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Por um caminho de arraial
Pesquisa e atualização ortográfica: Iba Mendes (2017)
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Era manhã. O sol faiscante e vivo punha no ar uma mornidão traspassante e
amolentadora.
Eu caminhava alegre e silencioso, sozinho, alagado de luz.
O caminho coleava infindavelmente diante de mim — largo, branco, plano,
convidativo. Marginavam-no ininterruptamente verduras pujantes e fecundas, de
onde se erguiam e se espalhavam no ambiente gorjeios doces de ninho e o aroma
inebriante das flores.
Grupos sonoros de meninos satisfeitos e pisoteadores que correm, gritam e
estrafegam, na distância livre e preciosa que vai do lar ao mestre —
desapareciam ao longe. Borboletas felizes passavam e repassavam, à luz de ouro
ardente, numa inquietude de asas, palpitando ao vento como pequeninos retalhos
de gaze colorida.
Aqui e além, desciam riachos, sob pontes rústicas de madeira, num murmúrio
perene e cristalino.
E ao lado das casinhas risonhas, alvas, enflorescidas e agrestes, cheias da
felicidade tranquila e virginal do campo, cobriam as cercas de pau a pique e
pintalgavam alegremente os pomares, irrompendo numa impetuosa e indomada
exuberância, as sanguíneas e revolucionárias pancetas, que dir-se-iam vivas triunfais à República saindo dentre
a Monarquia... das árvores!
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