(De uma frase de Dumas Filho)
Pesquisa e atualização ortográfica: Iba Mendes (2017)
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À pequenina mesa de chá que
Madame Peixoto Leroux me reservara naquela primeira reunião dos seus íntimos,
sentavam-se, à sombra das mangueiras seculares da sua linda chácara da Tijuca,
o desembargador Abelardo, a jovem Madame Costa Retore e, mais alegre que todos
nós reunidos, a encantadora Baronesa de São Bonifácio, recentemente chegada de
Londres. Risonha, graciosa, inteligente, a loura titular tomou conta, logo, de
todos nós, guiando a palestra com a habilidade com que dirige, às vezes, à
tarde, pelas estradas da Gávea, o seu grande automóvel de seis lugares. Ligando
os assuntos como quem liga, uma a uma, e continuamente, as pérolas do mesmo
colar, a Baronesa indagou, de repente:
— É verdade, que notícias me dão
vocês da Lilita Wilson?
O desembargador, que é
entendidíssimo em novidades de salão, alcova e cozinha, acudiu, pronto:
— Casou-se, outra vez. Logo que
lhe morreu o primeiro marido, casou-se com o Alberto Manzoni, de São Paulo. Com
a morte deste, na guerra, contraiu terceiras núpcias aqui mesmo.
— Com o Alexandre?
— Não; com o Viana Moreira, do
Rio Grande do Sul.
A Baronesa, sem mostrar espanto,
sorriu, e, após um gole de chá e de uma torradinha minúscula, que lhe encheu
toda a boca, lamentou, penalizada:
— Coitadinha! Até parece, já, o
rio Purus, descrito por Euclides da Cunha!
— O rio Purus? — estranhei,
pousando a chávena.
E a minha amiga, perversa.
— Então? Ela tem mudado tanto de
leito!...
Uma folha amarela que se
despregara da mangueira pôs termo à conversa, caindo, certeira, aos rodopios,
como uma flecha vegetal, na xícara vazia da Baronesa...
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