11/03/2017

O amor de Garibaldi (Conto), de Virgílio Várzea


O amor de Garibaldi

Pesquisa e atualização ortográfica: Iba Mendes (2017)

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...Depois da perda desses queridos amigos, achava-me num isolamento completo, como se me visse só no mundo... Tinha, pois, ansiedade de alguém que me desse o seu amor, e este só podia ser o de uma mulher. Só um grande afeto feminino me podia fazer feliz nessa desolação, porque uma mulher é sempre, para o homem o melhor lenitivo às suas dores, o anjo consolador, uma estrela na tempestade. A mulher é uma divindade que nunca se implora em vão, sobretudo quando sofre... E aí, na Laguna, entre as moças mais formosas, uma atraía particularmente a atenção. Ao vê-la pela primeira vez, disse-lhe: “Virgem, tu hás de pertencer-me um dia!” — E com estas simples mas sinceras palavras atara-se um laço que só a morte poderia quebrar...
 Garibaldi – Memorie


I 
Num recanto da borda, à popa, na tolda da Itaparica, a pequena escuna de guerra, navio-chefe da flotilha farrapa fundeada na Laguna, um homem belo e louro, de estrutura atlética, sentado à balaustrada, o queixo apoiado às mãos, a cabeça inclinada, com os cabelos anelados e longos partidos à nazarena, cismava melancolicamente. Era José Garibaldi, capitano de mar da República Rio-grandense que, naquele dia, como de costume, ali passava a tarde, a distrair-se das tristezas que ainda o acabrunhavam pela morte dos compatriotas e amigos queridos, arrebatados pelas ondas, havia um mês, em o naufrágio do Farroupilha, ocorrido durante a borrascosa travessia da barra do Tramandaí para aquele porto catarinense.

Nessa época (1839), a vila da Laguna — já então denominada Juliana e elevada à cidade e capital do Estado catarinense, federado àquela República — era como um ninho albente de albatrozes pousado nas nossas costas do sul. As suas habitações, em geral acanhadas e pouco numerosas, tinham um aspecto mesquinho, porque eram em parte cobertas de palha, conforme sucedia então em todo o Brasil, principalmente nas freguesias e vilas das pequenas províncias. Davam-lhe, porém, certo ar pitoresco e aprazível as águas mansas da lagoa, sobre as quais se debruçava, e a poética alvura dos cômoros radiando ao sol. Próximo, o rio Tubarão, descendo da Serra do Mar, rolava, nos seus turbilhões, cardumes de peixes e tinha as margens e coroas povoadas de caimãos vorazes. Sobre as ondas azuis e serenas minúsculas embarcações à vela esvoaçavam ou flutuavam, como os infindos bandos de patos-arminhos que com elas se confundiam ao longe. Nas ruas, dantes quase desertas, notava-se agora um desusado movimento, devido à presença das forças republicanas de terra e mar, ao mando supremo do general David Canabarro e à afluência de gente dos lugarejos em volta, que tinha vindo assistir às festas da proclamação da República catarinense. Estava-se em fins de julho. O inverno, com os seus álgidos bafejos austrais, amortecera e tostara o verde alegre das montanhas, das colinas e planuras. Os ventos do sul, cortantes e inclementes, faziam enraivecer e sublevar, noite e dia, os vagalhões bramantes da barra. A vitoriosa soldadesca farrapa acampava alegremente por toda a parte, nas choças e ranchos, fazendo soar a cada instante, ao fogo vivo dos churrascos, o bom humor e alacridade gaúcha...

Mas a Itaparica, o palhabote Seival e a goleta Caçapava — os principais navios da esquadrilha democrática — estavam ancorados próximo à terra e Garibaldi, às vezes, empunhando o binóculo de bordo, punha-se a olhar a longa rua da Praia, onde graciosas raparigas passeavam, em bandos, ao esplendor vespertino. Naquela ocasião, nessa principal via pública da Laguna, o movimento era extraordinário e festivo.

Então, deixando subitamente aquelas tristes recordações de afetivo, o bravo chefe marujo ergueu a cabeça e começou a olhar a terra.

Agora, os alegres grupos de moças cruzavam-se, subindo e descendo a rua, mais numerosos que a princípio. Os grossos vestidos de inverno, como os chalezinhos de lã, as flores e fitas dos cabelos esvoaçavam ao vento, agitando-se gracilmente de um lado para outro, num conjunto que atraía.

Tomando o binóculo, Garibaldi pôs-se a examinar um a um esses perfis femininos, desataviados e modestos, mas de um grande encanto campesino. E demorava-se a vê-los, no seu deslizar contínuo, quando avistou, à porta de uma casinha do quarteirão quase fronteiro ao seu navio, uma jovem que o impressionou sobre todas e que, dir-se-ia, o contemplava nesse instante com interesse e curiosidade. Quedou-se a fixá-la algum tempo e ansioso por a ver mais de perto e falar-lhe, se possível fosse, mandou preparar um escaler e largou para o cais, onde saltava instantes depois.

Com a sua blusa de flanela vermelha aberta ao peito, a gola caída à marinheira sobre as amplas espáduas, um gorro também vermelho à cabeça, grossas botas de bordo, um ponche rio-grandense a riscas amarelas e pardas ao braço esquerdo — o futuro condottiere das lutas pela unificação da sua pátria entrou a subir lentamente a rua da Praia, na direção desejada, por entre a expectação embevecida e o vivo e glorificante sussurro da admiração popular, dessa admiração, misto de amor e respeito, de curiosidade e fanatismo, que já então começava a cercá-lo por toda a parte e que daí por diante o seguiria constantemente na vida e o segue ainda hoje na imortalidade, aqui no Brasil como além na gloriosa Itália.

Ao enfrentar à casinha, Garibaldi já não viu mais à porta a moça lagunense, sentindo-se por isso meio decepcionado; mas foi até o fim da rua e voltou logo, a passo medido, demorado. Ao defrontar de novo aquele lar, que era agora a sua maior atração, estacou à linha do cais, como a observar a vasta marinha batida da luz do ocaso. De vez em quando, porém, lançava olhares furtivos à querida habitação, através de cujas janelas abertas entreviam um interior límpido e plácido de honestidade e pobreza. E demorava-se numa viva preocupação, esperando ver surgir a cada momento a amada criatura, quando efetivamente ela de novo assomou à porta, fitando-o muito corada e surpresa. Então saudou-a a sorrir, tirando o seu gorro marujo, ao que ela correspondeu num leve mover de cabeça, balbuciando baixinho e emocionadamente: — “Boa tarde!” E ficou de pé ao umbral, cativante no seu todo alto e forte de donzela rústica, no seu vestido azul de chita, num ingênuo acanhamento — uma das mãos a ocultar, por trás do vestido, o cangirão, com que se dispunha ir à fonte acarretar água para a casa, pois o crepúsculo apagava já, a oeste, os seus últimos clarões de ouro.

Garibaldi, vendo a posição entre satisfeita e coacta em que ela se achava, ante a sua presença inesperada, apressou-se em retomar a marcha, descendo a rua. Mas, a certa distância, voltou-se e viu-a deixar a casa em direção à esquina próxima de onde, ao internar-se noutra rua, lançou-lhe como um vago e doce olhar. Volveu então lentamente e, como os grupos de raparigas entrassem a recolher às primeiras sombras da noite e ao vento álgido que caíra, resolveu segui-la, tomando pela mesma rua em que a vira desaparecer. Estugava agora o passo, indo dar por fim a uma praça agreste com algumas casas rareadas. O terreno era uma espécie de pasto raso, onde se abriam e cruzavam fitas brancas de atalhos. Cavalos pastavam de cabeça baixa, soprando a relva com as narinas e tesourando-a às dentadas.

Aí fez alto o enamorado marujo, sem saber o rumo a tomar em meio do descampado. E, lançando em torno um olhar indagador, tomou, por fim, um dos carreiros que levavam ao fundo da praça, fechada toda, dessa banda, pelas ramagens das sebes. Inquieto e no temor de um desencontro, estendeu rebuscadoramente a vista para todos os lados a ver se descobria a moça, por entre as raras criaturas que por ali transitavam. Avançava, parando a cada passo, a escutar, procurando reconhecer os vultos que iam e vinham, até que ouviu, adiante, raparigas chalrarem. Apressando a marcha, na grande esperança de ainda a encontrar, exclamava de si para si:

— É ali a fonte; ela deve estar lá!

Em pouco, encontrou um córrego que cortava o amplo gramado. Subiu por uma das margens e foi dar a um recanto cercado de espessas árvores. Fitas sinuosas de trilhas irradiavam daí sobre a vastidão do largo, e por elas, cachopas galantes e fortes subiam ou desciam, cântaros vazios ou cheios ao ombro, numa alegre zurzinada.

A certa distância Garibaldi estacou, porque avistara já o vulto da amada, de pé junto à fonte, apoiada gracilmente ao pequeno parapeito onde o seu cântaro pousava. Enleado também, agora, não sabia que atitude tomar e, entre o receio de uma repulsa e a hipótese de um acolhimento afável, o seu espírito se debateu, por segundos, numa ansiedade. Afinal, em súbita resolução e impulso, logo e logo sugeridos pelo seu grande amor, aproximou-se da moça, saudando-a e dizendo-lhe com uma franqueza de guerreiro e de marujo:

— Virgem, eu te amo! Minha vida pertence-te, meu coração é teu escravo... Devemos unir-nos, um dia, para sempre...

Ana Maria Bento Ribeiro — tal se chamava a donzela —, nervosa e surpreendida com a presença do chefe marítimo e com aquela declaração, mal pôde responder:

— Sim... Mas agora nada lhe posso dizer... Ficará para outra ocasião... Repare nas pessoas presentes... Poderiam pensar mal de mim... Retire-se, pelo amor de Deus... E se o que diz é sincero, dirija-se primeiro a meus pais... Eu, pela minha parte, também o estimo... Mas dirija-se primeiro a meus pais...

Tais frases tinham sido balbuciadas rapidamente e a medo, ao momento em que o bando das aguadeiras se afastava ao longe, na volta para as casas.

As últimas palavras de Ana — a quem o apaixonado guerreiro da Liberdade tratava já pelo carinhoso diminutivo italiano de “Anita”, pois logo lhe perguntara o nome — Garibaldi tomou-lhe a mão e beijou-a, descendo apressadamente a praça, ao reluzir das primeiras estrelas. Entrou na rua da Praia e, enquanto aguardava o escaler que devia reconduzi-lo a bordo, olhando ora o mar onde brilhavam os faróis dos navios, ora o céu cheio de astros, murmurava intimamente, a pensar na amada, num grande júbilo e enlevo de amor:

— Anita, doce nome, anjo querido de Deus!

II 
Nessa noite, a jovem lagunense velara em grata insônia, a pensar naquele encontro feliz e nas palavras de afeto do louro chefe marujo, cuja fisionomia de Apolo do mar tão fundamente a impressionara desde a primeira vez que o vira. Fora na pequena matriz da vila, havia apenas dias. Cantava-se um Te-Deum celebrando a vitória dos republicanos rio-grandenses, logo após a tomada da Laguna, efetuada a 22 de julho de 1839. Toda a nave do pequeno templo até aos corredores estava repleta de homens rudes e fortes, de olhar negro e tez queimada, armados de pistolas e lanças, espingardas e baionetas, cujas lâminas brilhavam sinistramente.

Ela e outras companheiras, contra a vontade dos pais, que eram legalistas, tinham ido furtivamente espiar a cerimônia, e como se achassem presentes muitas famílias de farrapos catarinense assistindo ao triunfo dos seus, deixaram-se ficar entre elas, no encanto daquele ato festivo. Sentara-se junto ao altar-mor e aí vira, no meio de um grupo de oficiais, cercando um homem alto e atlético, claro e de pequeninos olhos castanhos, que diziam ser o general David Canabarro, — um interessante moço estrangeiro, de barba e cabelo louros partidos à nazarena. Quedara-se a fitá-lo por momentos e, numa atração irresistível, durante a solenidade, só a ele se prendera. Muito interessada e curiosa, perguntava a uma amiga se conhecia aquele oficial, quando uma senhora rio-grandense, já de cabeça encanecida, ciciou do lado, entusiasticamente: — “Aquele é o José Garibaldi, menina! comandante em chefe das nossas forças de mar...”

Mas, ao terminar o Te-Deum, ela o perdera de vista e ficara um pouco triste. Entretanto, à rua da Praia, no trapiche principal, onde reembarcavam as forças de bordo, tornou a avistá-lo, por instantes, à popa de um escaler que se fazia ao largo.

Seguira com o olhar a pequena embarcação e vendo que atracara à Itaparica, nunca mais deixara de contemplar, às tardes, por algumas horas, da janela da sua casa, esse vaso da esquadrilha democrática, do alto de cuja tolda, em tais momentos, Garibaldi a namorava, através do seu binóculo de mar...

No entanto, na igreja, o grande marinheiro farrapo não tivera a ventura de dar com ela, perdida, decerto, no meio da multidão de lindas fisionomias de raparigas rio-grandenses e lagunenses que aí enxameavam, mesmo porque Anita não era nenhuma formosura peregrina que desse para fazer impressão unânime e universal, mas uma fisionomia a traços puros e severos, revelando um espírito como que varonil, de afetos e dedicações profundas, inabaláveis. Era uma dessas filhas do povo a quem a Natureza dotara com caracteres definitivos, imutáveis, verdadeiras almas austeras, amando uma só vez na vida, com abnegação e heroicidade...

Antes, muito antes que a estátua de Ravena lhe houvesse fixado em bronze as feições graves e rígidas de heroína, de companheira de glória do maior condottiere da Itália, já a Sorte a destinara àquele que, numa tarde de julho de 1839, a descobrira, e amara do tombadilho do seu barco, Anita, não tinha propriamente a faceirice, a garridice característica do seu sexo, embora estando, como estava, em plena louçania das suas vinte primaveras — porém, sim, o ar sóbrio e modesto, devotado unicamente às ações e deveres do lar. São raras, muitíssimo raras, as organizações dessa ordem no sexo feminino: a generalidade derrama-se pela blandícia, a meiguice, a graça, para servir exclusivamente ao Amor. Mas a espécie sabe também constituir as heroínas com a doação de atributos peculiares. Certo, na humildade da vida incolor e ínfima desse desconhecido lugarejo provinciano naquela época, apartadas a intervenção e influência de Garibaldi, ela não chegaria à entidade extraordinária e singular que viria a ser, dentro em pouco, nem realizaria jamais os altos feitos históricos a que mais tarde se viu levada; e simplesmente vegetaria no viver comum da sua terra e da sua gente, a cumprir, como todas as mulheres em geral, com dedicação e virtude, na obscuridade dos trabalhos domésticos, a sua missão social anônima...

Garibaldi não a notara na igreja, é certo, mas viu-a, pouco mais de uma semana depois, de bordo da sua nave. Viu-a, e ficou encantado. E naquele dia, não podendo mais conter o coração louco de ardor por ela, resolutamente desembarcou e seguiu-a, até à fonte, dirigindo-lhe, por fim, a sua primeira confissão de amor, a que ela correspondeu porque já também o amava,

Que encontro tão simples, quão venturoso, fora esse para aquelas duas almas apaixonadas!

Mas agora uma coisa inquietava Anita — era a oposição que o pai, sem dúvida, levantaria àquela sua inclinação e afeto. Legalista implacável, ele certamente repeliria o noivo, que era um farrapo, um inimigo do trono! A mãe — uma santa, coitada! — pouco poderia valer-lhe em tal caso, porque o pai era inflexível. E, ultimamente, com o estabelecimento ali do governo republicano, andava num mau humor contínuo, dizendo que as tropas imperiais não tardariam a chegar do Desterro com o general Andréa e Mariath à frente para varrer toda aquela “canalha” à espada e à bala...

III 
No outro dia, à tarde, muito alegre e na esperança do seu grande destino, Garibaldi desembarcava e, tomando pela rua da Praia, dirigia-se a casa de Anita. Mas o velho Bento Manoel Ribeiro (o Bentão), imperialista irredutível, veio em pessoa ver quem era e, esbarrando com ele e conhecendo-o, berrou-lhe furiosamente:

— Que vem fazer aqui? Retire-se... Nesta casa não se recebem farrapos e muito menos gringos!...

E deu-lhe com a porta. Em seguida correu às janelas e trancou-as uma a uma.

Dentro, na sala de jantar, Anita e a mãe, pálidas de vergonha e de susto, tremiam, quando o velho apareceu, escarlate e ainda em fúria, rugindo:

— Ora sabem o que acaba de dar-se? Uma pouca vergonha. Pois o tal Garibaldi não teve a audácia de vir aqui bater!... Naturalmente queria entrar, não sei com que fim... Mas dei-lhe uma ensinadela, dei-lhe com a porta na cara... Farrapos na minha casa, era o que faltava! Bandidos!...

E até a noite, até alta noite, rancorosamente passeou pela casa, armado de uma velha pederneira, escutando às janelas e portas, atento a menor ruído.

Anita e a mãe não pregaram olhos e, ao amanhecer, saíram pelas casas vizinhas a saber o que havia, no receio de que o caso se houvesse espalhado e viesse alguma ordem de prisão contra o velho, ainda a essa hora agitado, a rogar praga à República, aos farrapos, aos gringos. À tarde, porém, as duas criaturas achavam-se já mais tranquilas, porque nada ocorrera de anormal na cidade, e Garibaldi, como sempre, lá estava, na tolda da escuna, a olhar a casinha, o que o Bentão ignorava, por não chegar quase à janela “para ver aquela corja”, conforme dizia. Ao cair da noite, quando Anila saiu para a fonte com o seu cangirão, já ali encontrou Garibaldi, que lhe faltou de novo, como se nada houvesse sucedido, contando-lhe, ele próprio, todo o ocorrido...

Em vista da atitude do velho e da ansiedade da grande paixão de ambos, que já lhes não permitia mais grandes esperas e ausências, combinaram encontrar-se dali por diante, diariamente, naquele sítio, àquela mesma hora, devendo Anita, em oportunidade de que ele lhe daria aviso, vir preparada para segui-lo até ao seu navio, onde se ligariam como em legítimo matrimônio, até que este viesse a realizar-se, um dia e para sempre, pelos laços legais...

IV 
Dois meses depois, Garibaldi recebia ordem de sair para o mar, num cruzeiro de corso pela costa, desde Santa Catarina até a altura de Santos. Chegava afinal, ao mesmo tempo, o momento tão sofregamente desejado pelos dois amantes para a consumação da sua felicidade.

Na noite desse dia, em que os navios deviam deixar a Laguna para a sua expedição, Garibaldi, algumas horas antes, preparando tudo, desceu à terra disfarçado e, num desses golpes de decisão e audácia em que nunca lhe faltou o sucesso, arrebatou Anita, instalando-a consigo a bordo do barco capitânia da esquadrilha farrapa.

E altas horas, para iludir a vigilância dos vasos de guerra imperiais que cruzavam fora o litoral, o célebre condottiere, para quem a Vitória e a Glória eram duas águias amigas, transpôs a barra afoitamente para as batalhas do Oceano, o coração radiante e feliz, tendo ao seu lado, na tolda, aquela que veio a ser, desde então, o melhor de todos os seus camaradas de guerra e que soube sempre nobremente, como esposa e como mãe, coroar de louros e bênçãos toda a sua vida.

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