O mestre de redes
Pesquisa e atualização ortográfica: Iba Mendes (2017)
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I
—
Ah! é o inglês, o Tagus!
E
a voz grossa e rouca rompeu do caminho, rente à praia, dentre piteiras verdes
que lançavam ao céu gloriosamente, do meio da corbeille das folhas, as longas hastes finas, lembrando grandes
paus de bandeira nalgum chão de cidadela remota, abandonada à beira d'água,
invadida pela verdura espessa.
Então de um
grupo palrador de pescadores e roceiros que ali se juntavam sempre pelas manhãs
de calmaria, quando fora da faina das redes, alguns rapazes se ergueram
gritando:
—
É o seu Santos. Aí vem ele. Está
decidida a teima...
E um vulto
baixo, reforçado, tisnado, os cabelos alvejantes, apareceu, avançando, trôpego,
num movimento balançado de ombros, destacando vigorosamente no descampado da
restinga, que se abria, ali, num pequeno planalto gramoso dominando a vasta
baía, daquele lado do continente.
Desde
muito, aqueles homens, ali reunidos ao amanhecer, esperando o sinal dos vigias,
discutiam com ardor, em frases rudes agressivas, às vezes em conjunto, e
tumultuariamente, sobre coisas do mar, manobras de navegação, navios que
singravam — quando um
steamer apontou além, na barra, todo
negro sob a neblina argêntea. Alguns, apenas o fixaram, deram-lhe um nome. Mas
outros, obstinados, na presunção de conhecer bem os vapores, discordaram,
indicando outras designações, soltando nomes em profusão, no enleamento da
controvérsia, nomes estrangeiros, confusos e estropeados:
— É
o Finance, o Equateur,
o Orénoque, o
Polosi...
Outros
opunham-se, protestavam:
— Que não! Qual! Aqueles transatlânticos eles conheciam
bem. Não! Esse que ali vinha era da Mala Inglesa.
Até que
afinal o João Bernardo, um pescador e proprietário de redes, considerado, que
possuía o sangue calmo, e se conservara até ali calado, imóvel e taciturno como
sempre, sentindo-se irritado com “aquelas
baboseiras”, resolveu intervir:
— Que diabo estão vocês para aí a
dizer? Ninguém os entende. Deixem vir o seu
Santos, que lidou no mar, lá por fora. Ele é quem sabe. Para isso ninguém
como ele...
Os
outros, então, satisfeitos da ideia, num alvoroço, romperam:
— É verdade, o seu Santos é que vai decidir. Que homem! Conhecia os navios como as
palmas das mãos, conhecia-os às léguas...
E
estranhavam que o homem ainda não tivesse aparecido ali no alto da restinga,
onde era sempre o primeiro.
— Talvez estivesse dando a última
na rede do Porfírio, a que só faltavam os chumbeiros. Era um tresmalhão de
encher. Não havia segunda. Aquilo, lá fora, ia matar muito peixe...
Mal
tinham concluído, quando o velho, que de longe ouvira o berreiro e descortinara
o vapor, assomou no alto, exclamando:
—
Ah! É o inglês, o Tagus!
Efetivamente
era o Tagus que, agora, mostrava-se
em todo o comprimento, monstruoso, bem em frente à restinga, as grossas
chaminés fumegantes, aproado para o fundo da baía, mugindo poderosamente num
tom vibrantíssimo de basso profundo,
chamando as lanchas da visita...
Aquela
hora da manhã, nessa véspera de domingo, o sol enchia todo o céu com o seu
velário de ouro. Do pequeno planalto avistava-se, aqui e além, todo o longo
recorte da costa, numa desenhação muito nítida. Para um lado, ao norte,
destacando num relevo alteroso, a Boa Viagem, branquejando ao alto a sua
ermida, os morros da praia das Flechas e os menhirs
de Icaraí, evocando saudosamente certos recantos pinturescos da Armórica,
povoados de rochas druídicas: e a praia imensa, até ao Canto do Rio,
resplandecia nos panos cegantes das areias alvíssimas. Para o outro lado, ao
sul, faiscando magnificentemente, como topázio e mica, os grandes lagos azuis e
dormentes do Saco de São Francisco e Jurujuba, onde começa a rudez do longo
costão basáltico de Santa Cruz, com o seu perpétuo estendal de escomilha: e
estendendo-se em frente, a perder de vista, o mar, manso, majestoso e profundo,
achatando-se numa vastidão infinita.
II
O
seu Santos é um velho marinheiro que
rolou dezenas de anos no mar, ora em navios de vela, ora, mais modernamente, em
paquetes, em viagens de longo curso, ou na pequena cabotagem. De uma
descendência de pescadores e criado à beira-mar, onde nasceu, na curva branca e
arenosa da pitoresca enseada de São Francisco, bem tenro ainda começou a lutar
contra as ondas, cruzando ao longo das praias em pequenas canoas veleiras.
Embarcou, porém, pela primeira vez, para o mar alto, aos doze anos, num antigo
patacho — o
Jovem Princesa. A viagem era para os
Estados Unidos e, metido o carregamento, o navio arrancou, uma manhã, por um
ardente e dourado janeiro. À barra, quando o casco aproou para o norte, com
todo o pano ao vento, e o mar abriu-se, numa vastidão infinita e deserta, para
além, para além, e ele viu, popa afora, à distância, ir pouco a pouco
esmorecendo a cidade, as serras e a outra banda em frente, com a sua costa
risonha, as curvas brancas das praias onde a sua infância cantara e resplandecera
— desceu-lhe uma imensa melancolia, uma nostalgia da
família, dos que deixara ali, e desatou a chorar sobre a borda, numa intensa
saudade inexprimível, que lhe apunhalava o peito. Mas a faina rija de bordo
estancou, dentro em pouco, esses sentimentos, e Santos voltou à sua têmpera
resistente, de menino afeito a trabalhos, no meio do rumor das manobras, sob o
ranger da cordoalha sonora, nas amuradas balouçantes que as vagas lambiam. Ao
anoitecer, toda a longa costa saudosa perdera-se de vista, e o mar e o céu
foram-se cobrindo ricamente de um azul ferrete, onde apontava, numa vasta e
profusa rutilação, a cravação palpitante das estrelas...
Foi
nessa primeira viagem que conheceu todos os furores do oceano bravio, quase
perdendo a vida. Havia já três semanas que o navio velejava feliz, desde que
deixara o Rio. Porém uma noite, num mar agitado e crivado de ilhas, chamado
pelo capitão das Antilhas, um tufão de sudoeste caiu de repente, sob uma
trovoada sinistra. A princípio o patacho aguentou-se valentemente nas águas, em
meio dos vagalhões que o cobriam. Mas um mastaréu rebentou inesperadamente,
numa rajada mais rija. Houve um clamor, imprecações e gritos, e logo após, num
tumulto gigantesco, a submersão do navio. Toda a companhia, a bem dizer, perecera,
salvando-se apenas ele e dois companheiros, no fim de uma batalha tremenda, a
que teriam de sucumbir, se não fora a passagem, no outro dia, de um lúgar
inglês, que ia para o Mississipi... Voltara depois ao Brasil, continuando de
novo a sua vida de embarcadiço, na boêmia do mar, ora em navios de vela, ora a
soldadas por mês, em vapores. Fora também, durante muitos anos, boteleiro, no
tráfico do porto, e empregara-se longamente na pescaria, quer fora do barra,
quer nas águas da baía. Agora, já velho, com oitenta anos, é mestre de redes,
guia todos na grande arte, e vive dessas pequenas parcelas que ainda lhe dá o
mar. A sua vida presente é madrugar, levantar-se ainda escuro, na disciplina de
marítimo, agravada pela insônia de velho, tomar a sua boa caneca de café na
cozinha, olhar a criação no terreiro e fazer algumas braças de rede, logo às
primeiras horas do dia.
Sentado
num mocho, no vão de uma janela, o cesto dos novelos de fio ao pé, as primeiras
malhas presas de um prego no portal, voltado para a luz, com o seu velho
cachimbo nos beiços, fumegando e cuspindo, Santos move continuamente a agulha
de madeira com uma destreza de artista. E o belo tecido louro, cheirando a
gravatá, alonga-se e avulta, de instante a instante, por uma multidão de laçadas
que ele faz e arranca à malheira polida, ora vestindo-a, ora despindo-a de
fios. Depois, deixando o trabalho, encaminha-se para o mar, para o ponto
costumado, um alto de restinga, de onde trilhos de cabra feitos a pés, descem
até a praia, em que canoas repousam, puxadas, umedecidas pela maresia. Daí,
desse alto, que é seu domínio, o Observatório,
fumando e palrando arrastadamente, nada lhe escapa — uma vela que passa, lanchinhas ofegantes, pássaros, a
cor do mar, das nuvens, os longes neblinosos e vagos...
Em
volta dele reúnem-se logo os pescadores e roceiros vadios, para lhe ouvirem as
pitorescas histórias de viagens e os bons conselhos sobre a navegação e as
pescarias. Porque o Mestre de Redes é infalível no prognóstico do tempo e faz
previsões de dois a três dias.
Quando
alguém quer fazer com segurança uma viagem, consulta-o como a um oráculo. O
velho responde convictamente, peremptoriamente:
—
Pode ir à cidade, tem quatro horas; antes disso o tempo não cai.
É de admirável exatidão em coisas marítimas. Conhece bom número de
paragens litorais do globo, e retém no espírito, em desenhos vivos e nítidos,
paisagens e marinhas encantadoras de vários países, e de toda a costa do Brasil
até o Maranhão. As águas e o litoral rendilhado da baía do Rio não têm para ele
um só ponto desconhecido, desde as enseadas, os canais, até as ilhas e os rios.
De longe, de um só golpe de vista, assinala os lugares, caracteriza-os,
estabelece a distância. Nunca se engana.
Mas a nota
mais viva, frisante, característica, do Mestre de Redes, é o pendor, a
obstinação pela crítica, em matéria da grande arte náutica e em todas as
coisas. Tem a observação pessimista para a universalidade do existente, um
pessimismo de velho, de profissional antigo, julgando a sua época e a sua pessoa
superiores à atualidade. É incoercível e inexorável na análise universal,
sempre descontente, ralhando sempre, na sinceridade da sua nobre paixão
cândida, na despreocupação da sua alma simples. E exerce a crítica longamente,
constantemente, a propósito de tudo, de um modo infinito.
Ora
é um escaler que passa, cantando nas toleteiras:
— Não vai lá nem em duas horas...
Vão esfregando, vão esfregando... Olha o sebo nesse patilhão e nessa quilha!
Se
um bote corre à vela: — “Nem bolinar já sabem!”; ou um vapor singra para a barra:
— “Chega-te
bem ao costão, e o resto saberás...”. E firmando a vista:
— “Não conheço o casco, mas é francês, é dos novos.” E
franze ironicamente os ombros, porque tem um desdém pelos steamers novos.
Todo
o dia vive falando para si, resmungando, remoendo as próprias críticas...
Os
navios velhos, os conhecidos, são para ele uma boa amizade, porque muito bem os
conhece. E mirando amorosamente o Trent:
— “É um pássaro, um espagão. Vejam aquelas linhas,
aquelas saídas d'água. Aquilo, nem um peixe!” Porque, para ele, os navios possuem um caráter e
vida espiritual.
O
Mestre de Redes, o Santos, é de um aspecto agradável, sadio ainda apesar da
idade, com a barba e os longos cabelos cobertos da neblina, da cerração da
velhice. A sua larga fisionomia, de uma estrutura leonina, atrai pela rudeza
veneranda das linhas, a pele dourada pelo sol dos tombadilhos, mas enrugada,
pelancosa, de octogenário. Tem os olhos apagados, enevoados, dos marítimos
velhos, porém cheios ainda de acuidade. E a longa boca rasgada, de lábios
finos, dá ainda uma ideia da sua antiga e poderosa energia de lobo do mar.
Possui numerosa família, filhas casadas e solteironas, que trabalham por si,
lavando e engomando para fora, como mouras; ele pouco pode dar. Mas é extremoso
por algumas, e adora os netos principalmente um deles, que fez criar em casa, o
João.
Apesar
de velho, cansado, as pernas trôpegas e os braços já um tanto delgados pela
atrofia dos músculos, atira-se ainda algumas vezes ao mar, correndo a vela, guiando
da popa as redes, ou patrolando uma grande canoa que vai, de tempos a tempos,
carregar na Capital para uma venda da Jurujuba. E é do mar que ainda lhe vem a
vida, sendo o pequeno alto, o Observatório,
o seu governo, de onde domina as praias, as canoas, os pescadores e os
peixes, na atividade constante dos vigias.
III
No
meio da alegre algazarra dos pescadores e roceiros, companheiros de redes, o Santos foi sentar-se, como de costume, à
sombra de umas velhas aroeiras que dominam, a um canto, o Observatório, com os seus rijos troncos torcidos pelo vento, as
suas ramas finas, cobertas de continhas de lacre como gotas de sangue vivo. De
um lado, touceiras de cardos, gravatás e ananases do mato expõem os seus seios
hostis, armados em guerra, como sabres agudos e denteados, e clavas antigas,
eriçadas de pontas, numa ferocidade agressiva e áspera ao meio ambiente. E, em
toda a extensão da praia, a restinga, unida, de uma só altura, cuidadosamente
aparada, por cima, pelo vento, como uma cerca colossal de jardim antigo,
clássico, torturada, alinhada pelo decote da cultura, no tempo de Luiz XIV.
E,
por instantes, os olhos claros e pequeninos do Mestre de Redes, ficaram
parados, luminosamente embebidos na suntuosidade augusta e na majestade serena
da baía.
Era
pelo meio-dia. O sol, no zênite, vertia a luz a prumo. Pairava no ar morno uma
poeirada diamantina. Perto, a praia de Icaraí debruava a água azul com a sua
larga barra de giz. Embaixo do Canto do Rio, sobre as rochas alagadas, o
marulho, o arfar contínuo da maré viva. Dilatando os pulmões, o aroma salubre
da costa, misto de alcatrão, musgo e algas marinhas, nas primeiras lufadas da
brisa.
Então
o velho gritou para os homens:
— Olha a viração aí. Que belo dia
para um bordejo!
Todos
concordaram, numa alegria:
— É verdade, belo dia pra uma
corrida!
E,
desviando os olhos, o Santos pousou-os próximo na longa faixa da praia
faiscante, onde uma saia de chita vermelha perseguia uns rapazinhos. E
reconhecendo-a:
— Lá anda a Constança às voltas
com os filhos, uns demônios, que a martirizavam, com toda a sorte de tropelias!
Garotos, não trabalhavam, não iam à escola, só sabiam vadiar pelos caminhos. E
a mãe que se escanzurrasse, a mourejar noite e dia. Também desde que lhe
morrera o marido que era aquela lida, pobrezinha!
Os
outros voltaram-se a olhar a Constança, que se ocultava agora no sopé da
restinga, bradando, numa voz chorosa, irada, muito aflita:
— Ó estupores! ó malditos!
Mas
um ruído breve e seco de tamancos rebentou na estrada que atravessava o alto
para o lado do Saco de São Francisco.
E
uma rapariga magnífica apareceu, vestida de chita em cassa, toda rubra do sol,
com o pretensioso de um samburazinho na mão. Era a filha do Rego, uma morena
carnuda, de amplos quadris, seios túrgidos, virgens, cara larga, poderosa.
Parecia um encanto, nas suas vestes simples, roliça e apetitosa ante o olhar
aceso da matutada.
Ao
aproximar-se do Observatório,
colheu-a, festejando-a, uma graçola paternal e petulante do velho:
— Ó Marica! ó feitiço!
— Mamãe está doente, seu Santos.
— De quê? fez o velho.
— Da maldita. Aquilo não a deixa
mais...
E
passou, na luz forte, na exuberância das suas carnes juvenis, fecundas,
deixando no ar uma sublevação de desejos...
O
Mestre de Redes voltou de novo a contemplar o mar, quando de repente avistou um
bote apontando na altura da Boa Viagem.
Vinha
fazendo bordadas na linha do vento, em direção à Jurujuba. Mas manobrava mal,
muito metido, carregado de gente. E, por vezes, nas viradas, as maretas mais
altas, embatendo de popa, alagavam-no. No entanto, as vagas cresciam,
espumavam. O vento, na ponta, dava de rajadas. O latino do bote, muito alto e
caçado, vergava, e o casco esguio adornava fortemente, deitando a borda n'água.
O Mestre de
Redes ergueu-se, olhando-o sempre; os outros, também de pé, cercavam-no,
atentos, fixando igualmente o pequeno casco.
A
embarcação agora, na volta de terra, afogava-se numa bolina escassa. Governava
mal, às guinadas, e, por instantes, num risco, viu-se-lhe de fora o fundo alcatroado.
O
Mestre, então, exclamou:
— Nem sabem dar uns bordos! Já
mostraram duas vezes a quilha!...
E
à proporção que o bote aproximava-se:
— O bote vira, o bote vira, o
bote não aguenta aquele pano! É chegar à ponta e está virado!...
Nesse
instante, o bote, em cheio na rajada, voava num turbilhão de espuma. De repente
o latino desapareceu nas águas...
O
Santos saltou, e numa autoridade:
— Ó gente, vamos lá, vamos ver
aquilo!
E
descendo tropegamente um dos trilhos de cabra do Observatório com os remadores das redes, tomou uma canoa de voga
que estava puxada na praia e, em multiplicadas remadas nervosas, chegaram à
ponta, quando já o bote palpitava vencido, afundado até as toleteiras, vazio de
passageiros.
A
um sinal do Mestre, os homens lançaram-se ao mar e, sufocados, bufando,
cuspindo grosso a água salgada, iam jogando para dentro da canoa os náufragos,
já desacordados, sob o comentário faceto do velho:
— Escaparam de boas, escaparam!...
Assim
retornaram à praia, num total salvamento, com o casco virado a reboque.
E
quando, depois de despertos, os passageiros rolavam já num carro em direção a São
Domingos, o Santos, do alto do Observatório,
cercado de povo, que eletricamente viera saber, ver, se possível fosse, o
desastre, as novidades, bramava:
— Não há mais polícia, nem da
Capitania do Porto! O que esses remadores do bote precisavam era de uma boa
cadeia e muita chibata para cima daqueles lombos!...
A
tarde fenecia melancolicamente, na serenidade espiritual de um poente do Norte,
coando-se por um vitral gigantesco de igreja. No alto, o Azul, empalidecido e
saudoso, parecia feito da seda murcha e gloriosa de um antigo velário. Toda a
linha recortada da costa começava a esbater-se docemente numa sombra azulada. O
vento forte do largo extinguia-se, amainava pouco a pouco, em bafejos exaustos.
E o mar, o vasto mar poderoso e profundo, reluzia olimpicamente, para além,
para além, numa pulverização roxa e sanguínea de acaso.
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