8/18/2016

Filosofia de Dor


Filosofia de Dor

Fidel Castro, um dos maiores assassinos de todos os tempos completou 90 anos de idade. Em nome “de la Revolución” ele deixou um rastro de sangue que dificilmente se apagará dos anais da História. Estima-se que ordenou mais de 50 mil fuzilamentos, além de assassinatos sem julgamentos, de prisões arbitrárias e desumanas, de perseguições políticas e religiosas etc. Com todo esse histórico pavoroso, ainda assim foi congratulado por influentes líderes políticos ao redor do mundo, dentre os quais “el camarada” Lula, que escreveu: “Parabéns pelos 90 anos de uma vida tão intensa; uma vida que marcou a história de Cuba e de todo o mundo.”

A longevidade de homens cruéis é certamente um dos grandes dilemas à filosofia dos que acreditam no “aqui se faz, aqui se paga”. Como conciliar a justiça divina com as injustiças dos homens? Eis aí um ponto deveras intrigante aos teólogos e pensadores da religião. O sofrimento de pessoas boas confrontado com a boa vida de gente perversa desponta assim como um desafio insuperável aos que creem.

Recentemente uma conhecida cantora evangélica perdeu o filho de 17 anos, vítima de meningite e encefalite herpética. Ao comentar o assunto nas redes sociais, escreveu: “O Senhor deu, o Senhor tomou. Louvado seja o nome do Senhor.”

A necessidade de uma justificativa que conforte a própria fé e que também satisfaça a crença alheia talvez explique este doloroso argumento.  Imaginar que um pai amoroso retire um valioso presente que lhe deu é um tipo de raciocínio que escapa a qualquer premissa lógica. A dor extrema da perda é a única explicação.

Na antiga mitologia grega tal entendimento não causaria qualquer embaraço aos crentes, uma vez que seus deuses eram notadamente vingativos e violentos.  No âmbito específico do Cristianismo, porém, há uma enorme dificuldade em lidar com a questão o sofrimento humano, principalmente quando se leva em conta os atributos de Jesus Cristo, que se caracterizam pelo o amor ao próximo e a compaixão aos sofredores.

Aos que estão imersos neste mar de dor, lançar a culpa em Deus é um ato de puro desespero, que pode ser justificado pela necessidade absoluta de uma mente que crê e que precisa de resposta para não perder a fé; aos que estão de fora, isto é, aos que ainda não foram feridos pelos espinhos da vida, restam zombar das cicatrizes de outrem. As teologias destes não passam de palavras arremessadas ao vento. Sim, pois o raciocínio que não passa pela experiência é inútil e não merece nenhum crédito.  É claro que culpar a Deus não resolve, mas é melhor do que culpar a si mesmo.


É isso! 



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Por: Iba Mendes (Agosto, 2016)

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