Enterro no sítio
Pesquisa e atualização ortográfica: Iba Mendes (2017)
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Meio-dia.
O sítio
conserva aquela tranquilidade alegre e venturosa de todos os dias, aquele
estado planturoso e verde que transborda da seiva e de onde se erguem,
embalsamando o ambiente, o aroma delicioso das flores, as frescas e penetrantes
exalações de verdura.
Quatro
meninos, tristes e silenciosos, saem de uma igrejinha rude e mal acabada,
situada num alto, carregando um caixãozinho aberto, de metim azul, dentro do
qual vai deitada uma criaturinha loura, fria, inerte, de seis meses mais ou
menos, sorrindo vagamente na sua imobilidade de morte infantil, bonita,
parecendo viva, com os olhinhos semicerrados como pela intensidade da luz que
lhe bate a prumo.
Mais atrás caminha um preto, idoso e curvo talvez pelos seus sessenta anos
de enxada, que leva a tampinha do caixão.
Pelas
margens da estrada branca e enflorescida, cortada pela água murmurante e
límpida dos córregos, os espinheiros tufados e vigorosos, numa felicidade
vegetativa e exuberante, cantam monotonamente carregados de cigarras, e acenam
para o mortozinho, numa expansibilidade de verdura, como se lhe dessem o último
adeus!
Dos terreiros das casas onde recentes colheitas de café secam, fumegando,
mulheres de lenços vermelhos pela cabeça assistem piedosamente, com os olhos de
choro, a passagem do féretro.
Um sol
glorioso e resplandecente enche toda a paisagem. O calor abafa. E pelos
terrenos alagados e gramosos pastam satisfeitamente os bois.
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