Denis Buican: "Darwin e o Darwinismo"
Como de hábito, perambulando em um dos muitos sebos do
centro de São Paulo, deparei-me com o livro "Darwin e o Darwinismo",
do professor da Sorbonne, Denis Buican. Embora o autor seja aparentemente mais
um dos que colaboram no processo de "endeusamento" do naturalista
inglês Charles Darwin, quando, porém, discorre acerca da Eugenia, não o isenta
da pecha dessa teoria racista, outrora apreciada e glorificada como “lídima
ciência”. Se não, vejamos...
“Para Darwin, a
jóia da civilização europeia é o mundo anglo-saxão: "A superioridade
notável que tiveram, sobre outras nações europeias, os ingleses, como
coloniza-dores, superioridade atestada pela comparação dos progressos
realizados pêlos canadenses de origem inglesa com os de origem francesa foi
atribuída à sua 'energia persistente e à sua audácia'; mas quem poderia dizer
como os ingleses adquiriram essa energia? Certamente, há muita verdade na
hipótese que atribui ã seleção natural os maravilhosos progressos dos Estados
Unidos, assim como o caráter de seu povo; os homens mais corajosos, mais
enérgicos e mais empreendedores de todas as partes da Europa emigraram durante
as dez ou doze últimas gerações, para irem povoar esse grande país e lá
prosperaram.
Assim, Darwin
volta à sua teoria da seleção natural, para explicar o progresso da humanidade
e dos povos: "Se não tivesse sido submetido à seleção natural durante os
tempos primitivos, o homem, certamente, nunca teria atingido a posição que
ocupa hoje. Quando vemos, em muitas partes do mundo, regiões extremamente
férteis, povoadas por alguns selvagens errantes, enquanto poderiam alimentar numerosas
famílias prósperas, inclinamo-nos a pensar que a luta pela existência não foi
suficientemente rude para forçar o homem a atingir seu estado mais elevado.
Falando da
ação da seleção natural sobre as nações "civilizadas", Darwin fica
muito próximo das ideias de Wallace e Galton, isto é, da eugenia: "Entre
os selvagens, os indivíduos fracos de corpo ou de espírito são prontamente
eliminados, e os sobreviventes são geralmente notáveis por seu vigoroso estado
de saúde. Quanto a nós, homens civilizados, fazemos, ao contrário, todos os
esforços para deter a marcha da eliminação; construímos hospitais para os
idiotas, os inválidos e os doentes; fazemos leis para ajudar os indigentes;
nossos médicos utilizam toda a sua ciência para prolongar, tanto quanto possível,
a vida. Podemos crer que a vacina preservou milhares de indivíduos que, fracos
de constituição, te riam outrora sucumbido à varíola. Os membros débeis das
sociedades civilizadas podem, pois, reproduzir-se in definidamente. Ora, quem
trata de reprodução de animais domésticos sabe perfeitamente quanto essa
perpetuação dos seres débeis deve ser nociva à raça humana.
Apesar desse
temor pela descendência do homem, na ausência da seleção natural, Darwin,
moderado por uma concepção humanista, não leva seu raciocínio até um eugenismo
exacerbado, pois, diz ele, abandonando os fracos e os inválidos, "só
poderíamos ter em vista uma vantagem eventual, às custas de um mal presente,
considerável e certo. Devemos, pois, suportar sem nos queixarmos os efeitos
incontestavelmente maus, que resultam da persistência e da propagação dos seres
débeis. Parece, todavia, que existe um freio para essa propagação, pois os
membros doentios da sociedade se casam menos facilmente que os membros sãos.
Esse freio poderia ter uma eficácia real, se os fracos de corpo e de espírito
se abstivessem do casamento; mas esse é um estado de coisas que é mais fácil
desejar que realizar".
É isso!
Iba Mendes
São Paulo, 2011.
São Paulo, 2011.
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