Terpsícore
Pesquisa e atualização ortográfica: Iba Mendes (2017)
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Glória, abrindo os olhos, deu com o marido sentado na cama, olhando para a
parede, e disse-lhe que se deitasse, que dormisse, ou teria de ir para a
oficina com sono.
— Que dormir o quê, Glória? Já deram seis
horas.
— Jesus! Há muito tempo?
— Deram agora mesmo.
Glória arredou de cima de si a colcha de
retalhos, procurou com os pés as chinelas, calçou-as, e levantou-se da cama;
depois, vendo que o marido ali ficava na mesma posição, com a cabeça entre os
joelhos, chegou-se a ele, puxou-o por um braço, dizendo-lhe carinhosamente que
não se amofinasse, que Deus arranjaria as coisas.
— Tudo há de acabar bem, Porfírio. Você mesmo
acredita que o senhorio bote os nossos trastes no Depósito? Não acredite; eu
não acredito. Diz aquilo para ver se a gente arranja o dinheiro.
— Sim, mas é que eu não arranjo, nem sei onde
hei de buscar seis meses de aluguel. Seis meses, Glória; quem é que me há de
emprestar tanto dinheiro? Seu padrinho já disse que não dá mais nada.
— Vou falar com ele.
— Qual, é à toa.
— Vou, peço-lhe muito. Vou com mamãe; ela e
eu pedindo...
Porfírio abanou a cabeça.
— Não, não, disse ele. Você sabe o que é
melhor? O melhor é arranjar casa por estes dias, até sábado; mudamo-nos, e
depois então veremos se se pode pagar. Seu padrinho o que podia era dar uma
carta de fiança... Diabo! tanta despesa! Conta em toda a parte! é a venda! é a
padaria! é o diabo que os carregue. Não posso mais. Gasto todo o santo dia
manejando a ferramenta, e o dinheiro nunca chega. Não posso, Glória, não posso
mais...
Porfírio deu um salto da cama, e foi
preparar-se para sair, enquanto a mulher, lavada a cara às pressas, e
despenteada, cuidou de fazer-lhe o almoço. O almoço era sumário: café e pão.
Porfírio engoliu-o em poucos minutos, na ponta da mesa de pinho, com a mulher
defronte, risonha de esperança para animá-lo. Glória tinha as feições
irregulares e comuns; mas o riso dava-lhe alguma graça. Nem foi pela cara que
ele se enamorou dela; foi pelo corpo, quando a viu polcar, uma noite, na Rua da
Imperatriz. Ia passando, e parou defronte da janela aberta de uma casa onde se
dançava. Já achou na calçada muitos curiosos. A sala, que era pequena, estava
cheia de pares, mas pouco a pouco foram-se todos cansando ou cedendo o passo à
Glória.
— Bravos à rainha! exclamou um entusiasta.
Da rua, Porfírio cravou nela uns olhos de
sátiro, acompanhou-a em seus movimentos lépidos, graciosos, sensuais, mistura
de cisne e de cabrita. Toda a gente dava lugar, apertava-se nos cantos, no vão
das janelas, para que ela tivesse o espaço necessário à expansão das saias, ao
tremor cadenciado dos quadris, à troca rápida dos giros, para a direita e para
a esquerda. Porfírio misturava já à admiração o ciúme; tinha ímpetos de entrar
e quebrar a cara ao sujeito que dançava com ela, rapagão alto e espadaúdo, que
se curvava todo, cingindo-a pelo meio.
No dia seguinte acordou resoluto a namorá-la
e desposá-la. Cumpriu a resolução em pouco tempo, parece que um semestre.
Antes, porém, de casar, logo depois de começar o namoro, Porfírio tratou de
preencher uma lacuna da sua educação; tirou dez mil-réis mensais à féria do
ofício, entrou para um curso de dança, onde aprendeu a valsa, a mazurca, a
polca e a quadrilha francesa. Dia sim, dia não, gastava ali duas horas por
noite, ao som de um oficlide e de uma flauta, em companhia de alguns rapazes e
de meia dúzia de costureiras magras e cansadas. Em pouco tempo estava mestre. A
primeira vez que dançou com a noiva foi uma revelação: os mais hábeis
confessavam que ele não dançava mal, mas diziam isso com um riso amarelo, e uns
olhos muito compridos. Glória derretia-se de contentamento.
Feito isso, tratou ele de ver casa, e achou
esta em que mora, não grande, antes pequena, mas adornada na frontaria por uns
arabescos que lhe levaram os olhos. Não gostou do preço, regateou algum tempo,
cedendo ora dois mil-réis, ora um, ora três, até que, vendo que o dono não
cedia nada, cedeu ele tudo.
Tratou das bodas. A futura sogra propôs-lhe
que fossem a pé para a igreja, que ficava perto; ele rejeitou a proposta com
seriedade, mas em particular com a noiva e os amigos riu da extravagância da
velha: uma coisa que nunca se viu, noivos, padrinhos, convidados, tudo a pé, à
laia de procissão; era caso de levar assobio. Glória explicou-lhe que a
intenção da mãe era poupar despesas. Que poupar despesas? Mas se num dia grande
como esse não se gastava alguma coisa, quando é que se havia de gastar? Nada;
era moço, era forte, trabalho não lhe metia medo. Contasse ela com um bonito coupé, cavalos brancos, cocheiros de
farda até abaixo e galão no chapéu.
E assim se cumpriu tudo; foram bodas de
estrondo, muitos carros, baile até de manhã. Nenhum convidado queria acabar de
sair; todos forcejavam por fixar esse raio de ouro, como um hiato esplêndido na
velha noite do trabalho sem tréguas. Mas acabou; o que não acabou foi a
lembrança da festa, que perdurou na memória de todos, e servia de termo de
comparação para as outras festas do bairro, ou de pessoas conhecidas. Quem
emprestou dinheiro para tudo isso foi o padrinho do casamento, dívida que nunca
lhe pediu depois, e lhe perdoou à hora da morte.
Naturalmente, apagadas as velas e dormidos os
olhos, a realidade empolgou o pobre marceneiro, que a esquecera por algumas
horas. A lua-de-mel foi como a de um simples duque; todas se parecem, em
substância; é a lei e o prestígio do amor. A diferença é que Porfírio voltou
logo para a tarefa de todos os dias.
Trabalhava sete e oito horas numa loja. As
alegrias da primeira fase trouxeram despesas excedentes, a casa era cara, a
vida foi-se tornando áspera, e as dívidas foram vindo, sorrateiras e miudinhas,
agora dois mil-réis, logo cinco, amanhã sete e nove. A maior de todas era a da
casa, e era também a mais urgente, pois o senhorio marcara-lhe o prazo de oito
dias para o pagamento, ou metia-lhe os trastes no Depósito.
Tal é a manteiga com que ele vai untando
agora o pão do almoço. É a única, e tem já o ranço da miséria que se aproxima.
Comeu às pressas, e saiu, quase sem responder aos beijos da mulher. Vai tonto,
sem saber que faça; as ideias batem-lhe na cabeça à maneira de pássaros
espantados dentro de uma gaiola. Vida dos diabos! tudo caro! tudo pela hora da
morte! E os ganhos eram sempre os mesmos. Não sabia onde iria parar, se as
coisas não tomassem outro pé; assim é que não podia continuar. E soma as
dívidas: tanto aqui, tanto ali, tanto acolá, mas perde-se na conta ou deixa-se
perder de propósito, para não encarar todo o mal. De caminho, vai olhando para
as casas grandes, sem ódio — ainda não tem ódio às riquezas — mas com saudade,
uma saudade de coisas que não conhece, de uma vida lustrosa e fácil, toda
alagada de gozos infinitos...
Às aves-marias, voltando a casa, achou Glória
abatida. O padrinho respondeu-lhe que eles tinham as mãos rotas, e não dava
mais nada enquanto fossem um par de malucos.
— Mas o que dizia eu a você, Glória? Para que
é que você foi lá? Ou então era melhor ter pedido uma carta de fiança para
outro senhorio... Par de malucos! Maluco é ele!
Glória aquietou-o, e falou-lhe de paciência e
resolução. Agora, o melhor era mesmo ver outra casa mais barata, pedir uma
espera, e depois arranjar meios e modos de pagar tudo. E paciência, muita
paciência. Ela pela sua parte contava com a madrinha do céu. Porfírio foi
ouvindo, estava já tranquilo; nem ele pedia outra coisa mais que esperanças. A
esperança é a apólice do pobre; ele ficou abastado por alguns dias.
No sábado, voltando para a casa com a féria
no bolso, foi tentado por um vendedor de bilhetes de loteria, que lhe ofereceu
dois décimos das Alagoas, os últimos. Porfírio sentiu uma coisa no coração, um
palpite, vacilou, andou, recuou e acabou comprando. Calculou que, no pior caso,
perdia dois mil e quatrocentos; mas podia ganhar, e muito, podia tirar um bom
prêmio e arrancava o pé do lodo, pagava tudo, e talvez ainda sobrasse dinheiro.
Quando não sobrasse, era bom negócio. Onde diabo iria ele buscar dinheiro para
saldar tanta coisa? Ao passo que um prêmio, assim inesperado, vinha do céu. Os
números eram bonitos. Ele, que não tinha cabeça aritmética, já os levava de
cor. Eram bonitos, bem combinados, principalmente um deles, por causa de um 5
repetido e de um 9 no meio. Não era certo, mas podia ser que tirasse alguma
coisa.
Chegando a casa — na Rua de São Diogo — ia
mostrar os bilhetes à mulher, mas recuou; preferiu esperar. A roda andava dali
a dois dias. Glória perguntou-lhe se achara casa; e, no domingo, disse-lhe que
fosse ver alguma. Porfírio saiu, não achou nada, e voltou sem desespero. De
tarde, perguntou rindo à mulher o que é que ela lhe daria se ele lhe trouxesse
naquela semana um vestido de seda. Glória levantou os ombros. Seda não era para
eles. E por que é que não havia de ser? Em que é que as outras moças eram
melhores que ela? Não fosse ele pobre, e ela andaria de carro...
— Mas é justamente isso, Porfírio; nós não
podemos.
Sim, mas Deus às vezes também se lembra da
gente; enfim, não podia dizer mais nada. Ficasse ela certa de que tão depressa
as coisas... Mas não; depois falaria. Calava-se por superstição; não queria
assustar a fortuna. E mirando a mulher, com olhos derretidos, despia-lhe o
vestido de chita, surrado e desbotado, e substituía-o por outro de seda azul, —
havia de ser azul, — com fofos ou rendas, mas coisa que mostrasse bem a beleza
do corpo da mulher... E esquecendo-se, em voz alta:
— Corpo como não há de haver muitos no mundo.
— Corpo quê, Porfírio? Você parece doido,
disse Glória, espantada.
Não, não era doido, estava pensando naquele
corpo que Deus lhe deu a ela... Glória torcia-se na cadeira, rindo, tinha
muitas cócegas; ele retirou as mãos, e lembrou-lhe o acaso que o levou uma
noite a passar pela Rua da Imperatriz, onde a viu dançando, toda dengosa. E,
falando, pegou dela pela cintura e começou a dançar com ela, cantarolando uma
polca; Glória, arrastada por ele, entrou também a dançar a sério, na sala
estreita, sem orquestra nem espectadores. Contas, aluguéis atrasados, nada veio
ali dançar com eles.
Mas a fortuna espreitava-os. Dias depois,
andando a roda, um dos bilhetes do Porfírio saiu premiado, tirou quinhentos
mil-réis. Porfírio, alvoroçado, correu para a casa. Durante os primeiros
minutos não pôde reger o espírito. Só deu acordo de si no Campo da Aclamação.
Era ao fim da tarde; iam-se desdobrando as primeiras sombras da noite. E os
quinhentos mil-réis eram como outras tantas mil estrelas na imaginação do
pobre-diabo, que não via nada, nem as pessoas que lhe passavam ao pé, nem os
primeiros lampiões, que se iam acendendo aqui e ali. Via os quinhentos
mil-réis. Bem dizia ele que havia de tirar o pé do lodo; Deus não desampara os
seus. E falava só resmungando, ou então ria; outras vezes dava ao corpo um ar superior.
Na entrada da Rua de São Diogo achou um conhecido que o consultou sobre o modo
prático de reunir alguns amigos e fundar uma irmandade de São Carlos. Porfírio
respondeu afoitamente:
— A primeira coisa é ter em caixa, logo, uns
duzentos ou trezentos mil-réis.
Atirava assim quantias grandes, embriagava-se
de centenas. Mas o amigo explicou-lhe que o primeiro passo era reunir gente,
depois viria dinheiro; Porfírio, que já não pensava nisso, concordou e foi
andando. Chegou a casa, espiou pela janela aberta, viu a mulher cosendo na
sala, ao candeeiro, e bradou-lhe que abrisse a porta. Glória correu à porta
assustada, ele quase que a deita no chão, abraçando-a muito, falando, rindo,
pulando, tinham dinheiro, tudo pago, um vestido; Glória perguntava o que era,
pedia-lhe que se explicasse, que sossegasse primeiro. Que havia de ser?
Quinhentos mil-réis. Ela não quis crer; onde é que ele foi arranjar quinhentos
mil-réis? Então Porfírio contou-lhe tudo, comprara dois décimos, dias antes, e
não lhe disse nada, a ver primeiro se saía alguma coisa; mas estava certo que
saía; o coração nunca o enganou.
Glória abraçou-o então com lágrimas. Graças a
Deus, tudo estava salvo. E chegaria para pagar as dívidas todas? Chegava:
Porfírio demonstrou-lhe que ainda sobrava dinheiro e foi fazer as contas com
ela, ao canto da mesa. Glória ouvia em boa-fé, pois só sabia contar por dúzias;
as centenas de mil-réis não lhe entravam na cabeça. Ouvia em boa-fé, calada,
com os olhos nele, que ia contando devagar para não errar. Feitas as contas,
sobravam perto de duzentos mil-réis.
— Duzentos? Vamos botar na Caixa.
— Não contando, acudiu ele, não contando
certa coisa que hei de comprar; uma coisa... Adivinha o que é?
— Não sei.
— Quem é que precisa de um vestido de seda,
coisa chique, feito na modista?
— Deixa disso, Porfírio. Que vestido, o quê?
Pobre não tem luxo. Bota o dinheiro na Caixa.
— O resto boto; mas o vestido há de vir. Não
quero mulher esfarrapada. Então, pobre não veste? Não digo lá comprar uma dúzia
de vestidos, mas um, que mal faz? Você pode ter necessidade de ir a alguma
parte, assim mais arranjadinha. E depois, você nunca teve um vestido feito por
francesa.
Porfírio pagou tudo e comprou o vestido. Os
credores, quando o viam entrar, franziam a cara; ele, porém, em vez de
desculpas, dava-lhes dinheiro, com tal naturalidade que parecia nunca ter feito
outra coisa. Glória ainda opôs resistência ao vestido; mas era mulher, cedeu ao
adorno e à moda. Só não consentiu em mandá-lo fazer. O preço do feitio e o
resto do dinheiro deviam ir para a Caixa Econômica.
— E por que é que há de ir para a Caixa?
perguntou ele ao fim de oito dias.
— Para alguma necessidade, respondeu a
mulher.
Porfírio refletiu, deu duas voltas, chegou-se
a ela e pegou-lhe no queixo; esteve assim alguns instantes, olhando fixo.
Depois, abanando a cabeça:
— Você é uma santa. Vive aqui metida no
trabalho; entra mês, sai mês, e nunca se diverte: nunca tem um dia que se diga
de refrigério. Isto até é mau para a saúde.
— Pois vamos passear.
— Não digo isso. Passear só não basta. Se
passear bastasse, cachorro não morria de lepra, acrescentou ele, rindo muito da
própria ideia. O que eu digo é outra coisa. Falemos franco, vamos dar um
pagode.
Glória opôs-se logo, instou, rogou,
zangou-se; mas o marido tinha argumentos para tudo. Contavam eles com esse
dinheiro? Não; podiam estar como dantes, devendo os cabelos da cabeça, ao passo
que assim ficava tudo pago, e divertiam-se. Era até um modo de agradecer o
benefício a Nosso Senhor. Que é que se levava da vida? Todos se divertiam; os
mais reles sujeitos achavam um dia de festa; eles é que haviam de gastar os
anos como se fossem escravos? E ainda ele, Porfírio, espairecia um pouco, via
na rua uma coisa ou outra; ela, porém, o que é que via? Nada, não via nada; era
só trabalho e mais trabalho. E depois, como é que ela havia de estrear o
vestido de seda?
— No dia da Glória, vamos à festa da Glória.
Porfírio refletiu um instante.
— Uma coisa não impede a outra, disse ele.
Não convido muita gente, não; patuscada de família; convido o Firmino e a
mulher, as filhas do defunto Ramalho, a comadre Purificação, o Borges...
— Mais ninguém, Porfírio; isso basta.
Porfírio esteve por tudo, e pode ser que
sinceramente; mas os preparativos da festa vieram agravar a febre, que chegou
ao delírio. Queria festa de estrondo, coisa que desse o que falar. No fim de
uma semana eram trinta os convidados. Choviam pedidos; falava-se muito do
pagode que o Porfírio ia dar, e do prêmio que ele tirara na loteria, uns diziam
dois contos de réis, outros três e ele, interrogado, não retificava nada,
sorria, evitava responder; alguns concluíam que os contos eram quatro, e ele
sorria ainda mais, cheio de mistérios.
Chegou o dia. Glória, iscada da febre do
marido, vaidosa com o vestido de seda, estava no mesmo grau de entusiasmo. Às
vezes, pensava no dinheiro, e recomendava ao marido que se contivesse, que
salvasse alguma coisa para pôr na Caixa; ele dizia que sim, mas contava mal, e
o dinheiro ia ardendo... Depois de um jantar simples e alegre, começou o baile,
que foi de estrondo, tão concorrido que não se podia andar.
Glória era a rainha da noite. O marido,
apesar de preocupado com os sapatos — novos e de verniz — olhava para ela com
olhos de autor. Dançaram muitas vezes, um com o outro, e a opinião geral é que
ninguém os desbancava; mas dividiam-se com os convidados, familiarmente. Deram
três, quatro, cinco horas. Às cinco havia um terço das pessoas, velha guarda imperial,
que o Porfírio comandava, multiplicando-se, gravata ao lado, suando em bica,
concertando aqui umas flores, arrebatando ali uma criança que ficara a dormir a
um canto e indo levá-la para a alcova, alastrada de outras. E voltava logo
batendo palmas, bradando que não esfriassem, que um dia não eram dias, que
havia tempo de dormir em casa.
Então o oficlide roncava alguma coisa,
enquanto as últimas velas expiravam dentro das mangas de vidro e nas arandelas.
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