O Compadre
Lobo e a Comadre Raposa
Pesquisa e atualização ortográfica: Iba Mendes (2017)
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Era uma vez um homem casado com uma mulher chamada
Maria, e tinham por compadres um lobo e uma raposa. Um dia disseram eles ao
lobo e à raposa:
Olhem, compadres, é preciso fazer uma grande festa cá
em casa e por isso vê tu, compadre, se me trazes alguns carneiros e ovelhas
para o jantar, e tu, comadre raposa, arranja galinhas e patos, pois nós
queremos que o banquete seja falado em toda a vizinhança.
O lobo e a raposa responderam:
Oh, fiquem descansados, compadres, que não lhes há de
faltar o que desejam.
Desde esse dia o lobo e a raposa todas as noites
levaram gado para casa dos compadres, de sorte que eles já não cabiam em si de
contentes. Chegado o dia da festa, lá foram o lobo e a raposa assistir à função,
e, quando chegaram, viram que os compadres tinham uma grande caldeira de água a
ferver e um espeto metido no fogo. O lobo perguntou:
Ó comadre, para que é esse espeto?
É para assar as galinhas — respondeu a Maria.
E palavras não eram ditas, o homem a pegar na caldeira
e a deitar a água a ferver em cima do lobo e a mulher a meter o espeto pelos
olhos da raposa. Escusado é dizer que ao lobo lhe caiu a pele e a raposa ficou
cega.
Passara-se já bastante tempo e os compadres nem se
lembravam do que tinham feito, quando o homem, andando um dia no mato a apanhar
lenha, viu correr para ele o compadre lobo e receando que ele o matasse subiu
para cima de uma árvore.
Então o lobo disse-lhe de baixo:
Tu pensas que me escapas! Espera que eu te ensino.
E dito isto, começou a chamar pelos outros lobos e
logo vieram muitos e ele então disse-lhes:
É preciso matar aquele homem que ali está em cima e
para lá chegar é preciso que se ponham todos em cima uns dos outros; eu ficarei
por baixo, porque tenho mais força.
Já os lobos, postos uns sobre os outros, estavam quase
a chegar ao compadre quando ele gritou com toda a força: “ó Maria, traz cá a
caldeira de água a ferver.” O lobo, logo que isto ouviu, pernas para que te
quero e os outros que estavam sobre ele caíram todos no chão; depois,
desesperados, correram sobre o lobo que tinha fugido e castigaram-no.
O compadre voltou para casa e contou tudo à mulher e
nunca mais quiseram voltar ao mato. Pudera. Tão maus haviam sido para o lobo e
a raposa que passaram a ter medo deles.
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