No mar
Pesquisa e atualização ortográfica: Iba Mendes (2017)
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Corríamos a
todo o pano.
Um sopro
rijo de norte encrespava a toalha imensa das águas, enchia as velas e deitava o
barco na linha marulhante do rumo.
A tarde estava
límpida, transparente, encharcada em sol. Enchia-nos os pulmões, em amplas
aspirações, revolvendo-nos os cabelos, a brisa fresca do oceano.
Em frente,
na margem oposta do largo canal, contornos recortados de montanhas,
esfuminhados na poeira azul da distância, erguiam relevos extensos e
melancólicos na rubente explosão do ocaso.
Pela popa,
ao longe recuando, recuando sempre de nós, num afastamento saudoso e confuso, a
brancura recolhida do frontal da igrejinha de Canasvieiras, que ficava num
morro, fazendo surgir em a nossa imaginação de emigrados o viver feliz e
cantante de outrora.
E que
nostalgia funda e desconsoladora de minha Mãe, dos meus que ficavam, e da Rita,
uma linda companheira do Tempo-será e
da aposta a capote, na raspadura da mandioca, pelas longas e troviscadas noites
de inverso, nos engenhos cobertos de palha, mal alumiados pelas antigas
candeias de quatro bicos, no tempo das farinhadas!...
Que
nostalgia, ó Mar!
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