Os subidas
Pesquisa e atualização ortográfica: Iba Mendes (2017)
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Li numa correspondência do Correio da Manhã que os parentes reinóis
do nosso presidente eram conhecidos na sua cidade natal por subidas.
Imediatamente me vieram à
lembrança aquelas grandes vontades descritas nos livros de Smiles, lidos na
nossa meninice. A lembrança não era descabida, pois aqueles, que pelas
dificuldades materiais do início de sua vida e pela grandeza de que se revestem
o final delas, merecem ser chamados subidas.
Lembrei-me de George
Stephenson, que de operário de mina chegou a ter seu nome eternizado na
locomotiva. Vi Watt, mísero fabricante de instrumentos de desenho, ligar seu
nome à máquina a vapor.
Recordou-me Franklin, tipógrafo, cujo nome ligado à eletricidade tem a dupla auréola de cientista e
patriota.
No caleidoscópio da minha memória
passou uma infinidade de nomes:
Johnson, alfaiate, presidente da
República americana depois; Lincoln, lenhador, alcançou também esse
alto cargo; Diderot, filho de um cuteleiro, foi o presidente do pensar francês
durante a segunda metade do século XVIII; D’Alembert, enjeitado, amigo deste
último, geômetra e filósofo de primeira grandeza; Evaristo da Veiga, entre nós,
alfarrabista, faz o grande fato do 7 de Abril.
A estes juntavam-se os de
Shakespeare, Cromwell, Locke e muitos outros; enfim, um rol de nomes célebres
na arte, na indústria, na ciência e em outros departamentos da atividade
humana.
E, então, pensei comigo:
— Quem sabe se a tal família não
tem essa denominação porque houvesse nela um grande número de filhos
comparáveis a estes grandes tipos?
Mas eu não rebusco a memória,
leio livros, consulto dicionários e nada!
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