11/04/2017

O dia de São João (Conto), de Virgílio Várzea


O dia de São João
 
Pesquisa e atualização ortográfica: Iba Mendes (2017)

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Que feliz e festivo foi outrora, no doce lar de meus pais, o dia de São João!

Na véspera, de manhã, começavam os preparativos para os festejos ruidosos dessa noite e da seguinte, porque meu pai e um dos meus irmãos mais moços se chamava João. A nossa casa, que amanhecera numa alegre lufa-lufa, oferecia o aspecto movimentado de uma lide extraordinária, em meio a qual minhas irmãs e minhas primas, dirigidas por minha mãe, de mangas arregaçadas e brancos aventais de peitilho e bolsos, não paravam, na urgência agitada da confecção de doces de toda a ordem que deviam achar-se prontos até as primeiras horas da tarde em que, então, a capital provinciana entrava a apresentar um ar domingueiro e de festa. Muito cedo, pelas 7 horas, mais ou menos, eu e a Clemência, depois de um leve e rápido almoço, comido as mais das vezes à pressa e quase de pé, passávamos ao andar térreo, a botar para fora, para a praia, para o mar, a minha canoa Estrela, que meu pai trouxera de Paranaguá, a bordo do paquete Arinos, do seu comando, para as minhas infantis diversões marítimas junto à costa, e que recebera esse nome rutilante e de ouro por sugestão de minha mãe, em lembrança da polaca Estrela onde meu pai andava quando com ela casou, em segundas núpcias, polaca que eu próprio chegara a conhecer, com os meus quatro ou cinco anos de idade, encalhada e abandonada já, por velhice e ruína, na praia de Canavieiras, em que ficara a desfazer-se pouco e pouco ao contínuo e marulhoso embate das ondas, conservando porém, ainda, orgulhosa mas já desfalecidamente, muito alçada ao de cima dos escarcéus triunfantes, a elevada proa recurva que durante anos e anos tão vencedoramente lutara com as maretas do alto mar e onde dois grandes golfinhos, esculpidos no pinho de riga a rudes mas expressivos traços de arte, abriam e sacudiam ao ar, sinuosamente, as caudas terminadas em leque, perfeitamente em harmonia com os relevos e entalhaduras da popa, de onde a grande estrela dourada que simbolizava o nome do navio desaparecera de há muito, afundada nas espumas...

Impelida a canoa para o mar sobre dois pequenos rolos de madeira, através a breve praiazinha arenosa, que se talhava aos fundos da nossa casa, em meio de uma das seções do cais principal da cidade, e pela qual as grandes marés de agosto nas suas gigantescas preamares invadiam e alagavam inteiramente a nossa loja, como que convidando a minha Estrela a vogar, após isso embarcávamos a palamenta indispensável (remos, leme e velas) e largávamos a sulcar a baía, ao longo do litoral, em rumo do Saco dos Limões ou de Prejibaé onde íamos comprar, às porções, feixes de canas miúdas, pinhões, rapadura e melado.

A Clemência, de pé, sobre o paneiro da popa, um largo chapéu de palha à cabeça, os negros anéis dos seus cabelos cortados à nazarena esvoaçando ao vento, o seu habitual paletó de traspasse, feito de caxemira cinzenta e debruado de fita preta com bolsos e gola, como os de homem, a saia de chita vermelha, acomodada contra as secas pernas musculosas, como se fosse umas calças; a Clemência, remando e patroando — enquanto eu, sentado no banco do meio e voltado para a proa, remava também a remo de pá — dirigia a embarcação admiravelmente, como o melhor canoeiro, soltando ao sol e às vagas, na sua constante expansibilidade e bom humor, uma série infinita e sonora de cantigas rústicas...

Era uma parda de quarenta anos, mais ou menos, a Clemência. Muito feia e desairosa, se por acaso fosse negra, tivesse a fronte deprimida e o competente prognatismo, dir-se-ia uma chimpanzé. De estatura regular, magra, porém de ombros largos, os ossos volumosos e fortes, tinha os braços sulcados de veias salientes, grossos e rijos de músculos. Era extraordinariamente robusta, de uma saúde resistente, poderosa, formidável. Possuía uma força de ginasta, podia ater-se com quaisquer homens: e eu a vi, algumas vezes, quando por eles vaiada pela estranheza do seu todo de virago, afrontá-los frente a frente e fazê-los recuar, num legítimo e possante movimento de justiça e revanche. Tinha o rosto seco cavado, ósseo, com um nariz demasiado chato, a boca disformemente rasgada, de túmidos beiços revirados. Parecia à primeira vista um caso fisicamente teratológico, uma descendente direta dos antropoides. Fisionomia rudemente inestética e de um aspecto másculo, possuía, entretanto, uns olhos meigos e límpidos, e uma tal expressão de mansuetude e bondade que prendia a quem a via pela primeira vez e, principalmente, as senhoras e crianças. Analisando-se bem essa mulher, cujo moral tanto contrastava com o físico, pensar-se-ia que a Natureza a formara perfidamente, num desses seus raros mas terríveis e inexplicáveis momentos de dolorosa e pungente ironia. Era uma individualidade de uma índole naturalmente doce, plácida, superior. Temperamento expansivo e alegre, trazia um constante e sincero riso na boca, riso feliz de cordialidade e de amor para todos e que atenuava grandemente a sua imensa fieldade. Criatura constitucionalmente boa, era de um moral adamantino: a sua alma jamais conhecera a maldade, a traição, a perfídia, pois que era só afeto, dedicação e carinho. Organização externa aparentemente viril, e até com um singular pendor para vestir-se à masculina, essa mestiça era contudo, no íntimo, profundamente feminina: o seu pranto soltava-se, sentidíssimo, à menor repreensão e o seu peito alcanceava-se de funda amargura quando alguma criança que ela amava, algum “filho de criação”, acaso a tratava com indiferença e desdém, ou parecia lançá-la em abandono. Imperava nela, acima de tudo, essa afetividade levada ao último extremo e quase mórbida, que caracteriza a raça negra. Sabia relevar e esquecer, com incomparável generosidade, todas as ofensas que lhe faziam, ainda as mais fundas e graves. O seu nome significava bem o que ela era — clemência: e a sua bondade e virtude, simples e obscuras, estavam integralmente simbolizadas nessa palavra expressiva. Na freguesia da Lagoa, onde nascera, em Prejibaé e no Saco dos Limões, sobretudo nestes dois arraiais, não havia pessoa mais popular, nem mais querida, em geral. A sua individualidade, cheia de qualidades afetivas, de múltiplas prestimosidades, profundamente serviçal, de uma alegria que podia dizer-se perene e quase intranstornável, quando aparecia numa volta risonha de caminho agreste, era extraordinariamente afagada pelas crianças e mulheres que de todos os lados a acolhiam num uníssono de amistosa bondade, umas e outras exclamando em júbilo: “Olha a madrinha! Olha a comadre!” Porque ela, naqueles lugares, contava, como ninguém, um sem número de afilhados e compadres. E eu a vi, muitas vezes, indo em sua companhia, ser assim leda e carinhosamente recebida, nesses pitorescos sítios insulares do meu Estado natal. Inteligente, sensata o muito arguta, embora analfabeta, era de uma atividade prodigiosa e não havia trabalho, nem investidura, nem incumbência doméstica, e mesmo de qualquer outro gênero, que ela não desempenhasse de modo completo, irrepreensível, cabal. Remava ou corria à vela numa canoa como o melhor canoeiro, agricultava um campo como o mais íntegro trabalhador de roça, montava a cavalo com a destreza de um peão. Arrojada para tudo, afrontava sempre o perigo com admirável sangue-frio e denodo. Nascera escrava e, como tal, servira a vários senhores; mas um dia, ocasionalmente, trazida por um irresistível, natural e legítimo impulso de deixar o cativeiro e libertar-se o mais depressa possível, viera parar ao nosso lar, como “abandonada”. Tornou-se então, desde logo, um excelente auxiliar de minha Mãe e como um desdobramento, ou uma segunda pessoa dela nas lidas da casa. Quando se fazia necessário um homem para decidir algum negócio de monta fora do nosso lar, era a Clemência quem ia, porque eu, o mais velho dos filhos, não tinha ainda dez anos, e meu pai vivia sempre no mar, no comando dos grandes paquetes da Linha do Sul, passando somente, de mês a mês, um ou dois dias com a família. E por isso, em todas as vésperas do grande dia de junho — desde que me entendi por gente até a época em que comecei a tirar preparatórios — lá partia eu na minha canoa, sob o comando da Clemência, para aqueles sítios vizinhos da capital catarinense, a buscar a indispensável “provisão de boca” complementar da tradicional fogueira querida desses festejos de São João...

Voltávamos do Saco dos Limões ou de Prejibaé quase sempre pela tarde, a canoa carregada de pinhões, de melado e rapadura, de grandes e grossos feixes de canas miúdas, dessas que são tão sumarentas e tenras que a gente chupa mesmo com casca, tendo apenas o cuidado de as raspar de antemão, ligeiramente a canivete ou à faca. Descarregada a canoa pela Clemência, eu corria logo a tratar dos fogos e da barrica de alcatrão para a grande fogueira.

Na mesma quadra da nossa casa — à rua do Príncipe, a principal do Desterro — tendo apenas de permeio um sobrado, ficava a loja do velho Antônio Mâncio, antigo tenente-coronel da guarda nacional e rico negociante de ferragens, que, já em idade avançada, poucas vezes ali aparecia, deixando tudo entregue a um de seus filhos e sócio, o João Cantalício, então um belo rapaz moreno e pálido, de vinte a vinte e dois anos mais ou menos. Essa loja do velho Mâncio foi um dos mais agradáveis pontos de atração do meu espírito, dos sete aos dez anos de idade. Depois do colégio, quando não saía a excursionar pelo mar na minha querida Estrela, era para essa casa de negócio que eu me encaminhava, levado pela gentileza e bondade bem acolhedoras do Cantalício, pelo encanto dos numerosos pássaros canoros (uma das minhas mais vivas predileções de então) que ele tinha, em numerosas e lindas gaiolas de arame, e, muito particularmente, talvez pelos artigos e coisas concernentes a navios que se vendiam na loja, tais como cabos e poliame de toda a ordem, folhas de cobre, lona, breu, estopa, alcatrão, verniz colar, fios de vela, agulhas de palombar, dedais para costurar velame, remos, croques, forquetas, arrebém, passadores, macetes para forrar cabos, bigotas, malaquetas de cobre, ferro e pau, sondareza, agulhas de marear, barômetros, barquinhas patent, cronômetros, bandeiras, sinais, faróis e mais uma infinidade de sobressalentes náuticos. Quando eu me não entretinha, horas e horas, a ver e remexer tudo isso, numa nervosa e insaciável curiosidade infantil, com absoluta tolerância do jovem associado da casa, tolerância de que não raro eu teria abusado, suponho — ia abancar a uma pequena mesa de escrita, destinada ao caixeiro para lançamento de notas, mesa que se achava colocada no grande salão contíguo à sala da loja, que servia de depósito de cabos e mais objetos de navegação e, aí, em pequenos cadernos fornecidos pelo próprio Cantalício, punha-me a traçar a lápis ligeiras paisagens e “marinhas” (pois que já nesse tempo desenhava e já tirara o primeiro prêmio de desenho de figura na Aula do Manuel Margarida, um obscuro mas hábil pintor provinciano) ou a copiar, para ter comigo no bolso, os versos mais conhecidos de Casimiro de Abreu e de Castro Alves, cujos volumes das Primaveras e das Espumas flutuantes o moço comerciante muito prezava...

Dirigindo-me à loja do Cantalício, apenas chegava do mar, eu volvia instantes depois, carregado de uma variedade de fogos que minha Mãe me autorizava a comprar e que eu escolhia sempre três ou quatro dias antes da véspera de São João: eram pistolas de doze ou dezesseis tiros, rodinhas-de-fogo, fogos de bengala e de salão, busca-pés, cartas de bichas, foguetes do ar, etc. À tardinha, então, é que vinha a primeira barrica de alcatrão — pois eram duas, a da véspera e a do dia — rolada pelo pardo Teodoro, criado da casa do velho Mâncio e nessa época servente da loja, mas que depois estranhamente a deixou para se fazer sacristão. O Cantalício, pelas relações de amizade com a minha família, presenteava-me sempre com alguns fogos: e era com esses que eu mais jubilava porque eram meus, só meus, e podia queimá-los quando me aprouvesse, às porções e à farta, com essa tão conhecida e natural propensão das crianças para acabar, ou melhor, destruir tudo de uma só vez e num instante. (A Ciência moderna bem diz que a criança não é nem nunca foi o anjo que metafisicamente todos, em geral, querem que seja, mas única e perfeitamente um selvagem: assim ainda hoje, na infância, à maneira do que se dá com a embriogenia humana, relativamente à evolução zoológica, se repete a vida do homem primitivo, desde o primeiro alvorecer da sociedade até à plena civilização!)

Após o jantar, quando a última claridade dourada do crepúsculo se afogava na cinza negra das ave-marias, a Clemência que, com a sua admirável atividade, tinha socado de lenha a barrica de alcatrão — já colocada ao centro da rua, em frente à nossa casa — prendia-lhe logo com uma estopa embebida em querosene: e a nossa fogueira de São João começava a crepitar, alegre e esplendorosamente, com as suas altas e inquietas labaredas vermelhas que purpureavam vivamente as paredes dos prédios próximos, iluminando quase todo o quarteirão e derramando, em torno, na grande noite de junho (ora límpida e enluarada, ou estrelada, ora enevoada e ameaçando mau tempo, mas sempre varrida de um vento fresco e cortante) um delicioso e confortável calor de lareira.

A Clemência, como uma Luíza Michel mulata, porque, com a densa e curta cabeleira anelada, a cara óssea e viril, o ar decidido e arrojado, muito se parecia com a célebre comunista francesa que combatera vestida de homem nos fortes e ajudara a incendiar os edifícios públicos de Paris e que eu vi um dia, em menino, em companhia de meu pai e do vice-cônsul de França Domingos Livramento, em julho de 1871, ao lado de Rochefort, o leonino ex-diretor do Mot d'Ordre, e no meio de uma multidão anônima de outros revolucionários da Comuna, a aquecer ao sol de uma fria manhã hibernal no convés da fragata Virginie, fundeada então na baía do norte de Santa Catarina, em viagem para a Nova Caledônia; a Clemência soltava então a primeira meia dúzia de foguetes do ar, gritando jubilosamente “Viva São João!” ou cantando e com estardalhaço a antiga e conhecidíssima quadra:

Se o bom São João soubera
Quando caía o seu dia,
Viria do céu à terra,
Grande milagre faria.

Já em a nossa sala de visitas, toda iluminada, como os demais cômodos da casa, meninas e moças da vizinhança enxameavam, de envolta com minhas irmãs e minhas primas, em festivas e adoráveis risadas. Pelas 8 horas, fechadas as lojas de negócio, chegavam o Cantalício e meus primos, empregados no comércio, e mais ninguém, porque não havia convidados, porém, somente gente íntima e de casa. Então, o nosso lar tornava-se “um verdadeiro céu aberto”, como dizia, radiosa, minha Mãe.

E a primeira queima de fogos começava; em cada uma das três largas janelas da sala, moços e moças, numa alegre e vivíssima algazarra, acendiam pistolas e as apontavam para o alto, por sobre os telhados dos prédios térreos fronteiros. Jorros seguidos de fogo de ouro abriam-se logo, em iluminantes cascatas de fagulhas, arremessando ao ar, em cada tiro ou disparo, bolas de chamas azuis que, semelhantes a meteoros, ou estrelas cadentes, descreviam, no Espaço escuro, estrelado ou enluarado, ígneas e rápidas trajetórias aéreas, que só duravam segundos...

Enquanto isso, eu, de pé, à porta da rua, de sentinela à fogueira — que era o meu grande e incomparável encanto em todos esses festejos — secundado pela Clemência (que ora estava a meu lado, ora em voltas domésticas no interior do nosso lar) distribuía canas, rapaduras e pinhões cozidos ao rapazio endiabrado e gritador da vizinhança, aos pretos do ganho e aos catraeiros do tráfego, que de toda a parte afluíam e se adensavam, em chusmas, em torno à fogueira, pedindo, em prazenteiros e ruidosos vivas ao santo e ao dono da casa (aliás quase sempre ausente e bem longe sobre as ondas do mar, em o vapor do seu comando) as costumadas dádivas de São João. E quase ao mesmo tempo que isto fazia, soltava eu foguetes do ar, busca-pés, rodinhas e numerosas cartas de bichas, estas últimas medidas todas numa lata vazia de querosene e espocando numa fuzilada infernal. De vez em quando, queimava também, à uma, três e quatro fogos de bengala que abriam, no encontro esbatido e harmônico de suas variadas cores luminosas — verde, roxo, escarlate e azul — como um vago e admirável clarão de aurora boreal, que dava às pessoas, às casas, à rua e ao céu um aspecto feericamente radiante, magnificente, fantástico...

Após essa primeira queima de fogos sucediam-se outras e outras, espaçadamente, sendo preenchida cada pausa ou intervalo por pequenas sessões de consultas ao Destino, sacudindo-se dados e folheando-se livros de sortes, sendo o ledor-mor da noite o Cantalício, a quem as moças assediavam às vezes, ruidosamente, com pequeninas e graciosas reclamações ou queixas, quando as sortes saíam desencontradas de suas aspirações ou desejos íntimos, saturadas de ironia e humorismo, ou cheias de galhofa, sortes estas que elas atribuíam ao espírito gracejador e improvisador do rapaz, dizendo-lhe numa adorável balbúrdia:

— Não é esta! não é esta! O Sr. enganou-se. Qual! Não é possível! Isso não passa de invenção sua!...

Ele desculpava-se a rir, afirmando a verdade, mostrando-lhes o livro, apontando o assunto escolhido, o número da página e o da quadra que os pontos dos dados haviam indicado. Elas, porém, protestavam ainda, repetindo a esplêndida matinada de reclamações e risadas...

Depois tinham lugar os jogos de prenda, recitações e cantos ao piano, e variadas marcas de dança, com que sempre findavam os festejos, já por alta madrugada, quando da grande fogueira festinante não restava senão um montão de tristes cinzas, através as quais o vento álgido de inverno revivia, às rajadas, um círculo de brasas de ouro a despedir ainda um derradeiro e fugidio clarão de alegria...

Na noite seguinte se produziam de novo os mesmos fogos, sortes, jogos, cantos e danças, com igual senão maior alacridade e folia. A criançada das proximidades vinha outra vez receber, ruidosa e gulosamente, os seus quinhões de canas, rapaduras e pinhões, tanto como os pretos do ganho e a marujada em festa, todos aos gritos expansivos de “Viva o São João para o ano!” Os vizinhos, como na véspera, ficavam até tarde, debruçados à janela, a ver a nossa linda fogueira, os rostos espiritualizados de uma viva expressão de júbilo e batidos pelo clarão rubro das chamas...

Que feliz e festivo foi outrora, no doce lar de meus pais, o dia de São João!...

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