O Macaco do
Rabo Cortado
Pesquisa e atualização ortográfica: Iba Mendes (2017)
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Era uma vez um macaco que queria ir para a escola, mas
muitos meninos faziam troça dele porque tinha um rabo comprido. Então ele
resolveu ir ao barbeiro e pedir para lhe cortarem o rabo. O barbeiro perguntou
se tinha a certeza, e como o macaco respondeu que sim, o barbeiro, trás!
Cortou-lhe o rabo com uma navalha.
No outro dia, quando o macaco chegou à escola, os
meninos riram-se por ele ter o rabo cortado, e chamaram-lhe “o macaco do rabo
cortado”. Então, resolveu ir ao barbeiro buscar o seu rabo, mas o barbeiro
disse-lhe que já não tinha o rabo, que tinha ido para o lixo. Então o macaco
ficou furioso, pegou na navalha do barbeiro e fugiu com ela.
Na rua encontrou uma varina que o viu com a navalha na
mão e lhe disse: “Ó macaquinho, para que queres tu essa navalha? Não te serve
para nada! A mim é que fazia falta para eu amanhar o meu peixe.” O macaco
deu-lhe razão e entregou-lhe a navalha. Mas mais tarde, começou a sentir fome e
para descascar uma maçã, precisou da navalha. Foi ter com a varina e pediu a
navalha, mas a navalha estava partida. Então ficou furioso e levou a canastra
das sardinhas da varina.
Quando ia na rua com a canastra de sardinhas,
encontrou o padeiro, que lhe disse: “Olha, coitado, vais tão carregado com as
sardinhas, se quiseres eu guardo essa canastra na minha casa.” E assim foi.
Agora o macaco sentia-se mais à vontade e podia ir de um lado para o outro, sem
ter de transportar as sardinhas. Mas um tempo depois, começou a ter fome. O
peixe dava-lhe jeito para comer e por isso resolveu ir buscá-lo a casa do
padeiro. Mas o padeiro, com a família, tinha comido as sardinhas. Então
furioso, tirou um saco de farinha ao padeiro.
Quando ia pelo caminho com o saco de farinha,
encontrou a senhora professora que lhe pediu a farinha para fazer uns bolinhos.
Como o macaco não sabia fazer bolinhos com a farinha, deu a farinha à senhora
professora. Mais tarde, quando voltou a ter fome, resolveu ir ter com a senhora
professora e pedir-lhe alguns bolinhos. Mas os bolinhos já tinham sido todos
comidos. Ninguém tinha guardado uns bolinhos para oferecer ao macaco. Então
ficou furioso e roubou uma menina da senhora professora.
Só que, para espanto do macaco, a menina começou a
chorar. Teve pena da menina e foi levá-la à mãe. Para que é que quereria uma
menina? Mas mais tarde, quando chegou a casa e viu tudo desarrumado, pensou que
a menina poderia trabalhar para ele e ajudá-lo a limpar e a arrumar a casa e
por isso resolveu ir buscá-la. Quando foi buscar a menina, a mãe não lha deu,
claro, e então, furioso, levou–lhe a camisa do marido que estava pendurada na
corda da roupa.
No caminho, encontrou o músico com uma viola que lhe
pediu a camisa. Como a camisa do músico já estava muito velhinha o macaco
deu-lhe a camisa. Mas o músico quando foi para casa vestir a camisa, ela
rompeu-se, e teve de a deitar fora. Quando chegou a noite e o macaco sentiu
frio, quis a camisa de volta, mas o músico já não a tinha porque a camisa
tinha-se rompido. Então, tirou a viola ao músico e fugiu.
O macaco subiu então para cima do telhado e cantou:
Do rabo fiz
navalha,
da navalha
fiz sardinha,
da sardinha
fiz farinha,
da farinha
fiz menina,
da menina fiz
camisa,
da camisa fiz
viola,
tlim, tlim,
tlim
e eu vou para
Angola
tlim, tlim,
tlim
e eu vou para
Angola.
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