A vida fluminense
Pesquisa e atualização ortográfica: Iba Mendes (2017)
---
Do meu amigo e antigo colega G.
Silva, residente atualmente no Pará, recebi há dias uma carta, apresentando-me
um seu amigo. Era um jovem e inteligente uapé, filho de cacique, neto de
cacique, portanto príncipe do melhor sangue, que desejava conhecer as nossas lindas
coisas, e Silva, que me sabia semijornalista e totalmente aliteratado, na
carta, instava comigo que lhas mostrasse.
Não se espantem os leitores;
Arucati (assim é o seu nome) é uapé, mas uapé que andou na portentosa
montanha-russa de Belém, cidade onde aprendeu a trazer um traje sofrivelmente
completo.
Logo ao recebê-lo, lembrei-me do
jovem Huron, do Ingênuo de Voltaire
e, se não fosse a perfeita autenticidade desta narração, com certeza não me
atreveria a publicá-la, temendo que me acusassem de plagiário.
O jovem príncipe, S. I. R.
Arucati, tinha uma imensa sofreguidão de ver; queria ir a todos os lugares, a
toda a parte, apalpar, tudo tocar, inebriar-se; e eu, a quem o meu jeito e
minha condição não permitem ir a toda a parte, tive de apresentá-lo a amigos
que o satisfizessem.
Entretanto, fiz amizade com o
príncipe uapé, e muitas vezes acompanhei-o em passeios, festas, conferências e
teatros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sugestão, críticas e outras coisas...