Mariana
Pesquisa e atualização ortográfica: Iba Mendes (2017)
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CAPÍTULO 1
"Que será feito de Mariana?"
perguntou Evaristo a si mesmo, no largo da Carioca, ao despedir-se de um velho
amigo, que lhe fez lembrar aquela
velha amiga.
Era em 1890. Evaristo voltara da Europa, dias
antes, após dezoito anos de ausência. Tinha saído do Rio de janeiro em 1872, e
contava demorar-se até 1874 ou 1875, depois de ver algumas cidades célebres ou
curiosas; mas o viajante põe e Paris dispõe. Uma vez entrando naquele mundo, em
1873, Evaristo deixou-se ir ficando, além do prazo determinado; adiou a viagem
um ano, outro ano, e afinal não pensou mais na volta. Desinteressara-se das
nossas coisas; ultimamente nem lia os jornais daqui; era um estudante pobre da
Bahia, que os ia buscar emprestados, e lhe referia depois uma ou outra notícia
de vulto. Senão quando, em novembro de 1889, entra-lhe em casa um repórter
parisiense, que lhe fala de revolução no Rio de Janeiro, pede informações políticas,
sociais, biográficas. Evaristo refletiu.
— Meu caro senhor, disse ao repórter, acho
melhor ir eu mesmo buscá-las.
Não tendo partido, nem opiniões, nem parentes
próximos, nem interesses (todos os seus haveres estavam na Europa), mal se
explica a resolução súbita de Evaristo pela simples curiosidade, e contudo não
houve outro motivo. Quis ver o novo aspecto das coisas. Indagou da data de uma
primeira representação no Odéon, comédia de um amigo, calculou que, saindo no
primeiro paquete e voltando três paquetes depois, chegaria a tempo de comprar
bilhete e entrar no teatro; fez as malas, correu a Bordéus, e embarcou.
"Que será feito de Mariana? repetia
agora, descendo a Rua da Assembleia. Talvez morta... Se ainda viver, deve estar
outra; há de andar pelos seus quarenta e cinco... Upa! quarenta e oito; era
mais moça que eu uns cinco anos. Quarenta e oito... Bela mulher; grande mulher!
belos e grandes amores!"
Teve desejo de vê-la. Indagou discretamente,
soube que vivia e morava na mesma casa em que a deixou, Rua do Engenho Velho;
mas não aparecia desde alguns meses, por causa do marido, que estava mal,
parece que à morte.
— Ela também deve estar escangalhada, disse
Evaristo ao conhecido que lhe dava aquelas informações.
— Homem, não. A última vez que a vi, achei-a
frescalhona. Não se lhe dá mais de quarenta anos. Você quer saber uma coisa? Há
por aí roseiras magníficas, mas os nossos cedros de 1860 a 1865 parece que não
nascem mais.
— Nascem; você não os vê, porque já não sobe
ao Líbano, retorquiu Evaristo.
Crescera-lhe o desejo de ver Mariana. Que
olhos teriam um para o outro? Que visões antigas viriam transformar a realidade
presente? A viagem de Evaristo, cumpre sabê-lo, não foi de recreio, senão de
cura. Agora que a lei do tempo fizera sua obra, que efeito produziria neles,
quando se encontrassem, o espectro de 1872, aquele triste ano da separação que
quase o pôs doido, e quase a deixou morta?
CAPÍTULO
2
Dias depois apeava-se ele de um tílburi à
porta de Mariana, e dava um cartão ao criado, que lhe abriu a sala.
Enquanto esperava circulou os olhos e ficou
impressionado. Os móveis eram os mesmos de dezoito anos antes. A memória,
incapaz de os recompor na ausência, reconheceu-os a todos, assim como a
disposição deles, que não mudara. Tinham o aspecto vetusto. As próprias flores
artificiais de uma grande jarra, que estava sobre um aparador, haviam desbotado
com o tempo. Tudo ossos dispersos, que a imaginação podia enfaixar para
restaurar uma figura, a que só faltasse a alma.
Mas não faltava a alma. Pendente da parede,
por cima do canapé, estava o retrato de Mariana. Tinha sido pintado quando ela
contava vinte e cinco anos; a moldura, dourada uma só vez, descascando em
alguns lugares, contrastava com a figura ridente e fresca. O tempo não
descolara a formosura. Mariana estava ali, trajada à moda de 1865, com os seus
lindos olhos redondos e namorados. Era o único alento vivo da sala; mas só ele
bastava a dar à decrepitude ambiente a fugidia mocidade. Grande foi a comoção
de Evaristo. Havia uma cadeira defronte do retrato, ele sentou-se nela, e ficou
a mirar a moça de outro tempo. Os olhos pintados fitavam também os naturais,
porventura admirados do encontro e da mudança, porque os naturais não tinham o
calor e a graça da pintura. Mas pouco durou a diferença; a vida anterior do
homem restituiu-lhe a verdura exterior, e os olhos embeberam-se uns nos outros,
e todos nos seus velhos pecados.
Depois, vagarosamente, Mariana desceu da tela
e da moldura, e veio sentar-se defronte de Evaristo, inclinou-se, estendeu os
braços sobre os joelhos e abriu as mãos. Evaristo entregou-lhes as suas, e as
quatro apertaram-se cordialmente. Nenhum perguntou nada que se referisse ao
passado, porque ainda não havia passado; ambos estavam no presente, as horas
tinham parado, tão instantâneas e tão fixas, que pareciam haver sido ensaiadas
na véspera para esta representação única e interminável. Todos os relógios da
cidade e do mundo quebraram discretamente as cordas, e todos os relojoeiros
trocaram de ofício. Adeus, velho lago de Lamartine! Evaristo e Mariana tinham
ancorado no oceano dos tempos. E aí vieram as palavras mais doces que jamais
disseram lábios de homem nem de mulher, e as mais ardentes também, e as mudas,
e as tresloucadas, e as expirantes, e as de ciúme, e as de perdão.
— Estás bom?
— Bom; e tu?
— Morria por ti. Há uma hora que te espero,
ansiosa, quase chorando; mas bem vês que estou risonha e alegre, tudo porque o
melhor dos homens entrou nesta sala. Por que te demoraste tanto?
— Tive duas interrupções em caminho; e a
segunda muito maior que a primeira.
— Se tu me amasses deveras, gastarias dois
minutos com as duas, e estarias aqui há três quartos de hora. Que riso é esse?
— A segunda interrupção foi teu marido.
Mariana estremeceu.
— Foi aqui perto, continuou Evaristo; falamos
de ti, ele primeiro, a propósito não sei de quê, e falou com bondade, quase que
com ternura. Cheguei a crer que era um laço, um modo de captar a minha
confiança. Afinal despedimo-nos; mas eu ainda fiquei espiando, a ver se ele
voltava; não vi ninguém. Aí está a causa da minha demora; aí tens também a
causa dos meus tormentos.
— Não venhas outra vez com essa eterna
desconfiança, atalhou Mariana sorrindo, como na tela, há pouco. Que quer você
que eu faça? Xavier é meu marido; não hei de mandá-lo embora, nem castigá-lo,
nem matá-lo, só porque eu e você nos amamos.
— Não digo que o mates; mas tu o amas,
Mariana.
— Amo-te e a ninguém mais, respondeu ela,
evitando assim a resposta negativa, que lhe pareceu demasiado crua.
Foi o que pensou Evaristo; mas não aceitou a
delicadeza da forma indireta. Só a negativa rude e simples poderia contentá-lo.
— Tu o amas, insistiu ele.
Mariana refletiu um instante.
— Para que hás de revolver a minha alma e o
meu passado? disse ela. Para nós, o mundo começou há quatro meses, e não
acabará mais — ou acabará quando você se aborrecer de mim, porque eu não
mudarei nunca...
Evaristo ajoelhou-se, puxou-lhe os braços,
beijou-lhe as mãos, e fechou nelas o rosto; finalmente, deixou cair a cabeça
nos joelhos de Mariana. Ficaram assim alguns instantes, até que ela sentiu os
dedos úmidos, ergueu-lhe a cabeça e viu-lhe os olhos rasos de água. Que era?
— Nada, disse ele; adeus.
— Mas que foi?!
— Tu o amas, tornou Evaristo, e esta ideia
apavora-me, ao mesmo tempo que me aflige, porque eu sou capaz de matá-lo, se
tiver certeza de que ainda o amas.
— Você é um homem singular, retorquiu
Mariana, depois de enxugar os olhos de Evaristo com os cabelos, que despenteara
às pressas, para servi-lo com o melhor lenço do mundo. Que o amo? Não, já não o
amo, aí tens a resposta. Mas já agora hás de consentir que te diga tudo, porque
a minha índole não admite meias confidências.
Desta vez foi Evaristo que estremeceu; mas a
curiosidade mordia-lhe a ele o coração, em tal maneira, que não houve mais
temer, senão aguardar e escutar. Apoiado nos joelhos dela, ouviu a narração,
que foi curta. Mariana referiu o casamento, a resistência do pai, a dor da mãe,
e a perseverança dela e de Xavier. Esperaram dez meses, firmes, ela já menos
paciente que ele, porque a paixão que a tomou tinha toda a força necessária
para as decisões violentas. Que de lágrimas verteu por ele! Que de maldições
lhe saíram do coração contra os pais, e foram sufocadas por ela, que temia a
Deus, e não quisera que essas palavras, como armas de parricídio, a
condenassem, pior que ao inferno, à eterna separação do homem a quem amava.
Venceu a constância, o tempo desarmou os velhos, e o casamento se fez, lá se
iam sete anos. A paixão dos noivos prolongou-se na vida conjugal. Quando o
tempo trouxe o sossego, trouxe também a estima. Os corações eram harmônicos, as
recordações da luta pungentes e doces. A felicidade serena veio sentar-se à
porta deles, como uma sentinela. Mas bem depressa se foi a sentinela; não
deixou a desgraça, nem ainda o tédio, mas a apatia, uma figura pálida, sem
movimento, que mal sorria e não lembrava nada. Foi por esse tempo que Evaristo
apareceu aos seus olhos e a arrebatou. Não a arrebatou ao amor de ninguém; mas
por isso mesmo nada tinha que ver com o passado, que era um mistério, e podia
trazer remorsos...
— Remorsos? interrompeu ele.
— Podias supor que eu os tinha; mas não os
tenho, nem os terei jamais.
— Obrigado! disse Evaristo após alguns
momentos; agradeço-te a confissão. Não falarei mais de tal assunto. Não o amas,
é o essencial. Que linda és tu quando juras assim, e me falas do nosso futuro!
Sim, acabou; agora aqui estou, ama-me!
— Só a ti, querido.
— Só a mim? Ainda uma vez, jura!
— Por estes olhos, respondeu ela,
beijando-lhe os olhos; por estes lábios, continuou, impondo-lhe um beijo nos
lábios. Pela minha vida e pela tua!
Evaristo repetiu as mesmas fórmulas, com
iguais cerimônias. Depois, sentou-se defronte de Mariana como estava a
princípio. Ela ergueu-se então, por sua vez, e foi ajoelhar-se-lhe aos pés, com
os braços nos joelhos dele. Os cabelos caídos enquadravam tão bem o rosto, que
ele sentiu não ser um gênio para copiá-la e legá-la ao mundo. Disse-lhe isso,
mas a moça não respondeu palavra; tinha os olhos fitos nele, suplicantes. Evaristo
inclinou-se, cravando nela os seus, e assim ficaram, rosto a rosto, uma, duas,
três horas, até que alguém veio acordá-los:
— Faz favor de entrar.
CAPÍTULO
3
Evaristo teve um sobressalto. Deu com um
homem, o mesmo criado que recebera o seu cartão de visita. Levantou-se
depressa; Mariana recolheu-se à tela, que pendia da parede, onde ele a viu
outra vez, trajada à moda de 1865, penteada e tranquila. Como nos sonhos, os
pensamentos, gestos e atos mediram-se por outro tempo, que não o tempo; fez-se
tudo em cinco ou seis minutos, que tantos foram os que o criado despendeu em
levar o cartão e trazer o convite. Entretanto, é certo que Evaristo sentia
ainda a impressão das carícias da moça, vivera realmente entre 1869 e 1872,
porque as três horas da visão foram ainda uma concessão ao tempo. Toda a
história ressurgira com os ciúmes que ele tinha de Xavier, os seus perdões e as
ternuras recíprocas. Só faltou a crise final, quando a mãe de Mariana, sabendo
de tudo, corajosamente se interpôs e os separou. Mariana resolveu morrer,
chegou a ingerir veneno, e foi preciso o desespero da mãe para restituí-la à
vida. Xavier que então estava na província do Rio, nada soube daquela tragédia,
senão que a mulher escapara da morte, por causa de uma troca de medicamentos. Evaristo
quis ainda vê-la antes de embarcar, mas foi impossível.
— Vamos, disse ele agora ao criado que o
esperava.
Xavier estava no gabinete próximo, estirado
em um canapé, com a mulher ao lado e algumas visitas. Evaristo penetrou ali
cheio de comoção. A luz era pouca, o silêncio grande; Mariana tinha presa uma
das mãos do enfermo, a observá-lo, a temer a morte ou uma crise. Mal pôde
levantar os olhos para Evaristo e estender-lhe a mão; voltou a fitar o marido,
em cujo rosto havia a marca do longo padecimento, e cujo respirar parecia o
prelúdio da grande ópera infinita. Evaristo, que apenas vira o rosto de
Mariana, retirou-se a um canto, sem ousar mirar-lhe a figura, nem
acompanhar-lhe os movimentos. Chegou o médico, examinou o enfermo, recomendou
as prescrições dadas, e retirou-se para voltar de noite. Mariana foi com ele
até à porta, interrogando baixo e procurando ler no rosto a verdade que a boca
não queria dizer. Foi então que Evaristo a viu bem; a dor parecia alquebrá-la
mais que os anos. Conheceu-lhe o jeito particular do corpo. Não descia da tela,
como a outra, mas do tempo. Antes que ela tornasse ao leito do marido, Evaristo
entendeu retirar-se também, e foi até a porta.
— Peço-lhe licença... Sinto não poder falar
agora a seu marido.
— Agora não pode ser; o médico recomenda
repouso e silêncio. Será noutra ocasião...
— Não vim há mais tempo vê-lo porque só há
pouco é que soube... E não cheguei há muito.
— Obrigada.
Evaristo estendeu-lhe a mão e saiu a passo
abafado, enquanto ela voltava a sentar-se ao pé do doente. Nem os olhos nem a
mão de Mariana revelaram em relação a ele uma impressão qualquer, e a despedida
fez-se como entre pessoas indiferentes. Certo, o amor acabara, a data era
remota, o coração envelhecera com o tempo, e o marido estava a expirar; mas,
refletia ele, como explicar que, ao cabo de dezoito anos de separação, Mariana
visse diante de si um homem que tanta parte tivera em sua vida, sem o menor
abalo, espanto, constrangimento que fosse? Eis aí um mistério. Chamava-lhe
mistério. Ainda agora, à despedida, sentira ele um aperto, uma coisa, que lhe
fez a palavra trôpega, que lhe tirou as ideias e até as simples fórmulas banais
de pesar e de esperança. Ela, entretanto, não recebeu dele a menor comoção. E
lembrando-se do retrato da sala, Evaristo concluiu que a arte era superior à
natureza; a tela guardara o corpo e a alma... Tudo isso borrifado de um
despeitozinho acre.
Xavier durou ainda uma semana. Indo fazer-lhe
segunda visita, Evaristo assistiu à morte do enfermo, e não pôde furtar-se à
comoção natural do momento, do lugar e das circunstâncias. Mariana, desgrenhada
ao pé do leito, tinha os olhos mortos de vigília e de lágrimas. Quando Xavier,
depois de longa agonia, expirou, mal se ouviu o choro de alguns parentes e
amigos; um grito agudíssimo de Mariana chamou a atenção de todos; depois o
desmaio e a queda da viúva. Durou alguns minutos a perda dos sentidos; tornada
a si, Mariana correu ao cadáver, abraçou-se a ele, soluçando desesperadamente,
dizendo-lhe os nomes mais queridos e ternos. Tinham esquecido de fechar os
olhos ao cadáver; daí um lance pavoroso e melancólico, porque ela, depois de os
beijar muito, foi tomada de alucinação e bradou que ele ainda vivia, que estava
salvo; e, por mais que quisessem arrancá-la dali, não cedia, empurrava a todos,
clamava que queriam tirar-lhe o marido. Nova crise a prostrou; foi levada às
carreiras para outro quarto.
Quando o enterro saiu no dia seguinte,
Mariana não estava presente, por mais que insistisse em despedir-se; já não
tinha forças para acudir à vontade. Evaristo acompanhou o enterro. Seguindo o
carro fúnebre, mal chegava a crer onde estava e o que fazia. No cemitério,
falou a um dos parentes de Xavier, confiando-lhe a pena que tivera de Mariana.
— Vê-se que se amavam muito, concluiu.
— Ah! muito, disse o parente. Casaram-se por
paixão; não assisti ao casamento, porque só cheguei ao Rio de janeiro muitos
anos depois, em 1874; achei-os, porém, tão unidos como se fossem noivos, e
assisti até agora à vida de ambos. Viviam um para o outro; não sei se ela
ficará muito tempo neste mundo.
"1874", pensou Evaristo; "dois
anos depois".
Mariana não assistiu à missa do sétimo dia;
um parente, — o mesmo do cemitério, — representava-a naquela triste ocasião.
Evaristo soube por ele que o estado da viúva não lhe permitia arriscar-se à
comemoração da catástrofe. Deixou passar alguns dias, e foi fazer a sua visita
de pêsames; mas, tendo dado o cartão, ouviu que ela não recebia ninguém. Foi
então a São Paulo, voltou cinco ou seis semanas depois, preparou-se para
embarcar; antes de partir, pensou ainda em visitar Mariana, — não tanto por
simples cortesia, como para levar consigo a imagem, — deteriorada embora, —
daquela paixão de quatro anos.
Não a encontrou em casa. Voltava zangado, mal
consigo, achava-se impertinente e de mau gosto. A pouca distância viu sair da
igreja do Espírito Santo uma senhora de luto, que lhe pareceu Mariana. Era
Mariana; vinha a pé; ao passar pela carruagem olhou para ele, fez que o não
conhecia, e foi andando, de modo que o cumprimento de Evaristo ficou sem
resposta. Este ainda quis mandar parar o carro e despedir-se dela, ali mesmo,
na rua, um minuto, três palavras; como, porém, hesitasse na resolução, só parou
quando já havia passado a igreja, e Mariana ia um grande pedaço adiante.
Apeou-se, não obstante, e desandou o caminho; mas, fosse respeito ou despeito,
trocou de resolução, meteu-se no carro e partiu.
— Três vezes sincera, concluiu, passados
alguns minutos de reflexão.
Antes de um mês estava em Paris. Não
esquecera a comédia do amigo, a cuja primeira representação no Odéon ficara de
assistir. Correu a saber dela; tinha caído redondamente.
— Coisas de teatro, disse Evaristo ao autor,
para consolá-lo. Há peças que caem. Há outras que ficam no repertório.
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