois escritos de
pouco tomo, pelos quais tem sido, a meu ver impertinentemente, incluído na
história da nossa literatura como um dos seus primitivos escritores. Menores
são ainda que os de Gabriel Soares os seus títulos a pertencer à nossa
literatura. O a todos os respeitos mais considerável e melhor dos seus dois
escritos são duas cartas que desde o Brasil endereçou ao Provincial da
Companhia em Portugal, recontando-lhe, miudamente, e de modo verdadeiramente
interessante, uma viagem de inspeção jesuítica por algumas de nossas
capitanias. Varnhagen, que as descobriu, publicou-as em 1847 com o título
factício de Narrativa epistolar de uma
viagem e missão jesuítica pela Bahia, Ilhéus, Porto Seguro, Pernambuco,
Espírito Santo, Rio de Janeiro, etc., desde o ano de 1583 ao de 1590.
Embora documento interessantíssimo para o estudo das missões jesuíticas e da
mesma vida colonial no primeiro século, não tem a obra de Fernão Cardim, se
obra se lhe pode chamar, o interesse bem mais geral, a importância e a valia da
de Gabriel Soares. A sua inclusão na nossa literatura é tão legítima como o
seria a de toda a correspondência jesuítica daqui desde Nóbrega até o padre
Antônio Vieira, e ainda além. No desenvolvimento da nossa literatura não teve
esta de Fernão Cardim sequer a parte que é lícito atribuir à de Gabriel Soares,
pelo que desta aproveitaram os posteriores autores brasileiros.
Outro escrito que se lhe imputa
com fundados motivos mas sem absoluta certeza é a monografia, como lhe
chamaríamos hoje, Do princípio e origem
dos índios do Brasil e dos seus costumes, adorações e cerimônias, título também
factício.
Pertence a esta primeira fase da
literatura colonial e a mesma sorte destes, o curioso escrito Diálogos das grandezas do Brasil,
descobertos e divulgados por Varnhagen.
Ignora-se-lhe ainda hoje o autor.
Ao invés do que primeiramente supôs Varnhagen, que o atribuiu a brasileiro,
nomeadamente a Bento Teixeira, o poeta da
Prosopopeia, deve de tê-lo escrito em português. Mas um
português, como tantos aqui houve, e dos quais é Gabriel Soares ótimo exemplar,
naturalizado por longo estabelecimento na terra, afeiçoado a ela, identificado
com ela, a ponto de tomar-lhe calorosamente a defesa contra um patrício
recém-chegado e de exagerar-lhe as excelências como um zeloso patriota. Quem
quer que fosse, era homem instruído, grande conhecedor do Brasil,
simpaticamente curioso dos seus aspectos naturais e sociais e de todas as
exóticas feições da nova terra. Instruído, esclarecido e judicioso, as suas
muitas observações sobre a administração, os hábitos, a economia e mais faces
do país, são geralmente bem feitas e acertadas. Algumas surpreendem-nos pela
agudeza e perspicácia. Tais são, em 1618, apenas passado um século do
descobrimento e não acabado ainda o da colonização, os seus reparos da
indolência, indiferença e índole afidalgada dos moradores do Brasil que tudo
fiavam do escravo, escusando-se ao trabalho. Mais notável é ainda que tenha
desde então verificado a influência civilizadora da América na Europa, ou ao
menos no europeu, para cá imigrado e aqui tornado, graças à riqueza adquirida e
à sua indistinção de classes, de rústico em policiado. Realmente a parte da América na
civilização, na polícia, como diziam os nossos clássicos, e escreve o autor dos
Diálogos das grandezas, é muito maior
do que se não pensa. São milhões os europeus que tendo para ela vindo de todo broncos,
grosseiramente trajados, sem nenhuns hábitos de asseio, conforto ou civilidade,
e com as manhas inerentes à sua miserável posição na mãe pátria, logram com a
fortuna crescer de situação e emparelhar com as melhores classes americanas.
Destas tomam estilos de vida, imitadas por elas das melhores da Europa, das
quais acolá os preconceitos de casta, aqui desconhecidos, os traziam afastados.
A transformação começada pelo que podemos chamar o hábito externo se completa
pelo convívio dessas classes, cujo comércio lhes é facilitado pela fortuna e
posição aqui facilmente adquiridas. Muitíssimos além desta educação indireta, a
fazem formalmente frequentando as nossas escolas ou particularmente tomando
mestres, o que lhes seria muito mais difícil nos seus países de origem. E a
América restitui à Europa desbastados da sua grosseria originária, limpos, no
rigor da expressão, civilizados, polidos, com o melhor feitio físico e social,
milhões de sujeitos que lhe vêm boçais e crassos. Devolve-lhe cavalheiro quem lhe
chegou labrego. É admirável que este fato interessantíssimo não tenha escapado
ao perspicaz observador dos Diálogos das
grandezas, que, notando-o, do mesmo passo o atesta aqui desde o começo do
século XVII. "O Brasil é praça do mundo, assenta-se ele, se não fazemos
agravo a algum reino ou cidade em lhe darmos tal nome, e juntamente academia
pública, onde se aprende com muita facilidade toda a polícia, bom modo de
falar, honra dos termos de cortesia, saber bem negociar e outros atributos
desta qualidade". E como seu interlocutor lhe retorquisse que não devia de
ser assim, e antes pelo contrário, pois o Brasil se povoara primeiramente com
"degradados e gente de mau vier" e por conseguinte pouco político,
pois carecendo de nobreza lhe faltava necessariamente a polícia, Brandônio,
pseudônimo com que se disfarça o autor, retruca-lhe: "Nisso não há dúvida,
mas deveis saber que esses povoadores, que primeiramente vieram povoar o
Brasil, a poucos lanços pela largueza da terra, deram em ser ricos, e com a
riqueza foram largando de si a ruim natureza, de que as necessidades e pobrezas
que padeciam no Reino os faziam usar, e os filhos de tais já entronizados com a
mesma riqueza e governo da terra despiram a pele velha, como cobra, usando em
tudo de honradíssimos termos com se ajuntarem a isso o haverem vindo depois a
este Estado muitos homens nobilíssimos e fidalgas, os quais casaram nele e se
liaram em parentesco com os da terra, em forma que se há feito entre todos uma
mistura de sangue assaz nobres. Então como neste Brasil concorrem de todas as
partes diversas condições de gente a comerciar, e este comércio o tratam com os
naturais da terra, que geralmente são dotados de muita habilidade, ou por
natureza do clima, ou do bom céu de que gozam, tomam dos estrangeiros tudo o
que acham bom, de que fazem excelente conserva para a seu tempo usarem
dela."
Literariamente estes Diálogos, sem serem romance ou novela,
são uma ficção, a primeira escrita no Brasil. O processo de diálogos, já o
notou Varnhagen, estava então em moda em Portugal, para a exposição de ideias e
noções de ordem moral, política ou econômica. São principalmente desta ordem as
que intenta divulgar o autor deste, com o propósito manifesto de propaganda,
como hoje diríamos, do Brasil, por um português que laços diversos de interesse
e amor apegariam à terra, da qual fala carinhosamente. Pela língua e estilo,
embora não sejam nem uma nem outro primorosos, são estes Diálogos o que melhor nos legou a escrita portuguesa no Brasil
nesta primeira fase da produção literária aqui. Por ambos é de um quinhentista
que, justamente por não ser um literato, não trazia ainda a eiva do século
literário que começava. Escrevendo, com interesse e amor, de coisas novas,
inéditas, bem conhecidas suas, fê-lo com maior objetividade, inteligência e
simpleza do que era comum em livros portugueses contemporâneos. E, ao menos
para nós brasileiros, mais interessantemente. Em nenhum outro sobre o Brasil e
aqui escrito na mesma época ou ainda imediatamente depois, se encontram tantos
testemunhos de mestiçagem que aqui se começava a operar, e já ia mesmo
relativamente adiantada, da comunhão das gentes diversas que neste país se
encontraram. E como ao cabo é tal mestiçagem, não só fisiológica senão
psicológica também, que distinguirá o grupo brasileiro, dar-lhe-á feição
própria e atuará a sua expressão literária, são os Diálogos das grandezas um estimável subsídio da nossa história
literária.
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Imagens:
Biblioteca Nacional Digital do Brasilhttp://memoria.bn.br
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